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terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Os 10 Maiores Brasileiros na História do Basquete Europeu


Segue abaixo a integra de matéria do site Euroleague Brasil publicada em maio de 2021 sob o título "Os 10 principais brasileiros a jogar na Europa".
Link: https://euroleaguebrasil.wordpress.com/2020/06/30/especial-os-10-principais-brasileiros-a-jogar-na-europa-parte-1/


Ao longo dos anos, em especial desde a virada do século, vários brasileiros defenderam clubes europeus. Muitos deles foram levados para o Velho Continente ainda meninos, nas categorias de base. Hoje, fizemos uma seleção dos vários nomes que pudemos lembrar e tentamos rankear os dez melhores. Confira com a gente, em ordem regressiva, este especial.


10º. ANDERSON VAREJÃO

Um dos melhores jogadores brasileiros de todos os tempos, seja pela seleção ou na NBA, Anderson Varejão teve uma passagem breve, mas absolutamente vitoriosa pelo Barcelona. Contratado junto ao Franca em janeiro de 2002, ainda com 19 anos, o capixaba teve de esperar pacientemente para ter seu espaço na equipe. Os dois treinadores que o treinaram na Catalunha, Aíto García na primeira temporada, e Svetislav Pesic nas duas seguintes, procuraram inseri-lo nos jogos constantemente, ainda que por poucos minutos. Nos primeiros dois anos, inclusive, ele somou um total de 31 jogos pela Euroliga, incluindo os dois do Final Four de 2003, e somente seis na ACB, todos pela temporada regular. Varejão esteve em quadra em todos os jogos da histórica campanha da Euroliga de 2002-03, em que o Barça conquistou seu histórico primeiro título europeu, com uma média de 13:32 minutos por jogo. Pelo clube catalão, ele ainda seria bicampeão espanhol (2003 e 2004), antes de ser selecionado no Draft da NBA em 2004 pelo Orlando Magic.



9º. RAFAEL LUZ

O paulista pode não ter o mesmo histórico de títulos de Varejão, mas seu talento vem lhe garantindo já nove temporadas na elite do basquete espanhol e contando. O armador da seleção brasileira foi formado na base do Unicaja Málaga, onde foi jogar ainda aos 15 anos, em 2007. Seu primeiro grande destaque veio na Euroliga Sub-18 de 2009-10, chamada na época de Nike International Junior Tournament (NIJT). No torneio, ele disputou três jogos e manteve médias de 13,3 pontos, 7,0 rebotes, 4,3 assistências e 2,3 roubos, para 17,7 de PIR (Performance Index Rating) por partida. Naquele mesmo ano ele faria sua estréia pelo time principal do Unicaja, com o qual jogaria pelas duas temporadas seguintes, entre ACB e Euroliga.

Ele seria emprestado para clubes menores nos anos seguintes para ganhar experiência, até terminar seu vínculo com o time de Málaga em 2012. Ele então passou os três anos seguintes no Obradorio, onde cresceria em importância e chegaria a ser o armador titular do time. Ao fim da temporada 2014-15 ele voltou ao Brasil, onde foi campeão do NBB com o Flamengo e voltou para a Espanha, para disputar uma temporada com o Saski Baskonia. Ele voltou ao Brasil para defender o Franca em 2017-18, para em seguida retornar à Espanha para defender ao Murcia. Ao fim da temporada 2020-21, ele acumulava 249 jogos pela ACB, com uma média de 5,8 de valoração por jogo, além de 70 jogos em competições européias.



8º. RAFAEL HETTSHEIMEIR

Hettsheimer desembarcou na Europa para sua primeira passagem em 2005 e por ali ficou por nove temporadas consecutivas. Quem o contratou junto ao COC Ribeirão Preto (onde foi campeão brasileiro em 2003) foi o CB Sant Josep Girona, da Catalunha, que disputava a ACB. Mas o pivô passou os primeiros quatro anos na Espanha emprestado a vários clubes das divisões de acesso. A primeira grande chance na primeira divisão veio em 2009, quando foi contratado pelo Zaragoza e emprestado para o Obradoiro. Ele agradou e o Zaragoza o trouxe de volta ainda em 2010 e ele se tornou titular e se destacou pelo clube. Sua melhor temporada com o clube foi em 2011-12, quando teve médias de 13,3 pontos, 6,4 rebotes e 14,6 de valoração por jogo.

Ele foi tão bem que o Real Madrid o contratou por um ano e, na temporada 2012-13, apesar de ter poucas oportunidades, foi campeão espanhol com os Merengues e também disputou sua primeira Euroliga. Sem renovar com o time, ele foi então para o Unicaja Málaga na temporada seguinte, em um contrato de dois anos. Ali, ele até teve mais espaço, tanto na ACB quanto na Euroliga, mas não conseguiu repetir o mesmo basquete dos tempos de Zaragoza e voltou para o Brasil ao fim da primeira temporada. Ele teve uma breve segunda passagem pela Espanha, na segunda metade da temporada 2016-17, pelo Fuenlabrada, mas partiu para o basquete portorriquenho no meio de 2017, antes de retornar ao Brasil.



7º. VÍTOR FAVERANI

Outro pivô que teve uma carreira muito bem sucedida na Europa, Faverani foi formado na base do Unicaja Málaga, onde chegou ainda aos 14 anos de idade. Aos 17 anos ele já fazia sua estréia como profissional, emprestado ao Axarquía, da segunda divisão espanhola. Sua primeira experiência na primeira divisão foi na temporada 2006-07, mas por apenas dois jogos, antes do Unicaja emprestá-lo a dois outros clubes da segunda divisão, nas duas temporadas seguintes. Na temporada 2008-09, ele finalmente faria parte do elenco principal do clube de Málaga, mas não teve espaço, jogando apenas dois jogos na ACB e (curiosamente) sete jogos na Euroliga daquele ano, com uma média menor do que oito minutos por jogo.

