O brasileiro Marcos Antônio Abdalla Leite foi o primeiro brasileiro a conseguir espaço na Liga Universitária dos Estados Unidos. Para os brasileiros ele era Marquinhos, um garoto com enorme potencial que no fim dos anos 1960 e começo dos anos 1970 fazia parte da equipe do Fluminense, penta-campeã do Campeonato Carioca. Destacou-se e chegou jovem à Seleção Brasileira, tendo disputado o Pan-Americano de 1971 e as Olimpíadas de 1972.
A performance nos Jogos Olímpicos chamou a atenção de Gary Colson, técnico do time de basquete masculino da Universidade Pepperdine. O pivô brasileiro teve média, nas Olimpíadas, de 16 pontos e 11 rebotes por jogo, incluindo uma espetacular performance de 20 pontos sobre a Seleção Universitária dos EUA.
Gary Colson fez contato e recebeu uma carta afirmando que Marquinhos estava interessado em aceitar o convite e jogar basquete nos EUA, especialmente porque queria estar numa cidade próxima à praia.
Colson então o recrutou para sua universidade, na Califórnia. O Marquinhos dos brasileiros, para os norte-americanos passou a ser o ala-pivô Marcos Leite.
A adaptação não foi fácil, como conta o próprio Marquinhos em entrevista para o blog Viva o Basquetebol, dada em maio de 2011: "nos EUA, a terra do basquetebol, você é um brasileiro, que ninguém conhece nem sabe onde fica seu país, e você está ocupando/“roubando” a bolsa de estudos de um americano; na Pepperdine University, consegui me destacar a custa de muito treinamento e passando por cima de várias coisas, incluindo boicote de vários jogadores. Nos EUA, a situação só mudou depois que eu chamei os jogadores e técnico para uma conversa e esclareci que os americanos tinham ido ao Brasil me buscar e não tinha sido eu que fui pedir para jogar com eles".
Mas ele conseguiu imediatamente deixar sua marca na WCC (West Coast Conference) que era parte da NCAC (North Coast Athletic Conference), uma das conferência da 1ª Divisão da NCAA (National Collegiate Athletic Association). Em sua primeira temporada conseguiu a impressionante marca de 17,3 pontos e 11,1 rebotes de média por jogo.
Seu auge, no entanto, veio na temporada 1975-76, quando teve médias de 19,7 pontos e 11,1 rebotes com o Pepperdine Waves, levando o título da Conferência Oeste e sendo eleito MVP da WCC.
Com o título o Pepperdine Waves, time de basquete masculino da Pepperdine University, avançou para a fase final da Division I da NCAA. Nas quartas de final da NCAC, o Pepperdine Waves venceu por 87 x 77 ao Memphis State (com Marquinhos tendo feito 34 pontos). Posteriormente, na semi-final perdeu por 61 x 70 para a UCLA, que por sua vez venceu a final (82 x 66 sobre Arizona), sendo campeã da NCAC e avançando ao Final Four da Division I da NCAA, no qual a UCLA perdeu na semi-final por 51 x 65 para Indiana. O Pepperdine Waves não se classificavam para a 1ª Divisão da NCAA desde 1962. Em 1976 foi sua 3ª participação na história, só tendo voltado a obter a classificação em 1982. Só esteve 12 vezes na Divion I do Basquete Masculino da NCAA, a última delas em 2002.
De quebra, Marcos Leite foi escolhido MVP da WCC (Costa Oeste da NCAA). Foi a primeira vez que um brasileiro foi escolhido MVP de uma Conferência da NCAA. O prêmio de MVP da WCC foi vencido em 1955-56 por ninguém menos que Bill Russell. Marquinhos, o Marcos Leite, venceu em 1975-76, prêmio que nas três temporadas seguintes (76-77, 77-78 e 78-79) foi conquistado por Bill Cartwright. Outros vencedores deste prêmio que se tornaram grandes nomes da NBA, John Stockton em 1983-84, e o armador canadense Steve Nash, duas vezes em 1994-95 e 1995-96. Um brasileiro só voltou a ganhar um prêmio de MVP de uma conferência da NCAA na temporada 2003-04, quando o pivô Rafael Araújo, o Baby, foi eleito MVP da MWC (Mountain West Conference).
Marquinhos pelo Waves
Na sua carreira universitária, Marquinhos marcou 1.119 pontos (18,7 pontos por jogo) e pegou 638 rebotes (10,6 por jogo). Um desempenho extraordinário. Marcos Leite foi o terceiro maior pontuador e sexto maior reboteiro do time da Universidade de Pepperdine no Século XX. Por isto, entrou para o Hall da Fama do basquete de Pepperdine.
Ele acabou escolhido no Draft da NBA em 1976, como 162ª escolha, recrutado pelo Portland Trail Blazers, equipe a qual nunca chegou a defender. Do basquete universitário norte-americano, ele seguiu para o basquete italiano, por onde Ubiratan já tinha passado antes dele. Mas sua adaptação também não foi fácil, como ele mesmo conta na entrevista já citada: "na Itália foi, basicamente, o mesmo processo. Dentre as 40 equipes da série “A” havia 39 americanos e um brasileiro. Então, dá pra imaginar a dificuldade… Até você começar a jogar e mostrar o seu basquetebol".
Ele também se destacou no basquete italiano antes de voltar ao Brasil, onde obteve maiores sucessos com o time do Sirio. Para o basquete brasileiro, entrou para a história usando seu outro sobrenome, tendo sido eternizado como Marquinhos Abdalla. Sem dúvidas um dos maiores pivôs e maiores jogadores de basquete que o Brasil já teve.
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