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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Biografia de Luiz Cláudio Menon

Obra imperdível para os amantes do basquete brasileiro: a Editora Maquinária lançou a biografia de Luiz Cláudio Menon, um resgate da história do basquetebol masculino do Brasil.


Luiz Cláudio Menon relata em sua biografia a alegria dos seus tempos de atleta, quando os treinos e jogos dividiam espaço com livros e plantões da Faculdade de Medicina. Nos dez anos que defendeu a Seleção Brasileira, Menon construiu um currículo invejável. O ala-pivô foi campeão do Mundial do Brasil (1963), medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo (1963), medalha de bronze no Mundial do Uruguai (1967), vice-campeão do Mundial da Iugoslávia (1970) e campeão dos Jogos Pan-Americanos de Cali, na Colômbia (1971). Para Menon, porém, a maior conquista de sua carreira foi ter sido o porta-bandeira brasileiro nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972; para ele é umas das maiores honras que um atleta pode receber. Com 1,98m e uma agilidade incomum para pivôs na época, Menon marcou 664 pontos em 50 partidas com a camisa do Brasil em competições oficiais. Ele entrou para a galeria dos imortais do Sirio, homenagem que não imaginava receber quando descobriu o basquete, arremessando bolinhas de papel em um balde de plástico que se transformava em cesta. Menon também era médico endocrinologista, com especialização em medicina tradicional chinesa.

Por suas próprias palavras: "Comecei por acaso, na juventude. Eu brincava no quintal de casa arremessando bolinha de papel em uma cesta feita com balde de plástico, sonhando em jogar com grandes atletas como Wlamir, Sucar e Rosa Branca. Depois de um ano e meio no juvenil do Palmeiras, fui convocado pela primeira vez para a seleção adulta em 1962, e nunca fui cortado, e tenho um grande orgulho disto. Depois de chegar à equipe principal, minha meta foi fazer parte do time titular e ter mais tempo de jogo, o que vim a conseguir mesmo a partir de 1965. Minha responsabilidade foi aumentando e meu jogo evoluindo. Fui cestinha do Brasil no Pan-Americano de Winnipeg em 1967 e no Mundial do Uruguai. Jogava com um grupo extraordinário. Todos faziam o melhor em quadra. Em clubes, saí do juvenil do Palmeiras e fui para o Sírio, onde fiquei até o fim da minha carreira".

Ele relata no livro o quão árduo foi conciliar o esporte com a Faculdade de Medicina. Ele entrou para a faculdade em 1965. O esporte funcionava como higiene mental para os estudos e vice-versa. No começo, conta que foi muito complicado. Quando conseguiu encarar as duas rotinas com tranqüilidade, seu jogo evoluiu, começando a participar mais dos jogos e se tornando titular nas competições. Depois que se formou, tudo ficou mais difícil ainda, devido aos intensos plantões de residência no hospital. Em 1974, com trinta anos, resolveu se dedicar exclusivamente à medicina e abandonou prematuramente ao basquete.

No Mundial de 1963, ele era um garoto de 19 anos e estava realizando o grande sonho de jogar entre ídolos como Wlamir Marques, Rosa Branca e Sucar. Jogou pouco, mas só de estar ali já sentia ter conquistado algo enorme. Na sua lembrança, o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, lotado, com todos gritando o nome de todos os jogadores. Uns dois meses antes, a Seleção Brasileira havia perdido para os norte-americanos a medalha de ouro no Pan-Americano de São Paulo, decidir o título mundial contra eles era uma revanche incrível.

Na final contra os EUA, a equipe que estava em quadra começou a fazer muitas faltas e Menon, ainda muito jovem, conta no livro que ficava rezando para não ter que entrar no lugar de alguém. Pouco tempo depois, já mais amadurecido, o único que ele queria era entrar sempre, só pensava em ser titular, o menino havia virado homem. Mas Menon relata que jogar aquele Mundial de 1963, para um menino de 19 anos, foi uma experiência excepcional, mesmo jogando pouco. Depois da conquista foi inesquecível desfilar em carro aberto, viver o sentimento de patriotismo, receber diversas homenagens, algo que ele descreve no livro como sensacional.

No Mundial de 1967, Menon foi escolhido para o Quinteto Ideal da competição, que assim foi composto: o iugoslavo Ivo Daneu, o soviético Paulauskas, o polonês Lopatka, o também iugoslavo Radivoj Korac e o brasileiro Menon. O melhor pivô do Mundial. Ele entrava para um restrito clube de 6 brasileiros que fizeram parte do Quinteto Ideal de um Mundial: Algodão em 1954, Wlamir Marques em 1954 e 1963, Amaury Pasos em 1959 e 1963, Luiz Cláudio Menon em 1967, Ubiratan Maciel em 1970, e Oscar Schimdt em 1978, 1986 e 1990.

O momento mais inesquecível da vida como atleta, Menon descreve como tendo sido, sem dúvida, quando foi escolhido como porta-bandeira do Brasil nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972. Ele considera a maior honra de sua carreira. Ele traz na lembrança a sensação, em todas as Olimpíada seguintes, quando a imprensa resgatava os portas-bandeira das edições anteriores, da emoção de reviver o enorme orgulho de ter estado lá, a prazerosa certeza de saber que seu nome estava cravado na história do esporte brasileiro, algo que o fazia sempre voltar a se sentir orgulhoso.

Ele relembra o momento quando o presidente do COB lhe chamou para dar a notícia, dizendo que havia sido uma escolha unânime do Comitê e ele seria o porta-bandeira, não só pela sua trajetória como atleta, mas porque eles tinham a certeza de que ele, Menon, sabia o valor de carregar a bandeira de seu país. No ensaio, com o ginásio olímpico de Munique vazio e só ele desfilando, ele chorou muito. Conta que voltou a Munique a passeio, exatos 30 anos depois, e quando passou por lá, toda aquela emoção voltou à tona novamente. Foi uma alegria indescritível.

Encerrado o ciclo da vida de atleta, Menon continuou trabalhando como médico endocrinologista, tanto com um consultório próprio quanto em um hospital. Aprendeu muito também com a filosofia oriental, passando a aplicá-la em seu trabalho, baseado na saúde preventiva e na acupuntura. As memórias de Luiz Cláudio Menon trazem experiências muito especiais, tanto como um grande jogador de basquete quanto com a sempre heróica vida de médico, sempre pronto para ajudar ao próximo.

2 comentários:

  1. caro Menon. Meu nome e Julio Garavello. Me chamavam de Julinho(2.02m) Jogamos no Sirio, era juvenil 1974 e principal em 75-84, jogando com Oscar, Renato, Saiani,Marcel etc...Nao tenho fotos tendo perdido todas flamulas e fotos/revistas do me mudei p/ A SUICA e depois EUA. Sabe onde poderia achar? Aruivo do Sirio? Abs tusajg@hotmail.com

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  2. Gostaria de saber se Luis Claudio é irmão do Dr Douglas Menon?

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