Ao fim daquela temporada, ele assinou com o Murcia, com o qual disputou duas temporadas. A primeira (2009-10) foi para se firmar discretamente, vendo seu tempo de quadra mais que dobrar, mas ainda majoritariamente um reserva. O time foi rebaixado e na segunda divisão do ano seguinte, ele foi o melhor jogador do time, com uma média de 14,9 pontos (cestinha do time), 6,4 rebotes e 1,1 toco, acertando 70,7% dos arremessos de quadra, em apenas 22 minutos por jogo. Foi o bastante para o Valencia acertar sua contratação para as duas temporadas seguintes, onde ele foi um sólido reserva da equipe na ACB e na EuroCup. Ao fim da temporada 2012-13, o Boston Celtics assinou um contrato de três anos com o jogador, mas lesões atrapalharam sua passagem de duas temporadas pelos EUA e ele estaria de volta à Europa no verão de 2015.

Ele assinou com o Maccabi Tel Aviv, mas foi dispensado após apenas quatro meses, tendo disputado apenas dois jogos. Ele voltou para o Murcia em novembro daquele mesmo ano, onde disputou outras duas sólidas temporadas, suas melhores na ACB. Tanto que no meio da temporada 2016-17, o Barcelona o comprou junto ao Murcia e contou com o jogador durante os meses finais da temporada, também dando sólidos minutos vindo do banco, inclusive na Euroliga, em que fez alguns bons jogos. Dispensado pelo Barça, ele voltaria uma última vez ao Murcia, em que disputou poucos jogos, mas foi o terceiro maior pontuador (11 pontos de média) e mais eficiente (12 de PIR) do time na EuroCup, mesmo vindo do banco.



6º. AUGUSTO LIMA

Mais um jogador que o Unicaja Málaga buscou no Brasil ainda na adolescência, Augusto desembarcou na Europa em 2006, aos 14 anos, e foi formado pela base do clube. Sua estréia pelo profissional aconteceu ainda em 2009, aos 17 anos, sendo colocado em quadra tanto pela ACB, quanto pela Euroliga (para um total de 17 partidas, com quase 15 minutos por jogo). Entre um empréstimo e outro para clubes menores, onde teria mais tempo de quadra, ele permaneceu em Málaga até o fim da temporada 2012-13, totalizando 109 jogos (65 pela ACB e 44 pela Euroliga). Antes de deixar o clube, ele conseguiu a cidadania espanhola em 2021, o que facilitaria para ele ser incorporado nos elencos europeus, que têm limites de estrangeiros.

Deixando o Unicaja, ele assinou com o Murcia no verão europeu de 2013, com o qual jogou três das melhores temporadas de sua carreira (duas e meia, para ser mais exato). Ele defendeu o time do sul da Espanha por 81 jogos entre o início da temporada 2013-14 e o meio de 2015-16 e, titular absoluto, se destacou como um dos melhores pivôs da ACB. No total, ele manteve médias de 10,0 pontos, 6,8 rebotes e 0,8 toco, para uma média de 14,9 de valoração a cada jogo. Sua melhor temporada na Espanha até agora possivelmente foi a de 2014-15, em que teve médias de 10,4 pontos, 7,2 rebotes e 1,1 toco, para 16,6 de valoração por jogo. Ele foi tão bem que o Real Madrid o contratou antes do início da temporada 2015-16, mas concordou em deixá-lo permanecer em Murcia, com opção de resgate em janeiro.

Não deu outra. Após manter uma média de 13,4 de valoração nos primeiros 17 jogos da temporada, o Real Madrid levou o brasileiro para a capital. Infelizmente, disputando espaço com Gustavo Ayon e Felipe Reyes, seu tempo de quadra caiu pela metade (12 minutos de média na ACB e 9:37 na Euroliga). Mesmo sem ter tido muitas oportunidades reais, ele pôde comemorar o campeonato espanhol e da copa da Espanha daquela temporada. Ele passaria por quatro clubes diferentes nas duas temporadas seguintes, emprestado pelo Real Madrid, incluindo o Zalgiris Kaunas, na temporada 2016-17, com o qual foi campeão lituano e da copa da Lituânia, além de ter disputado 30 jogos (19 como titular) na Euroliga. Após passar por Lituânia, Turquia e China, ele voltou ao Murcia em março de 2018, finalizando aquela temporada com o ex-clube.

Para o início da temporada 2018-19, ele assinou com o tradicional Cedevita Zagreb, da Croácia, e começou a temporada muito bem. Mas ele preferiu deixar o clube após apenas dez jogos, por não estar de acordo com mudanças na comissão técnica, e assinou contrato com o San Pablo Burgos. Augusto era um dos melhores pivôs da ACB, estando entre os dez com mais rebotes e mais tocos na temporada 2020-21, com apenas 28 anos.



5º. GUILHERME GIOVANNONI

O ala-pivô teve duas passagens pelo basquete europeu. Após ser formado nas categorias de base do Pinheiros, ele foi contratado pelo Fuenlabrada, com o qual estreou em janeiro de 2000, ainda com 19 anos. Ele ficou no clube até o fim da temporada 2000-01, quando se transferiu para o Gijón, também da Espanha. Sem muito espaço, ele voltou ao Brasil no fim de 2001, após ter adquirido uma experiência de 48 jogos na ACB. De volta À liga nacional, ele defendeu brevemente o Pinheiros e o COC Ribeirão Preto e já em 2002 foi contratado pela gigante italiana Benetton Treviso. Começava, ali, a sua mais vitoriosa passagem pelo basquete europeu.

