O Basquete Cearense fez história numa noite de terça-feira, 10 de março de 2015. Atuando ao lado de sua calorosa torcida, no Ginásio Paulo Sarasate, em Fortaleza, no Ceará, o time nordestino consolidou sua invencibilidade e se sagrou campeão da quarta edição da Liga de Desenvolvimento do Basquete (LDB). Na decisão, o esquadrão dirigido pelo técnico Espiga venceu o Flamengo, por 63 a 58, e, de maneira invicta, conquistou o título do maior campeonato de base do basquete brasileiro, com 28 vitórias em 28 jogos. Uma soberania incontestável e inédita.
O time da capital do Estado do Ceará deu o primeiro título de um campeonato organizado pela Liga Nacional de Basquete (LNB) a um time da Região Nordeste do Brasil. Criado em 2012, o Basquete Cearense participou da LDB pela segunda vez e faz parte do quadro de equipes do NBB desde a temporada 2012/2013.
Davi Rossetto, o grande nome da campanha
A final foi duríssima. Em quatro minutos de jogo, o Flamengo conseguiu abrir dez pontos de frente. Primeiro, Rodrigo Lopes converteu duas bolas de três praticamente seguidas e a equipe começou sua arrancada. Depois, Diego Marques e Mingau apareceram bem e a vantagem carioca chegou a 14 x 4. Incomodado com a pouca produtividade de seu time, o técnico Espiga resolveu parar o jogo precocemente, e deu resultado. Sem deixar o time carioca pontuar por mais de quatro minutos, a equipe da casa passou a ter mais tranquilidade para atacar e, com destaque para Taddei, conseguiu cortar a diferença no placar para cinco pontos (18 x 13) ao final do primeiro quarto.
O nível técnico dos ataques caiu no segundo quarto. A queda de rendimento das duas equipes ocorreu por conta das fortes defesas apresentadas dos dois lados da quadra. Com mais paciência para atacar, o time da casa contou com duas bolas de três pontos certeiras de Lucas Lima e, pouco a pouco, foi encostando no placar.
Alexandre, campeão com o Flamengo do LDB 2011-12
campeão com o Basquete Cearense do LDB 2014-15
A marcação foi a marca do segundo quarto e os erros de ataque também. A pontuação foi escassa até metade do período. Espiga sacou Davi Rossetto e mandou Betinho ao ataque, que infernizou a vida do armador rubro-negro Caíque. Os donos da casa reduziram a vantagem a cinco minutos do fim (20 x 19). O Flamengo tentava deslanchar no placar, mas duas cestas de três de Lucas fizeram com que os donos da casa encostassem. Poucos segundos antes da pausa para o intervalo, Davi converteu dois lances livres e colocou a equipe nordestina pela primeira vez em vantagem (27 x 26).
Na volta dos vestiários, o Flamengo rapidamente recuperou a liderança. As duas equipes voltaram para o segundo tempo mais incisivas ao ataque. Uma cesta de três de Léo recolocou o Flamengo à frente (35 x 33) na metade do quarto. Com uma forte defesa e o domínio total dos rebotes, a equipe do técnico Paulo Chupeta conseguiu pontuar seguidas vezes em contra-ataques e abriu seis pontos de frente (39 x 33). Foi aí que a estrela do maestro Davi Rossetto reapareceu. Com sete pontos em sequência, Davi recolocou o time de branco à frente (40 x 39). A torcida se inflamou. Os erros de Cristiano Felício no ataque deram a oportunidade dos cearenses irem com vantagem para o último período (45 x 41). Com belas jogadas individuais, Davi carregou a defesa flamenguista de faltas, foi impecável nos lances livres (9 acertos em 9 tentativas) e foi fundamental para a equipe da casa marcar 12 pontos contra apenas dois dos rivais na reta final do terceiro quarto.
Lucas Lima, fruto da produção de novos talentos no Nordeste
Dois minutos. Esse foi o tempo que o Basquete Cearense precisou para aumentar sua vantagem para dez pontos (53 x 43), obrigando o técnico flamenguista Paulo Chupeta a parar o jogo. As arquibancadas do Ginásio Paulo Sarasate estavam em polvorosa. Depois do tempo pedido por seu treinador, o Flamengo até chegou a esboçar uma reação, mas Davi converteu duas bolas de três pontos praticamente iguais e deixou os cearenses com uma diferença confortável (59 x 52), com dois minutos para o fim.
Um história que certamente poderia ser roteirizada para o cinema. O protagonista, Davi Rossetto, comandado pelo mestre Flávio Soares, o Espiga. Victor Gusmão, mesmo sem poder atuar no ato final, substituído de forma brilhante por Taddei. Erick Camilo, Suallison, Rômulo e os demais certamente serão lembrados pelo 10 de março de 2015. Foram 28 atos. 28 jogos duríssimos até a final da LDB. Algumas mais tranquilas, outras nem tanto. Após último estouro do cronômetro, em Fortaleza, a torcida cearense desentalou o grito de campeão em um torneio nacional de basquete. Um título inédito conquistado sobre um adversário gigante, o Flamengo, campeão da edição anterior, que passou a faixa. Vitória emocionante do Basquete Cearense por 63 a 58.
É campeão!
