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sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

As Olimpíadas da Era Oscar Schmidt para o basquete brasileiro


#BrasilÉHistória – 1980

Após o fim da Era Kanela, o Brasil encarou um sétimo lugar em 72, ficou fora das Olimpíadas em 76, e, renovado, retornou ao torneio olímpico em território soviético, em 80, na quinta colocação.

Com o fim da Era Kanela - sem Amaury Pasos e Wlamir Marques - a Seleção Brasileira de Basquete sofreu com as reformulações de uma ótima safra e passou tempos complicados no auge do período ditatorial que o Brasil vivia. Com novos atletas, a equipe nacional retorna aos Jogos Olímpicos de Moscou e, em quinto lugar, ressurge no cenário mundial do esporte.

Após a quarta colocação em 1968, o elenco verde e amarelo nas Olimpíadas de 1972 foi treinado por Pedroca, do Clube de Bagres, em Franca. A Seleção era formada por Hélio Rubens, Edvar Simões, Mosquito, Menon, Adilson, Dodi, Marquinhos Abdalla e Bira. No começo, o conjunto brasileiro conseguiu boas vitórias, inclusive diante da Tchecoslaváquia, por 83 a 82, todavia sofreu três derrotas seguidas e acabou na sétima colocação da competição.

Em 1976, o Brasil não se classificou pela primeira qualificatória das Américas. Então, partiu para a segunda tentativa, e na fase preliminar bateu a Israel, Islândia, Tchecoslováquia, Finlândia, e perdeu para a Iugoslávia. A equipe brasileira foi para a fase final acumulando uma vitória e uma derrota da última etapa. Porém, após perder para México e Espanha, a Seleção precisava de uma combinação de resultados e, mesmo ganhando da Espanha, não se classificou para as Olimpíadas de Montreal no Canadá.

Após este fracasso, Ary Vidal colocou a Seleção nos trilhos novamente, ao vencer o Campeonato Sul-Americano e alcançar a terceira posição no Mundial de 1978. Ao deixar a equipe brasileira, o técnico Cláudio Mortari, ex-treinador do Sírio, assumiu a posição no Pré-Olímpico de 1980. Os Estados Unidos da América boicotaram o torneio na União Soviética, pois viviam um momento de tensão política - a Guerra Civil - e com este impacto geopolítico e ideológico, o Brasil se beneficiou e assim rumou às terras ‘socialistas’ lideradas por Brezhnev.

Nas Olimpíadas de Verão em Moscou (1980) o regulamento foi novamente mudado. Doze equipes se classificaram e foram divididas em três grupos, ficando quatro seleções em cada um deles. Seis se classificavam para um grupo único na fase final. Portanto, dois times se classificavam por conjunto. A Seleção Brasileira foi sorteada para o Grupo A, composto por União Soviética, Tchecoslováquia e Índia.

Neste grupo da morte, o Brasil começou bem ao bater a difícil equipe da Tchecoslováquia, porém, logo depois a União Soviética - de Belov, Myshkin e Tkatchenko - que vinha com um favoritismo absurdo, principalmente por jogar em casa, conseguiu outra vitória no grupo diante do Brasil. No último desafio, a equipe verde e amarela bateu a Índia e se classificou.

Confira os resultados dos jogos da Seleção Brasileira na primeira fase:

Brasil 72 x 70 Tchecoslováquia – Marcel 18 pontos e 11 rebotes, Oscar Schmidt 23 pontos e nove rebotes
Brasil 88 x 101 URSS – Belov e Oscar Schmidt 25 pontos
Brasil 137 x 64 Índia – Oscar Schmidt 26 pontos e 13 rebotes, Marquinhos Abdalla 22 pontos e 12 rebotes

No Grupo B, a Iugoslávia - prata na Olimpíada anterior e melhor ataque da competição - e a Espanha desbancaram a Polônia e Senegal da competição. Como primeiros colocados, foram para a fase final no grupo único. No Grupo C, Itália e Cuba foram à fase final após baterem a Austrália e a Suécia. Portanto, as seis equipes mais bem colocadas formaram um grupo único e levaram os resultados diretos entre si para a fase seguinte, e fizeram mais quatro partidas que definiriam os classificados para a disputa do primeiro lugar e do bronze.