Giovannoni não entrou na Benetton logo de cara, sendo emprestado para a Vip Rimini (onde jogava também Marcelinho Machado, na ocasião) para disputar a segunda divisão italiana na temporada 2002-03. Mesmo com a campanha não tão boa de sua equipe, ele conseguiu ser um de seus principais destaques: em 32 partidas disputadas, ele manteve uma média de 16,1 pontos por jogo e foi eleito o MVP Sub-23 do torneio. Isso lhe rendeu uma passagem direta de volta para a Benetton na temporada seguinte, onde ele foi utilizado em 57 partidas do clube entre Serie A (38) e Euroliga (19), 22 como titular. Foi nessa temporada que ele teve seu melhor jogo na Euroliga, vindo do banco para marcar 24 pontos (6/7 da linha de três) em pouco mais de 19 minutos, ainda roubando 5 bolas, para um PIR de 32. Ele também conquistou seu primeiro título na Itália, com a vitória da Benetton na Copa da Itália daquela temporada.

Sem muito espaço naquele grande time, ele foi emprestado novamente, para disputar a temporada 2004-05 com a Lauretana Biella, com a qual teve talvez sua melhor temporada na Itália, individualmente. Em 33 jogos pela equipe, todos como titular, ele manteve médias de 12,7 pontos, além de 4,0 rebotes e 1,3 roubos, para uma média de valoração de 12,0 por jogo. A Benetton o trouxe de volta mais uma vez, mas, com ainda menos espaço (no total, 7:00 minutos por jogo de média) ele foi emprestado para o BC Kyiv, da Ucrânia, o qual ajudou a alcançar a final do campeonato ucraniano e a semifinal do extinto FIBA EuroChallenge (competição européia de terceiro nível na época). Por ter feito parte do elenco da Benetton, ele foi condecorado com o título italiano que o clube conquistou naquela mesma temporada.

Foi então que na temporada 2006-07 ele retornaria à Itália. Já desligado da Benetton, ele assinou contrato de um ano com a tradicionalíssima Virtus Bologna. Ele correspondeu às expectativas logo de cara, tornando-se titular, com médias de 10,0 pontos, 5,5 rebotes e 1,3 roubo de bola (10,9 de valoração), ajudando o clube a chegar à final da Serie A pela primeira vez desde 2001 e a retornar à Euroliga depois de cinco anos. Com o contrato renovado por mais dois anos, ele ainda se tornou o capitão do time em fevereiro de 2008 e um dos ídolos (chamados de "bandeira", pelos italianos) do torcedor. Em três anos com a gigante de Bolonha, ele disputou 114 partidas entre Serie A (112) e Euroliga (12) e só deixou o clube pelo completo caos político em que ele entrou no meio de 2009. Pelo menos, ele pôde se despedir com título: a Virtus venceria o EuroChallenge daquela temporada, com um grande time montado antes do clube ser colocado à venda nos meses seguintes.



4º. JP BATISTA

Com quase 500 jogos de experiência no basquete europeu, em dez temporadas jogando no Velho Continente, o pernambucano João Paulo Batista teve uma das melhores carreiras de um brasileiro por lá. Ele se tornou um ídolo do Le Mans, da França, tornando-se capitão do time e a quem o próprio clube se refere como "A Rocha". Ele voltou ao Brasil em 2015, onde disputou quatro temporadas do NBB, e aos 38 anos, quando uma aposentadoria parecia o caminho natural, o Le Mans o levou de volta para uma última temporada com o clube.

JP disputou quatro temporadas no basquete universitário americano, os dois últimos destes com a grande universidade de Gonzaga. Em seu último ano no college, o ala-pivô foi um dos melhores jogadores do time, com médias de 19,3 e 9,4 rebotes por jogo, em 33 partidas como titular absoluto. Ele tentou ingressar na NBA, disputando a Summer League de 2006 pelo Minnesota Timberwolves, mas não conseguiu a vaga e decidiu aceitar uma das ofertas que recebeu do basquete europeu.

Sua primeira experiência européia foi nos países bálticos. Ele passou as temporadas 2006-07 e 2007-08 com os lituanos do Lietuvos Rytas e um breve período (17 jogos) emprestado ao BK Barons, da Letônia. De cara ele foi um dos destaques do Rytas na disputa da Copa ULEB (hoje chamada EuroCup), contribuindo com 12,4 de PIR (Performance Index Rating) por jogo, mesmo vindo do banco, durante a temporada regular. O time alcançou a final do torneio, onde perdeu para o Real Madrid, mas, por este já ter garantido sua vaga na Euroliga via campeonato espanhol, o Rytas ficou com a vaga destinada ao campeão da ULEB. Logo em seu segundo ano na Europa, JP teria sua primeira experiência na Euroliga. Mas ele não teve muitas oportunidades na equipe e acabou emprestado para o Barons, onde foi campeão letão e do extinto FIBA EuroChallenge na temporada 2008. Por ter feito parte do elenco do Rytas na mesma temporada, ele também foi condecorado com o título de campeão da extinta Liga Báltica, vencida pelo time naquele ano.

