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terça-feira, 2 de maio de 2017

Os 10 maiores da história da Liga Espanhola de Basquete

O texto abaixo é do jornalista espanhol Antonio Rodríguez, escrito em 5 de julho de 2013 no Portal Liga Endesa (www.espacioligaendesa.com).

À tradução do texto original foram acrescentadas as carreiras de cada um destes dez notáveis jogadores.

Houve uma época na qual a Liga Espanhola parecia ter adjetivo. Era etiquetada como “a Liga de...” quando se conseguia uma contratação de impacto. Certas ocasiões, o que se contratava era o “anti-...”, porque a estrela, de forma mais humilde, havia crescido desde as categorias de base, dentro de suas fronteiras. Sempre se qualificava cada temporada de alguma forma, como selo de distinção, como uma busca de uma identidade própria a esta sequência de rodadas que nos preparávamos para encarar.

Os tempos mudaram, e não há muito as grandes contratações que atiçavam a competição (os tentáculos da NBA são amplos), nem com o basquete moderno, as rotações e o jogo mais polivalente de hoje em dia, consegue-se este magnetismo de alguns anos atrás. Ainda assim, isto não quer dizer que a Liga Espanhola atualmente seja carente de jogadores carismáticos que arrastam multidões de fãs. Estes símbolos de hoje mantém a essência daqueles tempos. Houve jogadores que marcaram como uma tatuagem, que davam um título à liga. Quais os mais dominantes da história? Houve jogadores que por si só condicionavam o jogo de seus times, tudo girava em torno deles, mesmo que não fossem os mais destacados nos números individuais. Carlos Jiménez, Andre Turner, Corny Thompson, Joe Arlauckas, os Smith, Elmer Bennett... muitos. Tentando fazer um ranking, limitando a 10, os mais dominantes da história da Liga Espanhola:

1. ARVYDAS SABONIS
O gigante lituano talvez tenha sido o mais dominante estatisticamente na história, e mito provavelmente quem exerceu maior domínio sobre seus rivais. Sem títulos nos três anos que permaneceu no Valladolid e com eles nos três anos seguintes no Real Madrid (duas Ligas e uma Copa do Rei). Forçava a duplas, triplas marcações, e não permitia que ninguém chegasse à cesta comodamente. Seu domínio na zona pintada (o garrafão) foi descomunal. Seus números, conforme passam os anos, assustam ainda mais. Seus 2,20 metros eram uma muralha inexpugnável, acrescido de muita técnica.

Carreira: 1981–1989 Zalgiris Kaunas (Lituânia); 1989–1992 Valladolid (Espanha); 1992–1995 Real Madrid (Espanha); 1995–2001 Portland Trail Blazers (NBA); 2001–2002 Zalgiris Kaunas (Lituânia); 2002–2003 Portland Trail Blazers (NBA); e 2003–2005 Zalgiris Kaunas (Lituânia)



2. AUDIE NORRIS
Norris foi outro claro exemplo de busca por um “anti-”, igual a Sabonis. Sua ascensão no Barcelona e sua chegada no verão de 1987 causaram um grande impacto. Com ele, o Barcelona, campeão vigente, conseguiu, com sua presença, três títulos mais. Muitos poucos competiram como ele, quase ninguém teve sua categoria no garrafão, dando assistências e anotando pontos. Seu jogo de pés e sua explosão física, apesar de seus joelhos de cristal, são uma lenda nos arredores do Palau Blaugrana (Palácio Azul-Grená, em catalão).

Carreira: 1978-1982 Jackson State University (EUA); 1982-1985 Portland Trail Blazers (NBA); 1985-1987 Benetton Treviso (Itália); 1987-1993 Barcelona (Espanha); e 1993-1994 Nikas Peristeri (Grécia)



3. DRAZEN PETROVIC
Quique Villalobos dizia que o Real Madrid sentia, com a presença de Petrovic, que não podia perder jogos. “Se chegássemos empatados no final, Drazen faria uma cesta ou forçaria uma falta para converter os lances livres”. Os cerca de trinta e tantos pontos por jogo quase sempre assegurava, e os rivais se desconcertavam sabendo que ali estava uma arma ofensiva tão mortal. Está bem que não ganhou a Liga de 88-89, mas só por sua presença, pela impotência que provocava aos rivais, deve estar nesta lista sem margem a discussão.

Carreira: 1979–1983 Sibenka (Croácia); 1984–1988 Cibona Zagreb (Croácia); 1988–1989 Real Madrid (Espanha); 1989–1991 Portland Trail Blazers (NBA); e 1991–1993 New Jersey Nets (NBA)



4. LUIS SCOLA
Nesta menção seria injusto colocar Scola sozinho. Tem que estar de mão dada a seu compatriota Pablo Prigioni. Ambos sim eram capazes de mudar a dinâmica de uma partida. A escolha é pelo pivô argentino por ser quem culminava os pontos nesta dupla. Luis Scola chegou como um mulecote em 1999 a Vitória, ali se criou e no Tau Cerámica ganhou títulos, tanto da Liga como da Copa do Rei. O maior mestre dos tocos. Seus movimentos de pivô eram grandiosos, seu jogo de pés de uma velha escola quase que já extinta. Luis foi único.

