A história do basquete piracicabano começa na vigésima edição dos Jogos Abertos do Interior, que foi realizada em Piracicaba de 8 a 16 de outubro de 1955, tendo como destaque dois fatos que ficaram na história do desporto local.
O fato mais marcante foi a estréia da equipe masculina de basquete do XV de Piracicaba, composta de valores como Mané Bortolotti, Paula Motta, Buck, Travaglini e ainda Wlamir e Pecente, que anos mais tarde estariam entre os “monstros sagrados” do basquete brasileiro.
Equipe do XV campeã dos Jogos Abertos de 1955
Em cima – João Arruda, Arary, Zé Côco, Travaglini, Norberto Pellegrino, João Luis, Fued Kraide (diretor).
Embaixo – Pecente, Wlamir Marques, Paula Motta, Buck e Mané Bortolotti.
Foi o início da trajetória de uma equipe que foi considerada a melhor formada por Piracicaba, estando entre as melhores do Brasil, desde a sua formação no final de 1954 até o fim da década de 60, conquistando dois títulos paulistas - 1957 e 1960 e ainda o Torneio Sul-Americano comemorativo dos 20 anos da Associação Argentina de Basquetebol, quando representou o Brasil em Buenos Aires em 1957.
Poucos anos mais tarde, vieram mais reforços de peso como Waldemar Blatkauskas, Zé Carlos, Nascimento, Tozzi, Filetti, Arthur, Mindaugas, Alemão, Zé Boquinha, Zé Obinha, Zezé Petrelli, entre tantos outros que vestiram a camisa do XV, deixando o time ainda mais afiado, respeitado e, onde quer que fosse, cotado como um dos favoritos da competição que disputava.
Foram anos de ouro do basquete piracicabano, campeão de nove edições dos Jogos Abertos do Interior e vice-campeão em outras cinco no período de 1954 a 1968.
Também foi a época em que a cidade esteve orgulhosa por contar em seu plantel com valores que se consagraram mundialmente, caso de Wlamir, Waldemar Blatkauskas, Pecente e do técnico João Francisco Brás, assistente da seleção brasileira campeã mundial em 1959 e 1963.
O basquete masculino dos Jogos Abertos de 1955 teve 63 equipes que inscreveram 712 atletas. Os torneios da época seguiam o sistema de eliminatória simples, classificando o vencedor de cada jogo para a fase seguinte, ou eliminatória dupla, onde a equipe era eliminada na segunda derrota. O quinteto piracicabano realizou cinco jogos, venceu todos, marcou 330 pontos contra 184 sofridos. Os resultados foram os seguintes:
Piracicaba 61 x 21 Caçapava
Piracicaba 85 x 41 Rio Claro
Piracicaba 70 x 36 Botucatu
Piracicaba 54 x 34 Limeira
Piracicaba 60 x 52 São Carlos
Os Jogos Abertos do Interior de 55 também marcaram a estréia oficial de Wlamir Marques pelo basquete de Piracicaba. Aliás, uma ótima estréia, pois foi ele o cestinha da competição com 118 pontos.
Relação dos cestinhas:
Wlamir Marques (Piracicaba) - 118 pontos
Alcino Pellegrini (Botucatu) - 95 pontos
José Micheloni (Santo André) - 86 pontos
Carlos H. Becker (Sant André) - 73 pontos
Vicente Regazzo (Limeira) - 72 pontos
João Luis Oliva (Sorocaba) - 68 pontos
A equipe piracicabana foi campeã invicta e atuou com os seguintes jogadores: Antonio Travaglini, Arary Marconi, Jesus Marden dos Santos, João Ferraz de Arruda, João Luis Morais, José Carlos Ometto (Zé Obinha), José Lázaro Coelho Renzi (Zé Côco), José da Paula Motta, Manoel Bortolotti, Milton Saliba (Buck), Pedro Vicente da Fonseca (Pecente) e Wlamir Marques. O técnico foi o santista Délio Paranhos de Miranda.
EM 1957, O MAIOR FEITO: CAMPEÃO DA COPA DO ATLÂNTICO
A conquista da Copa do Atlântico, realizada em 1957, na Argentina, é um fato que poucos esportistas conhecem, salvo aqueles que viveram e acompanharam a trajetória do basquete piracicabano nas décadas de 50 e 60, quando o XV de Piracicaba possuía uma das melhores equipes do Brasil.
A história dessa competição começou em janeiro de 1957, quando a Federação Paulista de Basketball – FPB - recebeu comunicado da Associação de Basquete da Argentina – ABA, informando sobre a realização de um torneio comemorativo de seus 20 anos de fundação. O comunicado da ABA também firmou convite para que uma equipe brasileira estivesse presente ao lado das seleções do Uruguai, da cidade Buenos Aires e da seleção Portenha.
A Federação Paulista, por sua vez, comunicou o convite aos seus filiados, despertando o interesse de algumas equipes que logo visualizaram uma oportunidade de ganhar experiência internacional.
Assim, a FPB abriu inscrição para um torneio que denominou “Gualberto Moreira”, cujo vencedor seria o representante brasileiro no quadrangular da ABA. Esse torneio acabou se transformando em um campeonato do interior, pois os clubes da capital não demonstraram interesse.
Dentre as equipes participantes estiveram Tênis Clube de São José dos Campos, Votorantin de Sorocaba, São Carlos Clube e o XV de Piracicaba, que bateu todos os seus adversários, ganhando o direito de representar o Brasil na Copa do Atlântico na Argentina.