Foi no verão europeu de 2008 que o Le Mans, da primeira divisão francesa, contratou o brasileiro e começava ali o melhor período da carreira do jogador. Com o time na disputa da Euroliga da temporada 2008-09, ele pôde ser um de seus destaques na competição, já que obtivera logo de cara a confiança do clube e foi seu titular em boa parte da temporada. Ele teve uma média de 11,4 pontos por jogo, em pouco mais de 23 minutos de média. Naquele ano, ele ajudou o time a vencer as duas copas nacionais da França, terminar em terceiro na temporada regular do campeonato francês e a chegar nas semifinais do mesmo.

Pelas cinco temporadas seguidas, JP se tornaria um dos pilares de seu time, mantendo uma média total nesses cinco anos de 12,1 pontos e 5,2 rebotes por jogo, em cerca de 25 minutos de média no campeonato francês. Se essas médias forem ajustadas para "por 36 minutos", Batista teria uma média de 17,6 pontos e 7,6 rebotes. Suas duas melhores temporadas nesse período foram as de 2012 e 2013. Na primeira, ele foi um dos líderes do time nas competições domésticas, com médias de 14,5 pontos e 6,2 rebotes por jogo (convertidos em 19,4 pontos e 8,4 rebotes por 36 minutos). Na segunda, ele teve seu melhor desempenho em competições européias, sendo o cestinha do time na EuroCup, anotando 17,2 pontos por jogo (convertidos em 24,1 por 36 minutos).

Infelizmente o Le Mans não conseguiu vencer o almejado quinto título francês enquanto JP vestiu a camisa do clube, sendo vice-campeão duas vezes (2010 e 2012), mas o jogador se despediu do clube pela primeira vez com o título da Copa da Liga Francesa em 2014, na qual Batista foi eleito o MVP. Ao fim da temporada 2013-14, o Le Mans começou uma reformulação da equipe e não renovou com seu já capitão. O atleta, então, assinou com o Limoges, o segundo maior campeão francês, para a temporada 2014-15 e ajudou o clube a completar seu bicampeonato nacional, enquanto ainda disputava a Euroliga e, depois, a EuroCup. O Le Mans o trouxe de volta para a disputa desta temporada 2019-20, em que ele esteve em quadra em 21 jogos.



3º. TIAGO SPLITTER

Depois de se destacar defendendo o time de Blumenau na Liga Nacional, Tiago aos 15 anos acertava a sua transferência para a Espanha, contratado pelo Saski Baskonia, que na época era chamado Tau Ceramica, onde se desenvolveu muito como atleta e se tornou o maior pivô brasileiro que atuou na Europa. Ao todo, foram dez anos jogando por clubes espanhóis (Bilbao de 2001-2003, o Baskonia em 2003-2010 e Valencia em 2011), onde brilhou nas quadras europeias em competições internacionais. Ele deu uma entrevista para um site basco, na qual disse: "tudo o que eu sei eu aprendi em Vitoria", referindo-se à cidade de Vitoria-Gasteiz, onde joga o Saski Baskonia.

Quando o brasileiro chegou a Europa para se apresentar ao Tau Ceramica, por ser muito novo a equipe espanhola resolveu envolvê-lo em um empréstimo, afim de que o garoto pudesse se aperfeiçoar e adaptar-se ao basquete europeu. Em seu período de empréstimo de dois anos no Bilbao Basket, Splitter anotou 11,8 pontos e 6,4 rebotes em 26 minutos de média. Acabou mostrando que apesar da idade, poderia sim se destacar entre os profissionais e acabou voltando para o Tau Ceramica.

O clube da cidade de Vitoria-Gasteiz foi onde Tiago passou seus anos de ouro na Espanha, chegando a ser nomeado MVP da Supercopa da Espanha em 2006 e 2007, onde foi campeão da competição por quatro anos seguidos (2005-2008). A temporada de 2008 foi onde obteve suas maiores conquistas na Europa e com o melhor índice em quadra, conseguindo alcançar o Final Four da Euroliga naquele ano, perdendo a final para o CSKA Moscou. Em 25 jogos naquela temporada da liga continental, suas estatísticas foram 14 pontos, 5 rebotes e 1,1 assistências por jogo. Ele se saiu melhor do que na edição 2006-2007 (10,7 pontos, 6 rebotes e 1,8 interceptações em 20 jogos). Também em 2008, o brasileiro se consagraria campeão da Liga ACB. Splitter, em 34 jogos, foi o segundo melhor marcador da equipe (13,5 pontos) e o segundo melhor reboteiro do clube no campeonato (5,2 rebotes por jogo).

Já dois anos depois, Splitter mostrou que tinha evoluído ainda mais, levando o prêmio de MVP da temporada e das de MVP das Finais da Liga ACB, com a melhor média de pontos da sua carreira (chegando aos 15,7 pontos por jogo). Ali Tiago deixava, antes de ir para a NBA na temporada seguinte, seu nome marcado na história da Espanha e da Europa como um dos jogadores brasileiros mais conhecidos e dominantes dentro do garrafão.

No auge de sua carreira, atuando pelo no San Antonio Spurs, Splitter se deparou com o locaute da NBA em 2011. O brasileiro resolveu então voltar para a Espanha rapidamente para atuar pelo Valência. Foram três jogos pelo campeonato nacional (com 15,3 pontos, 9,3 rebotes e 2,0 assistências por partida). Já pela EuroCup também foram três jogos somando 14,0 pontos, 7,7 rebotes e 1,0 assistência de média.