Como o Brasil já havia perdido para o país sede, já começava a fase semi-final com uma derrota. Seu primeiro adversário foi a seleção de Cuba e, com dificuldade, o Brasil venceu de forma emblemática. Depois desta partida, o Brasil encarou a Espanha, no dia 26 julho, e o resultado não foi o esperado. Ainda assim, no dia seguinte, a equipe se redimiu do apagão e bateu a difícil seleção italiana. No último confronto desta fase, a Seleção Brasileira enfrentou a Iugoslávia - invicta, melhor defesa e a melhor equipe da competição - e, novamente de forma icônica, perdeu por um ponto (Oscar Schmidt nunca deixou de falar desta bola nos segundos finais).

Confira os resultados das semi-finais:

Brasil 94 x 93 Cuba – Oscar Schmidt 24 pontos e Marquinhos Abdalla 22 pontos
Brasil 81 x 110 Espanha – Huguesis (ESP) 33 pontos e Marquinhos Abdalla 17 pontos
Brasil 90 x 77 Itália – Oscar Schmidt 33 pontos e Marquinhos Abdalla 20 pontos
Brasil 95 x 96 Iugoslávia – Dalipagic (IUG) 26 pontos e Oscar Schmidt 22 pontos

Nesta competição, Oscar Schmidt foi o cestinha da Seleção (24,1 pontos por jogo), seguido por Marquinhos Abdalla (17,6 ppj), Marcel (17,1 ppj) e Milton Setrini, o Carioquinha (14,9 ppj). O torneio foi inaugural para Oscar Schmidt e para Marcel, dois dos mais completos jogadores que já passaram pela Seleção Brasileira. Esta foi a última Olimpíada para a qual João Carlos Saiani, André Stoffel, Gilson e Wagner da Silva foram convocados. No final, um quinto lugar. A equipe brasileira disputou uma sequência de seis edições seguidas de Olimpíadas, tendo em quatro delas terminado na mesma quinta posição.

O otimismo voltou a rondar o país e contagiou até o antigo técnico bi-campeão mundial, Kanela. Em entrevista à revista Placar (ed. 827, de 31/mar/86) ele afirmou: “nunca vi tanto craque. Depois dos bicampeões apareceram alguns bons jogadores, mas nenhum da capacidade de Amaury, Wlamir, Ubiratan, Menon e Waldemar. Hoje em dia, porém, vejo que estão surgindo jogadores com potencial que me fazem lembrar aquele time. (…) Gérson e Pipoka são geniais (…) temos Marcel que é um gênio como foram Wlamir e Amaury, e Oscar, que aprendeu a encestar quando estava ainda na barriga da mãe (…) Maury, irmão do Marcel, também é um monstro“, declarou Togo.



#BrasilÉhistória – 1996

Após a renovação da "Era Pós-Kanela", a Seleção Brasileira comandada por Oscar, Marcel e Pipoka teve seu fim em Atlanta, em 1996, novamente nas quartas de final.

Em 1984, a Seleção Brasileira caiu na primeira fase, mas logo após este resultado se reergueu como potencia mundial ao vencer os Estados Unidos no icônico Pan-Americano de 1987. Após o incrível resultado, o Brasil caiu nas quartas de finais três vezes seguidas e aquela geração teve seu fim nas Olimpíadas de 1996 na sexta colocação.

Na década de 80, a equipe brasileira sofreu altos e baixos em pouco tempo. Após o fracasso em Los Angeles, a Seleção obteve um grande acréscimo em seu plantel, com a adição de Pipoka, Paulinho Villas-Boas e Rolando, atletas que conquistaram o bronze no Mundial sub-19 em 1983. Já em 1987, em pleno Pan-Americano de 1987, nos Estados Unidos, a Seleção Brasileira foi a primeira equipe a conquistar uma vitória em território norte-americano. Com 46 pontos de Oscar, a vitória na final do torneio aconteceu por 120 a 115, e a conquista do ouro pelo elenco verde e amarelo foi um marco.

Depois deste incrível desempenho da Seleção, em 1988, Oscar e Marcel já despontavam no cenário mundial e tinham grande função dentro da equipe. Nesta década o basquete brasileiro também passou a ser bastante exportado e vários jogadores trocaram as equipes brasileiras por campeonatos europeus. Nas Olimpíadas da Coreia a equipe verde e amarela, comandada pelo técnico Ary Vidal, tinha como principal arma o “Mão Santa”, que iniciou sua série de competições como cestinhas nesta Olimpíada.

A equipe começou bem no Grupo A, bateu a Canadá, China, Egito, mas perdeu para os EUA e para a Espanha, num jogo decisivo em que Oscar anotou 55 pontos (maior pontuação individual na história das Olimpíadas). Precisava ter vencido este jogo para não encontrar a URSS na fase seguinte. Todavia, o algoz novamente apareceu e a Seleção Brasileira caiu mais uma vez nas quartas de final. Mais tarde venceu Porto Rico e Canadá, ficando na quinta colocação da competição.

