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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

História do Basquete da União Soviética

The Soviet Union Basketball History
Historia del Baloncesto de Unión Sovietica


A União Soviética (URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) foi um estado sob Regime Socialista que existiu entre 1923 e 1991 reunindo 15 repúblicas: Armênia, Azerbaijão, Bielo-rússia, Estônia, Geórgia, Cazaquistão, Quirquistão, Letônia, Lituânia, Moldávia, Rússia, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão. Seu território tinha uma área de 22,4 milhões de km² (dos quais 17,1 milhões de km², 76% do território, era a Rússia, onde estava 50% da população). A união perdurou até 1990, quando a URSS, frente a uma gravíssima crise sócio-econômica, foi dissolvida. Após seu fim, 11 destas repúblicas (somente os Países Bálticos - Estônia, Letônia e Lituânia - e a Geórgia não fizeram parte) formaram a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que na prática nunca teve um papel bem definido. As 15 repúblicas, desde então, passaram a ser independêntes, países autônomos.


Sua história se inicia em 1917, quando a Revolução Russa derrubou o Regime dos Czares e deu início a uma Guerra Civil que durou até dezembro de 1922 e foi vencida pelo Partido Bolchevique, que formatou a União Soviética, sob um Regime Socialista, de economia planificada e autoritarismo político.


Na Segunda Guerra Mundial, os planos imperialistas de Hitler fizeram a Alemanha Nazista invadir a URSS, levando o estado soviético a participar da reconquista da Europa, que se deu por dois extremos: EUA de um lado e URSS do outro acuaram a Alemanha e reverteram o expansionismo segregacionista da Alemanha. Da vitória na Segunda Guerra emergiu a bipolaridade da Guerra Fria, com o Regime Capitalista dos Estados Unidos e o Regime Socialista da União Soviética. Uma bipolaridade que marcou o mundo por quase 50 anos e deixou suas marcas também no esporte, bipolarizando a disputa nos Jogos Olímpicos de 1948 a 1988.

As repúblicas que formaram a URSS já tinham tradição no basquete. Vieram dos Países Bálticos os três primeiros campeões do Campeonato Europeu (Eurobasket): a Letônia em 1935 e a Lituânia, Bi-Campeão em 1937-1939, tendo no segundo título superado a Letônia na final.

Depois de unidos como um só país, a hegemonia soviética em solo europeu se consolidou logo a partir de sua primeira participação no Campeonato Europeu, em 1947, quando se sagrou campeã. A equipe não disputou os torneios de basquete nas Olimpíadas de 1948, no Eurobasket 1949 nem no Mundial de 1950.

Depois, foi bi-campeã do Eurobasket em 1951 e 1953, ficou em terceiro em 1955 (derrotas para Tchecoslováquia e Hungria), e daí iniciou a impressionante sequência de 8 títulos consecutivos (57/59/61/63/65/67/69/71). Hegemonia absoluta na Europa e clima de Guerra Fria em Olimpíadas, mas sem final feliz para os soviéticos: nas edições de 1952, 1956, 1960 e 1964 a União Soviética perdeu a final para os Estados Unidos e ficou com a Medalha de Prata.

Os primeiros grandes nomes do basquete da URSS foram Stepas Butautas - nascido na Lituânia, e que defendeu a seleção de 1947 a 1953 -, Otar Korkiya - nascido na Geórgia, e que defendeu a seleção de 1947 a 1955 -, e Viktor Zubkov - nascido na Rússia, e que defendeu a seleção de 1956 a 1963.


Em Mundiais, a seleção soviética não jogou as edições de 1950 e 1954. Em 1959, teria sido campeã, mas se negou a entrar em quadra para enfrentar Formosa (atual Taiwan) e foi punida com perda de pontos pela FIBA. Disputou o Mundial de 1963, no Rio de Janeiro, e acabou superada pelo Brasil, ficando sem o título. Só veio a conquistar o Campeonato Mundial pela 1ª vez em 1967, título que só voltou a conquistar em 1974 e 1982.

O ápice da história do basquete soviético veio em 1972, quando, num jogo altamente controverso, superou os EUA na final dos Jogos de Munique e conseguiu pela primeira vez a Medalha de Ouro. Esta geração da URSS tinha como grandes destaques a Modestas Paulauskas - nascido na Lituânia, e que defendeu a seleção de 1965 a 1974 -, e os irmãos russos Sergei Alexandrovich Belov e Alexander Alexandrovich Belov. Sergei Belov defendeu a seleção por 13 anos, de 1967 a 1980, e Alexander Belov defendeu a seleção de 1969 a 1976, e foi o responsável pela cesta no último segundo que garantiu o Ouro em 72.