2º. MARCELINHO HUERTAS

Com uma vasta experiência na Europa, Marcelinho Huertas colecionou boas estatísticas nos anos jogando no basquete do Velho Continente. Após sua saída do Paulistano em 2004, Marcelinho ingressou no clube espanhol Joventut Badalona, do ainda garoto Ricky Rubio. O armador brasileiro ainda defendeu mais cinco equipes europeias nos anos seguintes, entre elas o Bilbao (ESP), a Fortitudo Bolonha (ITA), o Saski Baskonia (duas vezes), o Barcelona (ESP) e o Tenerife (ESP).

Apesar de longos anos e o título da FIBA Eurocup em 2006 pelo Joventut Badalona, Huertas ainda não tinha se firmado no basquete do outro lado do mundo. Já no Bilbao, em 2008 as médias dele aumentaram muito, chegando a 14,6 pontos por jogo na liga ACB, sua melhor performance europeia no quesito de pontos por partida, sendo até escolhido como o armador da seleção da liga espanhola daquela temporada. No ano seguinte, o armador tentou a chance na Itália, porém a equipe passava por um período conturbado, sendo eliminados precocemente da EuroCup e rebaixados da Serie A da liga italiana, o que fez o brasileiro decidir ir para o Caja Laboral (Saski Baskonia), time de seu amigo da seleção Tiago Splitter. Novamente jogando o campeonato espanhol, Marcelinho contribuiu muito para a equipe e se consagrou, pela primeira vez, campeão espanhol, em 2010.


Não demorou muito para que o Barcelona o contratasse e Marcelinho, na temporada seguinte, conseguiu se adaptar rapidamente ao esquema do técnico Xavi Pascual. Logo na sua primeira temporada no Barcelona, o armador anotou 8,2 pontos e 3,1 assistências por partida na Liga ACB e 8,5 pontos e 4,2 assistências na Euroliga, suas melhores marcas pelo clube catalão. Uma de suas atuações mais emblemáticas aconteceu no primeiro jogo da final da Liga ACB 2012 contra o Real Madrid, em casa. Com uma cesta espetacular do meio da quadra, virando o placar, que estava em 80 a 78 para o Real, Marcelinho garantiu a vitória nos segundos finais e entrou para a história do Barcelona logo na sua primeira temporada. Depois em 2014 venceria novamente a liga nacional antes de ir para NBA.


Após sua passagem na liga americana e duas temporadas (2017-2019) em sua volta para o Baskonia, sem títulos, Marcelinho iria para o Iberostar Tenerife em 2019. Em sua nova equipe, Marcelinho acabou mostrando toda sua experiência acumulada de competições internacionais e conseguiu alcançar um dos maiores feitos de um brasileiro na Europa ao se consagrar campeão da FIBA Copa Intercontinental 2020, ainda levando o prêmio de MVP da competição. O armador da Seleção Brasileira foi muito decisivo na grande final contra o Virtus Bologna, da Itália, quando sua equipe ganhou por 80 a 72. Cestinha da partida com 23 pontos, Huertas chamou o jogo no segundo tempo, fazendo 20 pontos nos 20 minutos finais, o prêmio de melhor jogador do campeonato não poderia ir para outra pessoa.

Aos 36 anos, Marcelinho Huertas, mesmo não conseguindo ir para a final da liga espanhola na temporada 2020-21, terminou a temporada com um dos melhores índices de sua carreira. Na equipe das Ilhas Canárias desde o início da temporada, o brasileiro anotou 13,1 pontos por jogo na Liga ACB e foi o líder em assistências da competição, com média de 8,1 passes para cestas. A média de assistências pelo campeonato é a maior da carreira de Marcelinho.


1º. OSCAR SCHMIDT

Oscar Daniel Bezerra Schmidt nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, em 1958.
Posição: Ala
Carreira: de 1974 a 2003
Principais Títulos: pelos clubes, Copa Intercontinental da FIBA (1979), Campeonato Sul-Americano de Clubes (1979), 3x campeão brasileiro (1977, 1979, 1996), 2x campeão italiano da segunda divisão (1983 e 1991), campeão da Copa da Itália (1988); pela seleção brasileira, bronze na Copa do Mundo (1978), campeão dos Jogos Pan-Americanos (1987), 3x campeão Sul-Americano (1977, 1983 e 1985);
Honras: maior cestinha da história dos Jogos Olímpicos, maior cestinha da história da Copa do Mundo, 7x cestinha do campeonato italiano, 10x selecionado para o Jogo das Estrelas do campeonato italiano, cestinha do campeonato espanhol (1994), 2x selecionado para o Jogo das Estrelas do campeonato espanhol, 8x cestinha do campeonato brasileiro, membro do Hall da Fama do Basquete, membro do Hall da Fama da FIBA, membro do Hall da Fama do basquete italiano, camisa #18 aposentada pela Juvecaserta, camisa #11 aposentada pela Pavia, camisa #14 aposentada pelo Flamengo.


Quase todo brasileiro sabe, no mínimo, quem é Oscar. Os que gostam de esportes sabem que ele foi um jogador de basquete muito bom. Quem acompanha basquete, especificamente, sabe que ele é o maior jogador brasileiro que já jogou. Mas alguns talvez não saibam que ele é o jogador que mais pontos marcou na história do basquete, com 49.737 pontos marcados em clubes e seleção (Kareem Abdul-Jabbar, o maior cestinha da história da NBA, marcou pouco mais de 38 mil). Ou que ele seja, até hoje, o maior cestinha da história dos Jogos Olímpicos (1.093 pontos totais em 38 jogos). Ou que ele detenha os recordes de pontos em uma única partida em ambas, Olimpíadas (55 pontos) e Copa do Mundo (52 pontos). Oscar tem o respeito que merece, mas talvez uma boa parte dos fãs de basquete brasileiros não tenham uma noção exata do tamanho da lenda que é o potiguar "Mão Santa".