A delegação do XV de Piracicaba viajou para a Argentina composta dos atletas Wlamir, Pecente, Buck, Enio, Heitor, Nascimento, Gatti, Mané Bortolotti, Cyro, Zé Obinha, Paula Mota e Amaury Passos. O técnico foi João Francisco Bráz. Chefiando a comitiva brasileira foram Antonio Kraide, diretor do XV e representantes da FPB. O time levou um reforço de peso: o experiente Amaury Passos, ala/pivô do CR Tietê-SP e da seleção brasileira.
A Copa do Atlântico aconteceu de 18 de março a 1º de abril de 1957, no Luna Park, ginásio argentino que recebeu excelente público em todos os jogos, lotando suas dependências para ver de perto alguns dos melhores jogadores da América do Sul.
O XV de Piracicaba saiu vencedor nos três jogos que realizou. No primeiro compromisso enfrentou e venceu a seleção uruguaia. No segundo bateu a seleção de Buenos Aires, formada por jogadores da capital argentina. E no terceiro encontro, o jogo do título, o alvinegro piracicabano superou a seleção portenha, integrada por atletas dos clubes do interior da Argentina, e se sagrou campeão da Copa do Atlântico.
O jornalista Osvaldo Bentini, da Gazeta Esportiva Ilustrada, que viajou junto com a delegação piracicabana para a cobertura do evento, fez o seguinte relato à época: “Este feito, contudo, não pertence apenas ao XV de Piracicaba, que foi grande na sua conquista, mas também ao Brasil, pois serviu para ratificar a posição de destaque que nossa pátria ocupa no cenário esportivo mundial”.
Esse foi o único título internacional ganho pelo XV. Um título que veio com sabor especial por dois motivos: primeiro, por ter reunido os melhores jogadores da América do Sul e duas importantes seleções, Argentina e Uruguai, principais rivais do Brasil, e segundo, por ter sido campeão dentro do território argentino, feito sempre difícil.
Final entre XV e Seleção Portenha no Ginásio Luna Park - Alvinegro piracicabano de uniforme mais escuro
Nascimento e Wlamir disputam o rebote observados por Mané (7), Pecente (13) e Zé Carlos
A campanha
XV de Piracicaba 61 x 48 Seleção do Uruguai
Data: 18 de março de 1957
1º tempo: 24 x 15 / 2º tempo: 37 x 33
Arbitragem: José Carlos de Oliveira (BRA) e Alfonso Almico (URU)
XV de Piracicaba – Wlamir (11), Amaury (16), Mané Bortolotti (8), Pecente (10), Nascimento (9), Paula Mota (5), Zé Obinha (2), Buck (0) e Ênio (0).
Seleção do Uruguai – Blanco (2), Hector (17), Mera (3), Garcia (8), Pelaez (4), Pedragosa (6), Leon (8), Nicoli (0) e Roberto (0).
Nota: essa foi a primeira vitória de uma equipe brasileira frente ao conjunto uruguaio fora do Brasil.
XV de Piracicaba 64 x 62 Seleção de Buenos Aires
Data: 29 de março de 1957
1º tempo: 33 x 26 / 2º tempo: 31 x 36
Arbitragem: José Carlos de Oliveira (BRA) e Alberto Mayer (ARG)
XV de Piracicaba – Zé Carlos (6), Paula Mota (3), Wlamir (12), Amaury (21), Mané Bortolotti (24), Pecente (8) e Nascimento (0).
Seleção de Buenos Aires – Vasino (17), Cury (23), Vasquez (1), Murilas (2), Oliveira (1), Marzorati (2), Gazzo (9), Ruggia (2), Chime (5) e Marzeranti (0).
XV de Piracicaba 68 x 48 Seleção Portenha
Data: 1º de abril de 1957
1º tempo: 31 x 21 / 2º tempo: 37 x 27
Arbitragem: José Carlos de Oliveira (BRA) e Juan Bulla (ARG)
XV de Piracicaba – Amaury (13), Pecente (4), Mané Bortolotti (16), Wlamir (7), Zé Carlos (11), Nascimento (3), Paula Mota (4), Buck (4), Zé Obinha (3) e Heitor (3).
Seleção Portenha – Trabio (2), Soligon (7), Sanmiguel (8), Pagliari (9), Felpucci (7), Giorgio (5), Villa (6), Rubio (2), Lopes (1), Tropoli (1) e Breguero (0).
Cestinhas
Nos três jogos que disputou o XV marcou 193 pontos, média de 64,3 pontos por partida. Os principais da equipe alvinegra foram: Amaury Pasos – 50 pontos / Mané Bortolotti – 38 pontos / Wlamir Marques – 30 pontos / Pecente – 22 pontos / Zé Carlos – 17 pontos / Paula Mota – 12 pontos / Nascimento – 12 pontos / Zé Obinha – 5 pontos / Buck – 4 pontos / Heitor – 3 pontos
Fonte: Secretaria de Esportes e Lazer de Piracicaba
http://www.selam.piracicaba.sp.gov.br/site/acervo-esportivo
Marcel, boa tarde.
ResponderExcluirAndo fazendo umas pesquisas sobre basquete e cheguei a esse blog, achei ele sensacional e gostaria de ter contato com vocês para algumas consultas sobre a história do basquete no Brasil, pois estou com um projeto em que precisarei de algumas informações que não acho com facilidade pela internet.
Espero que possamos mesmo manter um contato.
Abs
meu email está no meu perfil do blogger. só clicar lá no meu nome e entrar em contato.
ExcluirAbs