O grande destaque da vitória que deu o histórico título aos comandados de Espiga foi o armador Davi Rossetto. Cestinha do jogo, com 29 pontos, sendo 20 deles no segundo tempo, o jogador chamou a responsabilidade e foi eleito o MVP (Jogador Mais Valioso) da Final.
“Esse título começou há dois anos e meio quando o Basquete Cearense foi criado e alguns jogadores até então desacreditados vieram para cá. Trabalhamos muito durante este tempo todo e espero que esse título não seja o fim e sim o começo de uma grande história do basquete no Nordeste do país”, disse Davi Rossetto.
Substitutos de Victor Gusmão, que sofreu um estiramento de grau dois na virilha, durante a semifinal contra o Pinheiros, os alas/armadores Lucas e Taddei também tiveram boa participação e deixaram a quadra com 11 pontos cada.
“Esse time me dá muita coisa, mas ao mesmo tempo sei que eles esperam algo de mim. Fizemos um jogo interessante e no segundo tempo senti que precisava chamar a responsabilidade. Ainda mais que não tínhamos o Victor. Mas não fiz nada a mais do que meu papel e estou muito feliz que deu tudo certo. Esse grupo é muito profissional. Todos aqui abriram mão do ego em prol do grupo. Trabalhamos muito duro todos os dias até chegar nesse momento maravilhoso. Espero que esse título seja um divisor de água na história do Basquete Cearense e, que a partir de agora, essa equipe só vise títulos no futuro”, afirmou Davi.
Davi, o MVP da Final
A diretoria da equipe do Ceará apostou na molecada e proporcionou a esses jogadores um ganho de experiência muito grande para a temporada. Primeiro, o Basquete Cearense foi convidado pelo Lins Basquete para disputar o Campeonato Paulista, a competição estadual mais forte do país. Depois, boa parte desse elenco da LDB atua de forma constante na equipe principal que atua no NBB. A bagagem conquistada fez toda a diferença na hora de disputar a competição sub-22.
“O Alberto Bial (técnico da equipe principal) acreditou muito nisso. Desde o começo da temporada, ele colocou a maior confiança nessa garotada e eles corresponderam se comprometendo com o projeto. Eles sentiram quão importante eles seriam para o sucesso do time sub-22 e do NBB”, analisou o técnico da equipe na LDB, Espiga.
O objetivo de chegar à final consumiu à equipe. Mas o trabalho de conquistar uma vitória de cada vez não deixou com que eles perdessem o foco em nenhum momento. Agora, depois de todo o esforço, Davi, Espiga, Bial e o estado do Ceará inteiro podem dizer, com todos os méritos, que eles são os primeiros campeões invictos da história da Liga de Desenvolvimento.
Basquete Cearense, Campeão do LDB 2014-2015
Quase com lágrimas nos olhos, sem saber por onde começar a falar e repetindo constantemente "Que jogo foi esse, hein!?", Espiga parou para dar entrevista em meio à comemoração de seus atletas do Basquete Cearense.
- Provamos que o basquete pode render frutos aqui no Ceará, que trata tão mal nosso esporte. Não tínhamos praticamente repercussão. O Basquete Cearense conseguiu mudar parte desse cenário e isso fez cm que acreditássemos nesses meninos. E déssemos mais esperança a eles de poder vencer como jogadores - desabafou.
É festa no Nordeste! É história para o basquete brasileiro!
Alternando uma fala com um abraço ou até mesmo um banho de água com gelo, Espiga ainda creditou o sucesso ao trabalho de base desenvolvido e ao fato de que o elenco é 70% cearense, nordestino.
Houve espaço ainda para homenagear o técnico do time principal, Alberto Bial, que vem liderando o projeto da equipe no estado do Ceará.
- Eu não podia encerrar a minha fala sem agradecer ao Alberto Bial. Ele foi responsável por estarmos aqui hoje. O tanto que ele nos tem ajudado não é nem possível descrever - encerrou Espiga.
Espiga, o técnico campeão
1º Circuito, em Curitiba
77 x 51 Grêmio Náutico União (RS) / 64 x 55 Minas Tênis Clube (MG) / 76 x 45 Clube Tittãs (PR) / 76 x 57 Basquete Curitiba (PR) / 77 x 50 Blumenau (SC) / 81 x 44 Basquete Joinville (SC)
2º Circuito, em Recife
62 x 60 Bauru (SP) / 82 x 67 Flamengo (RJ) / 79 x 57 Macaé (RJ) / 69 x 53 Tijuca Tênis Clube (RJ) / 82 x 68 Franca (SP) / 61 x 45 Botafogo (RJ)
3º Circuito, em Uberlândia
62 x 56 UniCeub Brasília (DF) / 71 x 68 Sport Recife (PE) / 82 x 57 Anápolis (GO) / 68 x 57 Uberlândia (MG) / 88 x 56 Náutico (PE)
4º Circuito, em Mogi das Cruzes
64 x 59 Paulistano (SP) / 100 x 43 Taubaté (SP) / 98 x 43 Campineiro de Regatas (SP) / 81 x 72 Limeira (SP) / 62 x 54 Pinheiros (SP) / 74 x 72 Mogi (SP)
2ª fase, Quadrangular em São Paulo
68 x 43 Pinheiros (SP) / 68 x 47 Paulistano (SP) / 59 x 54 Flamengo (RJ)
Quadrangular Final, em Fortaleza
59 x 52 Pinheiros (SP) / 63 x 58 Flamengo (RJ)
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