Se pararmos para pensar, como o basquete europeu ainda não é tão popular fora da Europa hoje (se comparado à NBA), imagina como era para um brasileiro que vivia o esporte nos anos 1980, para ter acesso a detalhes dos campeonatos de lá, sem sequer acesso à internet. Mas basta saber que Kobe Bryant o chamou de seu ídolo da infância, quando seu pai jogava na Itália.

Oscar iniciou a carreira nas categorias de base do Palmeiras, em 1974, onde jogou por cinco anos. Ele começou a ganhar projeção internacional relevante quando foi um dos cestinhas da seleção (17,7 pontos por jogo) na Copa do Mundo de 1978, competição na qual o Brasil terminou a fase semifinal em terceiro lugar, derrotando a Itália na disputa do bronze. Em 1979 ele passou para o Esporte Clube Sírio Libanês, também de São Paulo, com o qual conquistou a Copa Intercontinental da FIBA (o "Mundial de Clubes"). Na final contra o então campeão da Euroliga, o Bosna, da Iugoslávia, o ala acabou com a partida, marcando 42 pontos para o Sírio. Mal sabia ele que aquela performance no torneio seria um dos seus principais passaportes para o basquete europeu.

Quem treinava o Bosna naquele mundial de 1979 era Bogdan Tanjevic. Em 1982, após ter passado dois anos na comissão técnica da seleção de seu país, a Iugoslávia, ele aceitou o convite para treinar a pequena Juvecaserta Basket (chamada por razões de patrocínio Indesit Caserta, na época), da região da Campânia, na Itália. Até aquele momento, o clube havia passado os primeiros 30 anos de sua existência lutando para subir de divisões, alternando presenças na terceira e na segunda do campeonato italiano, sem nunca ter alcançado a elite. Mas Tanjevic mudaria isso e, para tal, uma de suas primeiras atitudes para erguer o clube foi pedir a contratação de seu algoz em anos anteriores: Oscar.

Pelas oito temporadas seguintes, a pequena cidade de Caserta veria seu pequeno clube ser erguido à condição de um dos principais clubes, na liga mais forte da Europa ocidental naquele período. Além de, por duas vezes, ficar a uma vitória de um título europeu. E não há como dizer que Oscar não tenha sido o grande responsável por isso. O primeiro passo foi na temporada 1982-83, quando o clube ainda estava na segunda divisão. Oscar foi o melhor jogador do time no torneio, com médias de 29,9 pontos, 8,7 rebotes e 2,5 roubadas de bola por jogo. A Caserta subiria para a elite no ano seguinte, após ter tido a segunda melhor campanha do campeonato (21-9) e o melhor ataque da competição. Além da promoção, a equipe também pôde, através do "exótico" formato da Serie A, participar dos playoffs da primeira divisão daquele ano: os quatro primeiros colocados da primeira divisão iriam direto para as quartas-de-final, enquanto os times de quinto a oitavo disputavam as oitavas-de-final com os quatro primeiros colocados da primeira divisão. Isso lhe permitiu ser uma das quatro representantes italianas na Copa Korac do ano seguinte, a competição européia de terceiro nível daqueles tempos.

No primeiro ano disputando a Serie A, a Caserta não fez feio. Um oitavo lugar na temporada regular, que lhe levou novamente às oitavas-de-final, onde eliminaram a Reggiana, líder da segunda divisão. Mas o time caiu nas quartas diante da gigante Olimpia Milano. Para Oscar, foi o primeiro de vários anos especiais: ele foi o maior pontuador do campeonato, com uma média de 28,1 pontos e 8,6 rebotes. O grande palco não estava assustando o brasileiro. Pelo contrário: ele dominava os defensores em um dos campeonatos mais difíceis do planeta. Naquele ano, também, a Caserta ainda chegaria à final da Coppa Italia e às quartas da Copa Korac, em sua primeiríssima participação em competição européia.

A primeira temporada de Oscar na primeira divisão não foi um "acidente". De maneira incrível, ele não seria o cestinha do campeonato italiano somente naquela temporada 1983-84, mas também em todas as cinco temporadas seguintes. Sim. De 1983 a 1989, nenhum jogador marcou mais pontos que Oscar no campeonato italiano. E carregada pelo desempenho fantástico do "Mão Santa", a Caserta começou a alçar vôos mais altos coletivamente. Foi naquele verão, também, que o jogador foi selecionado no Draft da NBA pelo New Jersey Nets, na 6ª rodada (131ª escolha), mas optou por não jogar na liga, pois, naqueles tempos, jogadores da NBA não eram permitidos defender suas seleções nacionais. Ele chama a recusa de "a decisão mais fácil" de sua vida. Especula-se, também, que se ele fosse para a NBA naquele período, ele receberia um salário três vezes menor do que o que recebia na Caserta, o que pode tê-lo influenciado também.

Na temporada 1984-85, em que Oscar teve a média de 30,0 pontos por jogo, 7,7 rebotes, 2,1 roubadas de bola e acertou 50% dos arremessos de três, o time ficou em quinto na temporada regular e foi eliminado na semifinal, para a gigante Varese. O banco de dados da liga italiana não tem muitos detalhes anteriores a 1987, mas sabe-se que no ano de 1984 ele marcara 60 pontos em um jogo. Na temporada seguinte, impulsionada pelos 30,7 pontos de média e 8,0 rebotes de média de Oscar, o time chegou ao ponto que talvez nenhum torcedor imaginaria, alcançando a grande final do campeonato italiano, em que caíram diante da Olimpia. Naquela mesma temporada, eles também "bateriam na trave" quando chegaram à final da Copa Korac, sua primeira final européia. Em uma final italiana, nem mesmo os 26 pontos de média (33 no primeiro jogo e 19 no segundo) foram suficientes para superar a Virtus Roma, clube que havia ganhado um scudetto e uma Euroliga nos quatro anos anteriores.