Carreira: 1995-1998 Ferro Carril Oeste (Argentina); 1998-2000 Gijón (Espanha); 2000-2007 Tau Cerámica Baskonia (Espanha); 2007-2012 Houston Rockets (NBA); 2012-2013 Pheonix Suns (NBA); 2013-2015 Indiana Pacers (NBA); 2015-2016 Toronto Raptors (NBA); e 2016-2017 Brooklyn Nets (NBA)

Luis Scola observado por Pablo Prigioni


5. DEJAN BODIROGA
Bodiroga chegou para culminar a etapa mais gloriosa do basquete do Barcelona. Foi apresentado à sociedade da Espanha num Torneio de Natal com o Stefanel Trieste, muito jovenzinho, e ali se viu lenha para dominar a Europa. Aquele garoto tão especial aterrizou em Madrid por dois anos, mostrando sua grande classe, e outros dois no Palau Blaugrana para lhes fazer ganhar os três troféus disputados em 2003, incluindo a maldita Euroliga, que até então havia resistido aos azul-grenás. Dejan Bodiroga foi dos que criam escola, porque veio da melhor escola, sob a tutoria de Asa Nikolic.

Carreira: 1989-1990 Proleter Zrenjanin (Sérvia); 1990-1992 Zadar (Croácia); 1992-1994 Trieste (Itália); 1994-1996 Olimpia Milano (Itália); 1996-1998 Real Madrid (Espanha); 1998-2002 Panathinaikos (Grécia); 2002-2005 Barcelona (Espanha); e 2005-2007 Virtus Roma (Itália)



6. FERNANDO MARTÍN
Raça, espírito, santo e senha de um clube até tornar-se, por sua desgraçada e prematura morte, um mito. Fernando Martín era o ícone branco nos três títulos do Real Madrid nas primeiras campanhas da recém criada Liga Espanhola. Devemos lembrar de um espírito vencedor quase doentio, este era Fernando Martín. Sua frieza, seu gancho em suspensão e sua forma de correr pela quadra num contra-ataque, para seus 2,05 metros de altura, foram uma marca a qualquer fã do basquete, independente da cor branca de seu uniforme. Uma lenda.

Carreira: 1980-1981 Estudiantes (Espanha); 1981-1986 Real Madrid (Espanha); 1986-1987 Portland Trail Blazers (NBA); e 1987-1989 Real Madrid (Espanha)



7. JUAN ANTONIO SAN EPIFANIO
Não podemos mencionar a Fernando Martín sem mencionar a Juan Antonio San Epifanio. Sob sua influência o Barcelona se sustentou durante muitos anos. Epi era o espírito do trabalho para resumi-lo de uma forma: recebendo a bola, criando suas próprias situações. Melhor jogador europeu em 1984, com ele se pôde ver o valor de um arremessador autêntico, de potência descomunal em suas pernas, que o faziam subir para um arremesso mais rápido e mais alto que os rivais. Por isto foi imparável. Muitas glórias do esporte foram escritas por suas mãos.

Carreira: 1974-1993 Barcelona (Espanha)



8. PAU GASOL
Seu domínio durou apenas um ano. Mas que domínio! Como era possível parar a aquele garoto de 2,15 metros, capaz de fazer uma cesta de ponta a ponta, de arremessar um suspensão, de fazer cestas? Aquele magro Pau ainda não tinha a potência física para decidir dentro do garrafão como fazia na NBA. No entanto, tudo que fazia era com elegância, dando um bote e com um gancho em suspensão feito de tão em cima... Sua maldita doença que o afastou quase dois meses das quadras, acabou com as possibilidades para o título europeu. De resto, conseguiu tudo quando quis e como quis.

Carreira: 1999-2001 Barcelona (Espanha); 2001-2008 Memphis Grizzlies (NBA); 2008-2014 Los Angeles Lakers (NBA); 2014-16 Chicago Bulls (NBA); 2016-17 San Antonio Spurs (NBA).



9. PETE MICKEAL
Mickeal talvez tenha sido o último grande desestabilizador da Liga Espanhola. Tanto pelo Vitoria como por Barcelona, este ala sempre soube ler perfeitamente o que necessitava sua equipe para vencer. Sua polivalência era magnífica, preparado para arremessos de três, para jogar no garrafão, pegar rebotes ou ser um aguerrido defensor no um contra um. Seu caráter amável fora da quadra se transformava num guerreiro que saltava para competir e vencer. Sem estar em seu melhor momento, deu uma lição final na Copa do Rei 2013. Um fenômeno.

Carreira: 1996-1998 Universidade de Indian Hills (EUA); 1998-2000 Cincinnati University (EUA); 2000-2001 Tampa Bay ThunderDawgs (Liga ABA, EUA); 2001-2002 Kansas City Knights (Liga ABA, EUA); 2002-2003 Talk 'N Text Tropang Texters (Filipinas); 2003-2004 Peristeri (Grécia); 2004 Dínamo Moscou (Rússia); 2004-2005 Makedonikos (Grécia); 2005-2006 Breogan (Espanha); 2006-2007 Daegu Orions (Coréia do Sul); 2007-2009 Tau Cerámica Baskonia (Espanha); 2009-2013 Barcelona (Espanha); 2013 Murcia (Espanha); 2014 Cangrejeros de Santurce (Porto Rico); 2015 Bucaneros de La Guaira (Venezuela); e 2015-2017 Atenas de Córdoba (Argentina).



10. JUAN CARLOS NAVARRO
Diziam alguns que com o corpo de Navarro era muito complicado que se pudesse aguentar a alta exigência em competição profissional durante muitas temporadas. Seu corpo leve, mais projetado para o basquete de décadas anteriores, bastou-lhe para aguentar mais temporadas do que seus críticos pensavam. Ele dominou, junto a Bodiroga, e o fez junto a Mickael ou Lorbek também. Mas o melhor de tudo é até onde o levou a longevidade dentro das quadras. Ganhou tudo e foi o melhor em tudo. Pouco mais há a se acrescentar deste ícone do esporte espanhol.

Carreira: 1997-2007 Barcelona (Espanha); 2007-2008 Memphis Grizzlies (NBA); e 2008-2017 Barcelona (Espanha).

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