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quinta-feira, 22 de maio de 2014

O primeiro jogo da NBA na América do Sul

El primero partido de NBA en Sudamerica

NBA Global Games Rio 2013

Um histórico jogo, a primeira partida da NBA na América do Sul. Diante de 13.655 espectadores, o Chicago Bulls tomou um sufoco no final do jogo, mas superou o Washington Wizards, por 83 a 81.

Chicago Bulls vs Washington Wizards na Arena Olímpica da Barra da Tijuca

Mesmo sem contar com suas principais estrelas, o armador Derrick Rose e o ala/pivô Joakim Noah, que minutos antes da partida começar foram vetados pelos médicos da equipe, o Chicago mostrou um bom padrão de jogo e dominou os três primeiros períodos, tomando um verdadeiro sufoco no final do confronto. Rose foi poupado já que volta de uma lesão no joelho que o tirou de toda a última temporada da NBA. Já Noah, que treinou toda a semana, está com um problema muscular.


O cestinha da partida foi o ala-pivô Taj Gibson, do Bulls, que fez 18 pontos e pegou 8 rebotes. Destaque também para ala britânico Luol Deng, que registrou 14 pontos. Pelo lado dos Wizards, o melhor em quadra foi o ala-armador Bradley Beal, que fez de 16 pontos, o ala Martell Webster fez 15 pontos.

Com poderosas enterradas de Taj Gibson, o Chicago abriu 13 pontos no primeiro período (21 a 8). Depois, com uma boa sequência de Martell Webster, o Washington fez 10 a 2 nos últimos minutos e encerrou o quarto atrás por apenas cinco pontos (23 a 18).


No segundo quarto, o Chicago Bulls, mesmo com boa parte dos reservas em quadra, tornou a ter boa diferença a seu favor e fechou a primeira metade do jogo com 44 a 35 a seu favor no placar.

No intervalo, os ex-jogadores Scottie Pippen, Horace Grant e Randy Brown foram ao centro da quadra e receberam calorosos aplausos do público presente no histórico jogo no Rio de Janeiro. Oscar Schmidt também foi homenageado e recebeu ovação ainda mais calorosa.

Selecionando bem seus arremesso, o Chicago Bulls manteve-se por um bom tempo com a diferença acima dos dez pontos. Ainda preferindo usar mais o jogo próximo ao garrafão, o time vermelho e preto chegou a colocar 14 pontos de frente (66 x 52), mas foi para o último quarto vencendo por 11 pontos (73 x 62).

Vaiado pelos pedidos de dispensa constantes da Seleção Brasileira, o pivô brasileiro Nenê Hilário ficou apenas pouco mais de 20 minutos em quadra, acertou só um dos seis arremessos e ficou sentado no banco de reservas durante todo o último quarto. A questão não é só a ausência da seleção desde que entrou na NBA (foram 9 pedidos de dispensa em 12 convocações) nem a preferência que deu a sua carreira profissional, a questão é que o pivô brasileiro não justificou muitos dos seus pedidos de dispensa, ainda que em alguns deles de fsto houvesse lesões e dramas pessoais (o pivô teve um câncer de testículo).

Também presente na arquibancada do ginásio, Leandrinho também recebeu vaias quando sua presença foi anunciada pelos alto-falantes. A questão é que a Seleção Brasileira fez a pior campanha de sua história na Copa América e ficou pela primeira vez na história fora do Mundial. Nenê e Leandrinho (assim como os outros brasileiros da NBA não estiveram presentes, assim como se ausentaram no Pré-Olímpico de 2011, quando o Brasil, depois de 16 anos, conseguiu novamente se classificar para as Olimpíadas).

Nenê, camisa 42 do Washington Wizards

Quanto ao jogo em si, defendendo melhor do que no jogo inteiro, o Wizards colocou mais intensidade em seu jogo ofensivo, liderado por Bradley Beal e Glen Rice Jr, o time de Washington fez 17 x 4 nos cinco primeiros minutos do último quarto e virou o jogo: 79 x 77.

Nos dois minutos finais, os Bulls fizeram cinco pontos consecutivos e trataram de retomar a liderança do placar (82 a 79). Logo em seguida, dois lances livres do Washington deixaram a diferença em um ponto e o duelo ficou dramático (82 a 81). O ala/pivô dos Bulls Taj Gibson teve dois lances livres a seu favor, mas aproveitou apenas um e a vantagem ficou em dois tentos. Os Wizards tiveram a bola do jogo na mão, mas o armador Eric Maynor desperdiçou o arremesso final e não conseguiu reverter o placar.

Uma noite espetacular, resumida nas palavras de Arnon de Mello, diretor executivo da NBA no Brasil: "O chefe (Adam Silver, comissário da NBA) saiu sorrindo, então acho que é um bom sinal. A HSBC Arena é hoje o ginásio mais preparado do Brasil, que nos dá condições de fazer o espetáculo que fizemos e trazer essa experiência da liga ao país".



CHICAGO BULLS 83 x 81 WASHINTON WIZARDS
12 de outubro de 2013 - Arena Olímpica da Barra da Tijuca (HSBC Arena)
Público: 13.655 torcedores

CHICAGO (23 + 21 + 29 + 10)
Kirk Hinrich (8), Jimmy Butler (11), Luol Deng (14), Carlos Boozer (9) e Nazr Mohammed (9).
Téc: Tom Thibodeau.
Banco: Marquis Teague (4), Mike Dunleavy (6), Tony Snell (2), Erik Murphy (2) e Taj Gibson (18).