Se três anos seguidos como cestinha da Serie A, marcando pelo menos 28 pontos por jogo em cada uma deles, foi impressionante, o que Oscar faria nos quatro anos seguintes seria mais ainda. Já dando um spoiler, nas quatro temporadas entre 1986-87 e 1989-90, Oscar nunca teria uma média de pontos menor do que 33,7 por jogo. Mas, mesmo com esse desempenho fantástico, a Juvecaserta não conseguiu montar equipes ao redor dele boas o suficiente para chegar ao tão almejado título italiano.

Após perder a final do scudetto na temporada 1986, eles fizeram outra grande campanha na Serie A de 1986-87. Na temporada regular, a campanha foi mediana (17-3, para um modesto sexto lugar), mas nos playoffs eles simplesmente atropelaram todos os times que viram pela frente, chegando à final novamente, deixando pelo caminho gigantes como a Virtus Bologna e a Cantu, mas foram varridos pelo Olimpia Milano na final. Vale lembrar que esse super time da Olimpia, de Mike D'Antoni, Bob McAdoo e Dino Meneghin, estava vencendo seu terceiro scudetto consecutivo e havia acabado de vencer o primeiro título do bicampeonato da Euroliga semanas antes.

Foi na temporada 1987-88 que a Caserta pôde, finalmente, levantar o primeiro troféu de sua história. Com uma campanha invicta, o time consagrou-se campeão da copa da Itália, derrotando a Varese na grande final. Mas o gosto amargo dos fracassos na busca pelo scudetto continuavam, com o time caindo nas quartas-de-final do campeonato. Na Serie A daquele ano, Oscar teria a média inacreditável de 37,2 pontos por jogo, em 32 partidas disputadas. Ele fez pelo menos 40 pontos em 13 deles e pelo menos 50 em quatro deles. E se por um lado o título italiano não veio, o título da Coppa garantiu a primeira participação do time na Copa Saporta, a segunda competição européia de clubes mais importante na época, destinada aos campeões de copas nacionais.

A temporada seguinte não foi de conquistas para a Caserta, novamente. Mesmo com os 35,6 pontos por jogo de Oscar, a equipe não passou das quartas-de-final do campeonato italiano e foi vice da copa da Itália. Mas eles alcançaram também a segunda final européia de sua história, ao chegarem à finalíssima da Copa Saporta, citada anteriormente, na qual encontraram o Real Madrid de Drazen Petrovic. Na campanha, eles eliminaram o Zalgiris Kaunas, de Arvydas Sabonis, na semifinal. Neste inacreditável jogo da final contra os espanhóis, Oscar e Petrovic travaram um duelo histórico, em que o brasileiro fez 44 pontos e o iugoslavo respondeu com 62, seu recorde pessoal. Mas os italianos venderam caro essa partida, com Oscar empatando o jogo com um arremesso fantástico do meio da rua, deixando 8 segundos no relógio para o Real tentar evitar a prorrogação, mas sem sucesso. Com o brasileiro cometendo sua quinta falta e deixando o jogo no tempo extra, o Real prevaleceu e venceu por 117 a 113.


Outra vez, na temporada 1989-90, Oscar seria o cestinha máximo da Serie A, anotando uma média de 32,7 pontos por jogo. Porém, terminaria ali a sua passagem pela Caserta. Ao fim daquela temporada, após mais uma queda na semifinal dos playoffs da Serie A e nenhum outro feito, o clube decidiu começar uma remontagem de seu elenco. Eles não renovaram com Oscar e entregaram o time nas mãos do jovem armador Nando Gentile, além de fazer outras contratações para a temporada seguinte. E a estratégia deu certo, pois, finalmente, o clube se sagraria campeão italiano na temporada 1990-91, cruelmente já sem o maior jogador de sua história.

Após não ter seu contrato renovado com a Caserta, Oscar, prestes a completar 32 anos, escolheu permanecer na Itália e assinou com a modesta Pallacanestro Pavia (chamada Fernet Branca Pavia por razões de patrocínio na época), da Lombardia. Naquela temporada 1990-91, o time se encontrava na segunda divisão e não jogava a primeira desde 1958. Como vocês podem imaginar, Oscar mudou essa história.

Naquele ano, ele não fez menos do que 27 pontos em nenhuma das 40 partidas. Destas, em somente 13 ele fez menos do que 40 pontos e fez pelo menos 50 onze vezes. Foi durante essa temporada que ele superou o pivô americano Chuck Jura e se tornou o maior cestinha da história do basquete italiano. O pequeno clube conseguiu sua tão sonhada promoção para disputar a Serie A na temporada 1991-92, com Oscar tendo a média histórica de 44,0 pontos por jogo.

Infelizmente, a aventura da Pavia na primeira divisão durou muito pouco, com o time sendo rebaixado após uma única temporada. Naquele 1991-92, Oscar estabeleceria seu recorde pessoal, anotando 66 pontos em um jogo, contribuindo para a média final de 37,7 pontos por jogo. No ano seguinte, seu último na Itália, ele voltou a jogar a segunda divisão com o clube lombardo e foi novamente seu cestinha, marcando 39,6 pontos por jogo.