Final Olímpica de 1972


Modestas Paulauskas
Carreira: 1962-1976 Zalgiris Kaunas

Sergei Belov
Carreira: 1964-1967 Uralmesh; e 1968-1980 CSKA Moscou

Alexander Belov
Carreira: 1966-1978 Spartak de Leningrado

Apesar do título nas Olimpíadas de 72, os anos 1970 não foram bons para o basquete soviético, que perdeu a hegemonia européia para a Iugoslávia, tri-campeã do Eurobasket em 73-75-77. Ainda ficou fora da final nos Jogos Olímpicos em 1976 e 1980, ambas as vezes por causa de sua algoz no período 1975 a 1980: a Iugoslávia. Em 80, uma derrota ainda mais dolorosa por ter sido jogada em Moscou, num torneio sem a presença dos Estados Unidos. O time soviético tinha grandes nomes, como Anatoli Myshkin - nascido na Rússia, e que defendeu a seleção de 1976 a 1983 -, e Vladimir Tkachenko - nascido na Ucrânia, e que defendeu a seleção de 1976 a 1987, um gigante, com 2,21m.


Anatoli Myshkin
Carreira: 1976-1984 CSKA Moscou; e 1984-85 Dínamo de Moscou

Vladimir Tkachenko
Carreira: 1975-1989 CSKA Moscou

Nos anos 80, o basquete da Europa foi reconquistado, mas sem os sinais de hegemonia de outrora. Bi-campeã do Eurobasket em 1979-81, ficou fora da final em 83 (derrota para a Espanha na semi-final por 95 x 94) e voltou a levantar o troféu máximo do continente em 1985. Nas duas edições seguintes, encontrou um novo algoz, a Grécia: em 87 perdeu a final (103 x 101) e em 89 a semi-final (81 x 80) para os gregos. Perdeu as finais de Mundial em 78 (para Iugoslávia), 86 (para EUA) e 90 (para Iugoslávia), e faturou o título em 1982. Em Olimpíadas, boicotou a competição em 84, não disputando o torneio. E naquela que seria sua última participação olímpica, fez história, levando a Medalha de Ouro: a última grande epopéia basquetebolística soviética! O time de Ouro das Olimpíadas de 88 tinha Sarunas Marciulionis - nascido na Lituânia, e que defendeu a seleção soviética de 1987 a 1990 -, Alexander Volkov - nascido na Rússia, e que defendeu a equipe soviética de 1985 a 1990 -, e Arvydas Sabonis - nascido na Lituânia, e que defendeu a seleção de 1982 a 1990. Jogadores que após o fim da Guerra Fria, tiveram passagem pelo basquete dos EUA, onde se destacaram especialmente os lituano Marciuliones e Sabonis.


Sarunas Marciulionis
Carreira: 1981–1989 Statyba; 1989–1994 Golden State Warriors (NBA); 1994–1995 Seattle SuperSonics (NBA); 1995–1996 Sacramento Kings (NBA); e 1996-1997 Denver Nuggets (NBA)

Alexander Volkov
Carreira: 1981–1986 Budivelnik Kiev (Ucrânia); 1986–1988 CSKA Moscou; 1988–1989 Budivelnyk Kiev (Ucrânia); 1989–1992 Atlanta Hawks (NBA); 1992–1993 Reggio Calabria (Itália); 1993–1994 Panathinaikos (Grécia); e 1994–1995 Olympiacos (Grécia)

Arvydas Sabonis
Carreira: 1981–1989 Zalgiris Kaunas (Lituânia); 1989–1992 Valladolid (Espanha); 1992–1995 Real Madrid (Espanha); 1995–2001 Portland Trail Blazers (NBA); 2001–2002 Zalgiris Kaunas (Lituânia); 2002–2003 Portland Trail Blazers (NBA); e 2003–2005 Zalgiris Kaunas (Lituânia)

A tradição das ex-repúblicas soviéticas se perpetuou após a dissolução da URSS principalmente nos times da Lituânia e da Rússia. Os lituanos, em especial, foram os que obtiveram resultados mais expressivos no período imediatamente posterior ao fim da União Soviética, foram Medalha de Bronze nas Olimpíadas de 1992, 1996 e 2000, 4º lugar nas Olimpíadas de 2004 e 2008 (numa sensacional sequência de cinco semi-finais consecutivas) e foram Campeões da Eurobasket 2003. A Rússia também sempre manteve-se forte, viveu boa fase sobretudo através de Andrei Kirilenko, já no Século XXI, tendo sido Campeã do Eurobasket 2007 e Medalha de Bronze nas Olimpíadas de 2012.


Veja maisAs melhores seleções do basquete europeu no século XX



Um comentário:

  1. O Gundars Vetra(M.Timberwolves-92-93) e o base Bazarevich(A.Hawks-94) também fizeram parte da selecção da URSS e jogaram na NBA

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