Confira os jogos do Brasil nas Olimpíadas de 1988:

Grupo B
Brasil 125 x 109 Canadá
Brasil 130 x 108 China
Brasil 87 x 102 EUA
Brasil 138 x 85 Egito
Brasil 110 x 118 Espanha

Fase Final
Brasil 105 x 110 URSS
Brasil 104 x 86 Porto Rico
Brasil 106 x 90 Canadá – 5º Lugar

Neste torneio, Oscar Schmidt selou sua história no basquete mundial. Em oito jogos, o “Mão Santa” anotou 338 pontos (acumulou uma média de 42,3 pontos por partida em Seul), fez apenas três jogos com menos de 40 pontos e se tornou o maior cestinha da história das Olimpíadas. Seu aproveitamento dentro de quadra ainda superava os 56% e sua marca de 55 pontos foi imortalizada.

Em 1992, após outra troca de treinador, a Seleção Brasileira voltou a alcançar a quinta colocação do torneio. Com uma derrota para Espanha, por um ponto, sendo a única equipe a perder para o time espanhol naquela competição, o Brasil se classificou em terceiro e na outra chave pegou a Lituânia, ex-União Soviética. Novamente, o Brasil foi eliminado do torneio, alcançando mais um quinto lugar após vencer a Porto Rico e Austrália.

Confira os jogos do Brasil nas Olimpíadas de 1992:

Grupo A
Brasil 76 x 93 Croácia
Brasil 100 x 101 Espanha
Brasil 76 x 66 Angola
Brasil 83 x 127 EUA
Brasil 85 x 76 Alemanha

Fase Final
Brasil 96 x 114 Lituânia
Brasil 86 x 84 Porto Rico
Brasil 90 x 80 Austrália – 5º Lugar

Esta foi a última olimpíada em que Marcel participou. Aos 35 anos, o atleta anotou dois jogos com 12 ou mais pontos na competição e deu adeus a equipe. Uma reformulação foi feita para os anos seguintes, até Oscar ficou um tempo fora do elenco. Até que Ary Vidal, voltando a Seleção em 1995, retornou a convocar Oscar. Em Atlanta, a equipe titular tinha: Ratto, Fernando Minucci, Rogério Klafke, Oscar Schmidt e Josuel.

O mesmo formato foi mantido e as equipes foram divididas em dois grupos compostos por seis nações distintas. No Grupo B, o Brasil se reunia com a Iugoslávia (que havia ficado fora por um tempo do cenário mundial por causa de sua guerra civil), Austrália, Grécia, Porto Rico e Coréia do Sul.

Na primeira partida, o Brasil obteve uma boa vitória diante de Porto Rico, mas logo em seguida a equipe verde e amarela caiu para a Grécia, em um jogo muito disputado. Nos dois jogos seguintes, a Seleção Brasileira não teve chances contra Iugoslávia e Austrália, mas no último confronto conseguiu bater a Coréia do Sul, classificando-se na quarta colocação.

Confira os jogos do Brasil na primeira fase:

Grupo B
Brasil 101 x 98 Porto Rico
Brasil 87 x 89 Grécia
Brasil 101 x 109 Austrália
Brasil 82 x 101 Iugoslávia
Brasil 127 x 97 Coreia do Sul

Do outro lado, o Grupo A, continha Estados Unidos, Lituânia, China, Croácia, Angola e Argentina. Com facilidade e unanimidade, os EUA passaram na primeira posição e enfrentaram a equipe canarinho nas quartas de final da competição. A a equipe verde e amarela perdeu por 98 a 75, e foi brigar pelo quinto lugar. Venceu a Croácia por 80 a 74, mas perdeu para a Grécia por 91 a 72, ficando na sexta colocação.

A conjuntura mundial dificultou a situação para o Brasil. A União Soviética se dividiu e duas grandes potências no basquete foram criadas: a Lituânia e a Rússia. Isso aconteceu também na Iugoslávia, que formou a Sérvia e a Croácia. Além disso, Grécia e Argentina formavam outras potências emergentes no basquete mundial.

Esta foi a última Olimpíada de Oscar Schmidt, que terminou como cestinha novamente, e de todos aqueles que estavam no time. Nenhum jogador repetiu o feito pois não conseguiram a classificação. A renovação aconteceu mais tarde e o técnico Ary Vidal saiu da equipe, abrindo espaço novamente para a volta de Hélio Rubens.



Fonte: Liga Nacional de Basquete

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