A campanha que o time de Mogi das Cruzes fez no NBB 2013-2014 foi a mais surpreendente dentre todas as realizadas nas 6 primeiras edições do Novo Basquete Brasil. Principalmente porque o elenco tinha o 4º menor orçamento detre as 17 equipes que jogaram a temporada 2013-2014. O time se classificou apenas em 12º lugar na fase regular, tendo lutado até o fim pela vaga contra o Macaé que, com uma derrota a mais, acabou terminando em 13º. Na 1ª fase o time de Mogi teve 14 vitórias e 18 derrotas. O basquete brasileiro inteiro dava com certa a eliminação nas oitavas de final, quando o Mogi teria pela frente o Pinheiros, 5º lugar com 20 vitórias e 12 derrotas. Mas era hora daquele grupo provar que podia mais!
Méritos da equipe toda, mas o grande mentor da reviravolta foi o treinador Paco Garcia. Um sucesso que foi resultado da estratégia que o basquete brasileiro vinha tentando havia algumas temporadas: fazer uma renovação de idéias táticas e estratégicas no jogo praticado no país.
Francisco "Paco" Garcia é natural de Valladolid, na Espanha. Em seu país, treinou Valladolid, Palencia, Burgos, Breogán, Tenerife, Lleida e Ourense. No começo da carreira, foi assistente de Ary Vidal no Murcia, na única experiência do treinador brasileiro na 1ª divisão da Liga Espanhola. Em 2011, em sua primeira experiência no exterior, treinou a Seleção da República Centro-Africana. Antes da chegada a Mogi, Paco estava trabalhando nas categorias de base do Club Deportivo Lourdes, de Valladolid. No meio de 2012 foi contratado pelo Mogi.
Francisco "Paco" Garcia é natural de Valladolid, na Espanha. Em seu país, treinou Valladolid, Palencia, Burgos, Breogán, Tenerife, Lleida e Ourense. No começo da carreira, foi assistente de Ary Vidal no Murcia, na única experiência do treinador brasileiro na 1ª divisão da Liga Espanhola. Em 2011, em sua primeira experiência no exterior, treinou a Seleção da República Centro-Africana. Antes da chegada a Mogi, Paco estava trabalhando nas categorias de base do Club Deportivo Lourdes, de Valladolid. No meio de 2012 foi contratado pelo Mogi.
A experiência com treinadores estrangeiros sempre recebeu muitas críticas no meio basquetebolístico brasileiro. Mas desde 2008, frente a limitados resultados em âmbito internacional, o basquete brasileiro tentou fazer uma renovação de idéias. Neste ano, a Seleção Brasileira contratou pela primeira vez na história um treinador estrangeiro, o espanhol Moncho Monsalve. Também em 2008 se iniciou uma série de experiências em clubes, com o argentino Carlos Romano, que foi treinador do time de Uberlândia no 1º semestre (na Liga Nacional) e do Rio Claro no 2º semestre (no Campeonato Paulista). Em 2010, a Seleção Brasileira trocou o espanhol Moncho Monsalve pelo argentino Ruben Magnano. Na temporada 2010-2011 do NBB, dois estrangeiros aportaram por aqui, ambos também vindos da Argentina, Néstor "Che" Garcia assumiu o Minas e Gonzalo Garcia assumiu o Flamengo, onde ficou por duas temporadas. Na temporada 2011-2012, além de Gonzalo no Flamengo, um outro treinador estrangeiro aportou em solo brasileiro, Miguel Volcán, do Uruguai, que assumiu o time de Uberlândia, onde não ficou nem por uma temporada inteira. A temporada 2012-2013 chegou então com a tendência de aposta em treinadores vindos da Espanha, chegaram Paco Garcia, ao Mogi, e Arturo Alvarez, ao Palmeiras. O treinador palmeirense não aguentou a temporada inteira no cargo, mas já a diretoria de Mogi das Cruzes decidiu apostar na renovação de contrato de Paco, apesar da posição não muito positiva na tabela ao fim de sua primeira temporada. E ele que sequer era o estrangeiro mais badalado da temporada, já que os holofotes recaíam sobre Sérgio Hernández, argentino contratado para estar a frente do time do UniCeub/Brasília, com uma dos maiores orçamentos da liga.
Dentro da linha de renovação técnica e tática da aposta em treinadores estrangeiros, Paco Garcia certamente foi quem deu a maior contribuição entre todos.
Dentro da linha de renovação técnica e tática da aposta em treinadores estrangeiros, Paco Garcia certamente foi quem deu a maior contribuição entre todos.
O time de Mogi tinha jovens promessas, como os armadores Gustavinho e Jéfferson Campos, o ala Pedro Patekoski e o ala-pivô Thomas Gehrke. Jogadores rodados, como Ted Simões, Guilherme Filipin, Daniel Alemão e Sidão Santana. Jogador com passagem pela Seleção Brasileira, como o ala Marcus Toledo. Além dos norte-americanos Jason Smith (irmão de Joe Smith, do Pinheiros) e Jeff Agba (ex-Bauru e Minas). No início da temporada, saiu o jogador mais badalado que Paco tinha tido a sua disposição na temporada anterior, o pivô Rafael Araújo, o "Babby", ex-NBA, com passagens por Utah Jazz e Toronto Raptors, e que já tinha experimentado o gosto de ter sido campeão do NBB e de ter sido escolhido para o "Quinteto Ideal", quando defendeu o Flamengo. Babby trocou o Mogi pelo Pinheiros, mas Paco Garcia encontrou seus meios para que sua saída não fizesse falta.