WASHINGTON (18 + 17 + 27 + 19)
John Wall (3), Bradley Beal (16), Jan Vesely (2), Trevor Ariza (9) e Nenê Hilário (5).
Téc: Randy Wittman.
Banco: Eric Maynor (8), Glen Rice (10), Trevor Booker (3), Martell Webster (15) e Kevin Seraphin (10).



A polêmica das vaias a Nenê:

"Não quero ver o Nenê perto de mim. O povo entende tudo, não precisa falar nada. O Tiago tem todo direito de pedir um ano de descanso, Anderson a mesma coisa. Anderson já fez merda no ano passado, mas é um menino bom. Leandrinho e Nenê, não. De novo pediram dispensa. Sobre meus aplausos, foi apenas o reconhecimento, não senti nada. Sobre as vaias, é o Brasil que está vaiando. O Nenê falou do ‘meu país’ em seu discurso antes da partida e mês passado não jogou pela sua seleção. Aí tem um jogo de pré-temporada da NBA e ele vem jogar aqui. Ele não tem direito nenhum de falar em ‘meu país’. Não tenho historia com o Nenê, e não critico ele. Eu critico a atitude dele. Não há chance de conversar com eles. Leandrinho e Nenê jogaram a Olimpíada por milagre” - Oscar Schmidt, maior pontuador da história da Seleção Brasileira.

"Eu não preciso me defender de nada. Não bati, não roubei e não matei ninguém. Apesar das vaias, ainda existe muita gente que me olham e me veem como exemplo. Infelizmente muitas pessoas falam sem discernimento de causa e talvez por isso nosso basquete, de tantas glórias, ídolos e conquistas, não vai para frente como deveria.  O mais importante é o que represento para os meus companheiros de time, meus amigos e para meu país. Fico feliz e orgulhoso por ter feito coisas essa semana que impactou positivamente na vida de muitas crianças. Isso é o que me importa" - Nenê Hilário, pivô do Washington Wizards.

"É muito triste e desgastante termos que falar sobre essas coisas que só prejudicam o basquete brasileiro. Na última Copa América, infelizmente estava me recuperando de uma grave lesão de ligamento cruzado e ainda estou em fase final de reabilitação". - Leandrinho Barbosa, ex-jogador de Pheonix Suns, Toronto Raptors, Indiana Pacers e Boston Celtics.

"Ex-ídolo do basquete brasileiro (Oscar Schmidt) preocupado somente em se autopromover, criticou injustamente Leandrinho e Nenê, jogadores que com méritos e para nosso orgulho conseguiram chegar a NBA. Lamentável." - Helinho Rubens, armador de Franca, Uberlândia e Seleção Brasileira.

"É triste vaiar um atleta de seu próprio país, que acaba de defender o Brasil nos Jogos Olímpicos. Não sei se todos conhecem de perto como era a situação de Nenê, uma situação muito difícil. Eu não estava lá. É muito difícil comentar pelo que falam, fazer uma conclusão de uma coisa tão importante como essa, vendo pelo lado de fora. Sei qual era a condição do Nenê, do seu pé. Temos de entender sua postura diante disso." - Ruben Magnano, técnico argentino da Seleção Brasileira.

"Quando jogava em Murcia, o Magnano foi visitar a mim e ao Paulão Prestes, que era meu companheiro na época. No dia em que tinha marcado com ele eu tive um problema pessoal gravíssimo, bem grave mesmo. Não pude comparecer, mas avisei que não poderia. No ano seguinte, ele foi a Valência, o apanhei no aeroporto com minha mãe, tomamos café juntos, conversamos, expliquei a ele o que eu pensava sobre seleção e ele o que esperava de mim. Estava tudo alinhado, certinho, mas aí surgiu o interesse do Boston Celtics, da NBA. Era meu sonho e achei que não poderia deixar passar. Eles me pediram para eu fazer toda preparação aqui, ficar dois meses treinando e assim o fiz. Eu tenho o sonho de jogar pela seleção também, eu amo meu país, quero treinar com o Magnano. Mas Boston me queria aqui e achei que, por ser um calouro e estar começando uma história aqui, que era o momento de treinar com a franquia. O esporte é igual em todo lugar do mundo e aqui nos cobram muito para sermos trabalhadores. O que aconteceu com o Nenê de ser vaiado foi muito triste. Ele não tinha motivos para ser vaiado, tem seus motivos para as ausências. Coloco-me, desde já, a disposição para as futuras convocações. Se a CBB e o Magnano quiserem, é só me chamar que eu vou. Se não estiver machucado, obviamente eu vou". - Vitor Faverani, pivô do Boston Celtics.

Em julho de 2016, às vésperas dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, o próprio Nenê comentou o episódio: "Claro que eu fiquei triste, mas a cultura brasileira deixa a desejar um pouco. As pessoas infelizmente não apreciam quem realmente está levando o nome do Brasil lá fora e aqui. Mas nós que conseguimos ganhar a vida lá fora, porque aqui não tinha a estrutura necessária, enxergamos as coisas de uma maneira diferente. Mas foi triste sim, era um momento histórico, o primeiro jogo da NBA na América Latina, um evento daquele porte e eles escolheram aquele jogo considerando todo o tempo e o nome que nós temos lá fora, por isso que eles fizeram aquela partida também, e não foi à toa que escolheram o Washington. É claro que eles (os americanos) apreciam muito mais o atleta, pelo que ele faz e o que ele representa, e nós esperávamos esse carinho por ser no nosso país, com nosso povo, nossa família e nossos amigos, mas temos que ter discernimento e ver os dois lados". - Nenê


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