Matéria do jornal argentino El Diário: "A grande mudança começou em Paraná".
30 de abril de 1983: duas dezenas de clubes de distintos pontos da Argentina se reuniram na capital de Entre Rios para iniciar a transformação do basquete nacional. Naquele conclave foi assinada uma ata que ficou conhecida como "Declaração de Paraná". Foi uma reunião decisiva para a formação da Associação de Clubes e a posterior Liga Nacional.
Os Impulsionadores: Orlando Butta e León Najnudel, aqui reunidos naquele abril de 1983
A cidade de Paraná tem um lugar muito importante na história do basquete argentino, em especial na transformação do amadorismo para o profissionalismo. Na capital da província de Entre Rios se levou adiante uma reunião que marcou o início de uma era que ao início gerou muitas dúvidas, incógnitas e medos, mas que representou o passo vital para provocar uma mudança muito aguardada.
Foi em um sábado, 30 de abril de 1983, naquele dia foi assinada a ata denominada Declaração de Paraná, a pedra fundamental para a criação da "Asociación de Clubes (AdC)", a entidade que serviria para reorganizar as competições do basquete argentino.
Quase dois anos depois daquela reunião no Paraná, em uma sexta-feira, 26 de abril de 1985, começava a ser jogada a primeira edição da Liga Nacional Argentina, a estruturação esportiva que mudou a história do basquete do país.
Para muitos, a Liga Nacional foi o principal pilar para que a Argentina anos depois viesse a se transformar numa potência do basquete mundial, vice-campeã Mundial em 2002, Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de 2004, e uma geração inteira de jogadores atuando na NBA e em equipes de ponta da Europa. Na história desta transformação, a Declaração do Paraná foi um acontecimento vital.
Os motivos: León David Najnudel foi quem chegou da Europa com uma proposta para mudar as competições nacionais argentinas. Ao começo, aquela idéia não teve muitos adeptos, muito pelo contrário, foi recebida com desprezo geral. Junto a um grupo de fiéis colaboradores, Najnudel começou a trabalhar para convencer a todos sobre a necessidade de verdadeiramente federalizar as competições, dar-lhes uma escala nacional, descentralizar, tirar a concentração em Buenos Aires e entornos.
No ano de 1982 já se falava de uma possível mudança na estrutura do basquetebol argentino. No entanto, faltava consenso e uma maior liderança convocatória para lhe dar um empurrão necessário. No Campeonato Argentino que estava sendo disputado em Formosa, em março de 1983, Orlando "Chungo" Butta, dirigente do Echagüe e um dos que apoiou a mudança, aproximou-se de León Najnudel e lhe preguntou: “E agora? Como seguimos?”. Najnudel lhe respondeu: “Agora temos que unir os clubes”.
Butta rapidamente acrescentou: “Bom, eu faço a reunião”. Chungo não só se encarregou de definir data e hora para um novo conclave, como convidou todos seus pares para uma viagem até a cidade de Paraná.
O encontro: aquele 30 de abril de 1983, graças à determinação de Butta, na capital de Entre Rios, fizeram-se presentes dirigentes de 28 clubes, os quais debateram e discutiram sobre um novo formato para todo o basquete nacional.
Aquele conclave, que posteriormente foi chamado de Declaração do Paraná, foi a pedra fundamental de criação da Associação de Clubes (AdC). Butta, junto a "Yoyo" Cavallero, ao técnico Horácio Juan Seguí e ao jornalista Osvaldo Orcasitas, conhecido repórter da revista El Gráfico, acompanharam Najnudel na difícil tarefa de convencer aos demais de fazer uma total reestruturação do basquete no país.
Após algumas horas de debates profundos, decidiu-se confeccionar aquelas idéias na “Ata da reunião de representantes de clubes do país com o objetivo de fazer uma reorganização nacional das competições”, tal qual ficou intitulada a nota apresentada a todos.
Com isto, a Liga Nacional Argentina já estava em marcha. Mas como seria jogada? Ela estaria dividida em três níveis: "Liga Nacional A", "Liga Nacional B" e "Primeira Regional".
Segundo foi relatado: “A Liga A estará integrada por 16 equipes da Capital Federal, Buenos Aires, Córdoba e Santa Fé, a Liga B tentaria ser integrada por 48 clubes, divididos em zonas geográficas: Capital Federal, Buenos Aires, Córdoba e Santa Fé, Tucumán, Santiago del Estero, Chaco, Corrientes e Entre Rios. Da Primeira Regional poderiam participar todos aqueles clubes que tivessem interesse em fazer parte de uma competição regional”.
León Najnudel foi o criador da Liga Nacional e Paraná foi a cidade onde se deu o salto inicial de apoio a esta iniciativa.
A ata e seus fundamentos:
1) “O sistema vigente, sem a possibilidade de uma grande competição nacional, não cumpre com sua função primordial, que é nutrir aos jogadores com os elementos necessários para sua evolução esportiva”.
2) “Uma competição que gere permanente interesse e grande atração de público através de confrontos entre equipes que proporcionem campeonatos equilibrados em força”.
3) “Que longe de ir em detrimento da economia dos clubes, o que se pretende é se chegar a um melhoramento geral de suas finanças”.
4) “Que o aperfeiçoamento da competição interna resultará na elevação ao máximo objetivo buscado: um maior nível técnico da Seleção Argentina”.
Daquela reunião em 30 de abril de 1983 fizeram parte dirigentes dos seguintes clubes: Club Atlético Constitución (Villa Constitución), Almagro de Esperanza, Ferro Carril Oeste, General Paz Juniors de Córdoba, Atenas de Córdoba, San Lorenzo de Almagro, Asociación de Santa Elena, Recreativo Sport Club, Asociación Española de Córdoba, 9 de Julio de Rio Tercero, Rosário Central, Boca Juniors, Lanus, Firmat Football Club, Peñarol de Mar del Plata, Círculo de Suboficiales de la Policía Federal de Buenos Aires, Estudiantes de Bahía Blanca, Pinocho de Buenos Aires, Unión de Santa Fé, Unión Progresista Villa Ángela, River Plate e os clubes paranaenses de Echagüe, Sionista, Estudiantes, Recreativo, Quique, Ciclista e Rowing Talleres.
Fonte: Jornal El Diário
(http://www.eldiario.com.ar/diario/deportes/nota.php?id=4397)
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