O dia 5 de abril de 2022 ficou marcado na memória de Franca e de seu basquete. No intervalo da partida entre o Franca Basquete e o Basquete Unifacisa (vencida pelos francanos por 74 x 65), Hélio Rubens Garcia, ex-jogador e treinador, ídolo da cidade, teve a sua camisa de número 8 aposentada. A cerimônia inicialmente aconteceria em 8 de janeiro no confronto entre Franca e São Paulo, mas devido à alta de casos de coronavírus no período, acabou remarcada.
Aos 81 anos de idade, a lenda francana teve sua camisa aposentada pela equipe do interior paulista, sendo o primeiro jogador a ter sua camiseta imortalizada e eternizada por Franca. Ele antes já havia sido homenageado ao dar o nome ao Centro de Treinamento da equipe. Como jogador, fez sua estreia em 10 de maio de 1959. Foram mais de 800 jogos por Franca, com 10.132 pontos anotados. Aposentou-se em 1981, aos 41 anos, um feito de longevidade espetacular para os padrões da época.
Logo no começo da partida, as homenagens já tiveram início, com os netos de Hélio Rubens entrando em quadra com uma bola personalizada, que levava a assinatura de Hélio. A bola foi utilizada em um "bola ao alto" simbólico e, logo em seguida, entregue também pelos netos para as mãos do homenageado da noite.
No intervalo, a cerimônia principal foi realizada, com a entrega de uma réplica do tradicional uniforme verde, com o número 8, utilizado por Hélio quando ainda atuava. Além disso, também foi revelado de maneira oficial o outdoor em que o número utilizado por Hélio Rubens ficará eternizado no Ginásio do Póli, o Ginasio Poliesportivo Pedro Morilla Fuentes, o Pedrocão, em Franca.
Entre os Anos 1940 e 1950, o jovem Hélio Rubens dividia sua paixão entre o basquete e o futebol. Ele chegou a atuar no futsal, em competições amadoras de futebol e até na Francana, o clube profissional de futebol da cidade, como lateral, zagueiro e volante.
No basquete, construiu a carreira brilhante como armador. A camisa 8 foi utilizada por Hélio Rubens de 1959 a 1983, quando defendeu o Franca Basquete, desde a base, quando ainda era Clube dos Bagres, nome ainda utilizado pela agremiação no início da carreira profissional do armador, até as fases seguintes como Amazonas Franca, Emanuel Franca, e por fim Francana.
A carreira, no entanto, quase não decolou: em 1966, com o basquete ainda amador no país, Hélio optou por abandonar o esporte e virou funcionário do Banco do Brasil na cidade de São Paulo. Mas para a felicidade do basquete nacional, a decisão foi revertida não muito tempo depois (6 meses) com uma proposta para atuar sendo remunerado que o fez regressar a Franca.
No basquete ele se destacou pela força defensiva, oriunda de sua extrema força de vontade, pois com 1,85m, o armador compensava com muita garra o que lhe faltava no físico. Em quadra marcou uma época no basquete nacional na equipe que reunia também seus irmãos: Fransérgio pegou a camisa 6, Toto a 7 e Hélio a 8, e por isto os três ficaram conhecidos como os "Irmãos Metralha", personagens das histórias em quadrinho que figuravam com esta sequência de números em seu uniforme de presidiários.
A camisa 8 acabou assumida no comecinho da correira, por volta de 1962, e foi carregada com um símbolo, acompanhando Hélio Rubens durante toda sua carreira, seja jogando por Franca, pelo Palmeiras (no curto período em que defendeu o clube), pela Seleção Paulista e pela Seleção Brasileira.
Hélio Rubens entrando em quadra com o filho, ainda menino,
Helinho, também armador de Franca e da Seleção Brasileira,
e também técnico, como Helinho Garcia
Como jogador, Hélio Rubens disputou três Campeonatos Mundiais com Seleção Brasileira, ficando com a terceira colocação no Uruguai, em 1967, e nas Filipinas, em 1978, e sendo vice-campeão na Iugoslávia, em 1970. Foi ao lugar mais alto do pódio com a conquista da Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1971 e nos Campeonatos Sul-Americanos de 1968, 1971, 1973 e 1977. Também esteve presente em dois Jogos Olímpicos: Cidade do México 1968, e Munique 1972).
Pelo Franca, foi Pentacampeão Brasileiro (1971, 1974, 1975, 1980 e 1981), Tetracampeão Paulista (1973, 1975, 1976 e 1977), ganhou 12 vezes o título do interior, foi Tetracampeão Sul-Americano (1974, 1975, 1977 e 1980) e foi duas vezes vice-campeão Mundial (Copa Interconrinental), em 1975 e em 1980. Uma carreira fenomenal.
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