Em 11 temporadas no basquete italiano, Oscar totalizou 13.957 pontos marcados, batendo por muito o recorde anterior, estabelecido por Jura, mencionado anteriormente, de 9.870 pontos. Essa marca foi alcançada em 403 partidas, dando-lhe uma média de 34,6 por jogo, e só foi superada pelo lendário Antonello Riva no ano de 2000, mas com o mesmo tendo disputado muito mais partidas (785 ao fim da carreira). Até o dia de hoje, Oscar detém o recorde de cestas de três pontos totais marcadas na Itália, com 1.558. Ele também ainda é o jogador que mais vezes marcou 50 pontos ou mais, fazendo-o 28 vezes.

No verão europeu de 1993, Oscar partiu para a Espanha, onde defendeu por duas temporadas a camisa do Valladolid. Apesar da fraca campanha do time, que seria rebaixado dentro de quadra naquela temporada 1993-94, Oscar ainda foi o cestinha máximo da ACB naquele ano, anotando uma média de 33,3 pontos por jogo, quase o dobro do melhor jogador e MVP do campeonato, Sabonis, do Real Madrid. O Valladolid pôde permanecer na primeira divisão após o Cajabilbao abrir mão de sua vaga. Em sua última temporada no basquete europeu, Oscar anotou 24,0 pontos por jogo, aos 36 anos, sendo o segundo maior cestinha do campeonato espanhol. Ele retornaria para o Brasil em 1995 e se aposentaria em 2003.


Com a camisa do Brasil, a qual defendia com tanta paixão e a qual o fez ser conhecido até pelos brasileiros que não sabem as regras do esporte, Oscar também foi um dos melhores jogadores do planeta. Todos lembram a histórica vitória nos Jogos Pan-Americanos de 1987, quando o Brasil deu à seleção dos EUA sua primeira derrota da história em casa, pois ela se tornou tão midiática. Mas ele também é um dos jogadores mais importantes da história dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo, ainda que o Brasil não tenha conseguido vencê-las com Oscar.

Oscar é o maior pontuador da história das Olímpiadas, tendo marcado 1.093 pontos totais (28,8 por jogo) em cinco edições disputadas entre 1980 e 1996. Ele detém o recorde de pontos em um único jogo masculino (55, contra a Espanha, em 1988). Na edição de Seul, inclusive, ele teve a maior média de pontos de qualquer jogador na história do torneio masculino, com 42,2 por jogo.

Em Copas do Mundo, ele também é o maior cestinha da história, tendo marcado 906 pontos totais (26,7 por jogo), em quatro edições disputadas. Na Copa de 1990, ele foi o cestinha geral, com uma média de 34,6 pontos por jogo. Os 52 pontos que ele marcou contra a Austrália naquela edição são, até hoje, um recorde das Copas do Mundo masculinas.


Quinteto Ideal de Brasileiros na Europa



Menções honrosas:

Vítor Benite: ao fim da temporada 2020-21 ele terminou sua quinta temporada consecutiva no basquete europeu, sendo um dos destaques do San Pablo Burgos.

Jonathan Tavernari: com passagens pelo basquete universitário americano e pelo Brasil, o ala-pivô fez sua carreira na Itália, onde jogou pela primeira vez em 2011 e ali está sem interrupções desde 2014, após deixar o Pinheiros.

Raulzinho: antes de partir para a NBA, o armador mineiro disputou quatro temporadas na ACB, entre 2011 e 2015.

Paulão Prestes: o pivô jogou na Europa entre 2006 e 2013, na maioria do tempo na Espanha, mas com uma passagem pela Lituânia.

Scott Machado: entre 2014 e 2017, o armador teve passagens pela França, Estônia, Alemanha e Espanha, antes de tentar a sorte novamente na NBA.

Alex Garcia: após deixar a NBA e voltar para o Brasil, o ala-armador foi contratado por uma temporada pelo Maccabi Tel Aviv. Ele, inclusive, foi o cestinha do time na semifinal da Euroliga daquele ano (19 pontos, 20 de PIR), da qual o Maccabi foi vice-campeão.

Lucas Nogueira: antes de se juntar ao Toronto Raptors na NBA, "Bebê" jogou na Espanha entre 2011 e 2014. Ele retornou ao país brevemente em 2018.

Marcel: um dos maiores jogadores da história da seleção brasileira, Marcel teve duas passagens pela Itália: em 1983-84, jogou na Juvecaserta (ao lado de Oscar) e entre 1986 e 1989, jogou na Fabriano Basket.

Marquinhos Souza: o Marquinhos desta geração teve duas passagens breves pela Itália, ambas pela Sutor Montegranaro, em 2004-05 e 2009-10.

Marquinhos Abdalla: o Marquinhos das décadas de 1970 e 1980, o primeiro brasileiro da história a ser selecionado no Draft da NBA (1976), teve duas passagens pela Itália, defendendo a Athletic Genova (de 1976 a 1978) e a Virtus Bologna (1980-81).

Marcus Toledo: o hoje ala-pivô do Pinheiros se destacou no Brasil ainda na adolescência e já aos 17 anos foi jogar na Europa, onde se profissionalizou. Ele jogou por cinco clubes do basquete espanhol entre 2004 e 2013, antes de voltar para o basquete brasileiro.

Marcelinho Machado: a super-estrela do Flamengo e da seleção jogou na Europa em duas oportunidades. Entre 2002 e 2004, ele passou pelas segundas divisões da Itália e da Espanha. Na temporada 2006-07, ele defendeu o gigante Zalgiris Kaunas, com o qual foi campeão do campeonato e da copa lituanos, além de disputar 12 jogos na Euroliga.


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