O time titular na temporada 2013-14 foi formado por Gustavinho, Jason Smith, Guilherme Filipin, Marcus Toledo e Jeff Agba. O sexto jogador era Ted, e o banco de Paco Garcia anda contava com Jéfferson Campos, Pedro Patekoski, Thomas Gehrke, Daniel Alemão e Sidão Santana, com seus 2,15 metros.
Nas oitavas de final, o time de Mogi aprontou sua primeira surpresa. Como 12º colocado na fase regular, enfrentou o Pinheiros, do pivô Babby, ex-Mogi, de Joe Smith, irmão de Jason Smith, e do treinador Cláudio Mortari, um dos mais exerientes no cenário nacional.
Os dois primeiros jogos foram em São Paulo, o time do Pinheiros se aproveitou da condição de mandante e venceu o primeiro por 85 x 82. No segundo, Mogi mostrou que queria surpreender, vencendo por 90 x 77. A disputa foi para Mogi das Cruzes, e o time local venceu por 85 x 81 e fez 2 x 1. O 4º jogo era a chance de fechar a série, e Mogi não desperdiçou, venceu por implacáveis 86 x 68 e fechou a série em 3 x 1.
A disputa de Oitavas de Final se iniciou na edição 2009-2010 do NBB, a segunda edição do Novo Basquete Brasil. Assim como na primeira edição, os play-offs não apresentaram nenhuma surpresa, com as equipes de melhor campanha na 1ª fase sempre avançando. Na temporada 2010-11, nenhuma surpresa nestas fases também, só na semi-final e na final, quando o Brasília (3ª melhor campanha) superou Pinheiros (2º) na semi-final e Franca (1º) na final. A primeira surpresa nas oitavas aconteceu no NBB 2011-12, quando o Franca (10º lugar) fez 3 x 0 no Paulistano (7º lugar). E Brasília (3º lugar) repetiu a dose, vencendo Pinheiros (2º lugar) na semi-final e São José (1º lugar) na final.
A edição 2012-13 também teve poucas surpresas neste aspecto: nas oitavas, o Paulistano (9º) fez 3 x 2 no Basquete Cearense (8º), e nas quartas, o São Jose (7º) foi o responsável pela maior surpresa das 5 primeiras edições do NBB, eliminando o UniCeub/Brasília (2º) com um 3 x 2. Foi então a vez de Mogi das Cruzes superar o título de maior surpresa no 6º NBB. Mas o time do espanhol Paco Garcia queria mais.
Depois de superar Pinheiros nas oitavas, o adversário nas quartas era o Winner/Limeira, dono da 4ª melhor campanha da fase regular. Os dois primeiros jogos em Limeira terminaram com duas vitórias do Winner, por 97 x 82 e depois por 83 x 72. A fatura parecia liquidada! Mas em Mogi, a série foi empatada, com 88 x 81 e 72 x 60, ficando empatada em 2 x 2 e com Mogi viajando para decidir em Limeira. E conseguiram uma vitória heróica! Ganhou por 75 x 70 e fez o que parecia ser um milagre: do 12º lugar direto para a semi-final. Agora, pela frente estava o Flamengo, time de melhor campanha na fase regular.
O time viajou ao Rio de Janeiro, perdeu o primeiro jogo por 88 x 82, mas conseguiu arrancar uma vitória heróica no segundo, com ginásio absolutamente lotado pela torcida do Flamengo, vencendo por 69 x 65. Viriam dois jogos em Mogi e o sonho de alcançar o impensado! A torcida de Mogi esgotou os ingressos em apenas um dia de vendas. Mas o experiente time do Flamengo não deixou o milagre se materializar, venceu os dois jogos (80 x 78 e 79 x 71) e fechou a série em 3 x 1. Mas o orgulho da torcida de Mogi em nada se abalava. Uma campanha histórica!
A prova definitiva do diferencial Paco Garcia
No fim da temporada 2013-14 o Mogi, com seu orçamento limitado, não conseguiu evitar o avanço de equipes com projetos economicamente mais forte a seu elenco, valorizado após a surpreendente campanha.
O Pinheiros levou um "pacotão": Jason Smith, Jéfferson Campos, Ted Simões e o principal nome do time, Marcus Toledo, seguiram para fazer pate do time do Pinheiros na temporada 2014-15. E a equipe da capital paulista teria a Marcel de Souza como treinador. O ex-craque da Seleção Brasileira nos Anos 1970 aos Anos 1990 havia sido um dos maiores críticos das experiências do basquete brasileiro com técnicos estrangeiros.
Mogi precisou remontar a equipe praticamente inteira para a temporada seguinte, e com um orçamento ainda restrito. O grupo manteve somente Gustavinho, Guilherme Filipin e Thomas Gehrke. Mas fez boas contratações, ainda que pontuais, e montou um bom quinteto titular: Elinho Corazza, Shamell Stallworth, Guilherme Filipin, Tyrone Curnell e Paulão Prestes.
O resultado ao final da temporada 14-15 foi extremamente simbólico: na temporada regular o Mogi terminou em 4º lugar e o Pinheiros em 7º lugar. E os pinheirenses ainda caíram logo nas oitavas de final, perdendo a série para o Brasília (10º na temporada regular), e terminando o campeonato em 11º lugar. Já o time de Paco Garcia, mesmo sendo todo reformulado, chegou pela segunda vez consecutiva à semi-final da Liga Nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário