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segunda-feira, 27 de março de 2017

Uruguai: primeira potência do basquete sul-americano

Historia del Baloncesto Uruguayo - Uruguay Basketball History

Para contar a História do Basquete Masculino no Uruguai foi feita uma visita ao Museu Online do Basquete Uruguaio, trabalho do Portal Urubasket.

O Uruguai foi a primeira potência basquetebolística da América do Sul. O esporte chegou ao país durante os anos de 1920, implantado pela Associação Cristã de Moços (ACM) em Montevidéu, assim como aconteceu em Buenos Aires, na Argentina, e em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, no Brasil.

Os uruguaios foram os campeões das duas primeiras edições do Campeonato Sul-Americano, em 1930 e 1932. Despontavam como grandes estrelas da equipe, Leandro Gómez Harley e Ulises Uslenghi. Em 1930, foi campeão invicto jogando em Montevidéu (seis jogos e seis vitórias), num quadrangular em dois turnos do qual também participaram Argentina, Brasil e Chile. O time uruguaio era treinado por Juan Antonio Collazo, e tinha como jogadores: Roberto González, Eduardo García, Ulises Uslenghi, Leandro Gómez Harley, Rodolfo Braselli, Luís Tambasco, Carlos Gabin, Alejo González Roig, Alfredo Crotta e Eduardo Cassarino. O grande destaque da conquista foi Uslenghi, com 76 pontos nos seis jogos (12,7 por jogo). O segundo torneio, em 1932, foi disputado em Santiago, no Chile, e foi um triangular entre uruguaios, argentinos e chilenos. O Uruguai venceu duas vezes à Argentina e teve uma vitória e uma derrota perante o Chile. O título foi decidido então num jogo desempate, com o Uruguai batendo o Chile. O destaque nesta campanha foi Gómez Harley, que anotou 45 pontos nos cinco jogos. Leandro Gómez Harley era o capitão desta equipe que despontou vitoriosa no cenário sul-americano. Durante sua carreira, defendeu os clubes Stockolmo, Unión Atlética e Nacional de Regatas. Defendeu a Seleção Uruguaia pela primeira vez em 1921 e pela última vez em 1936, após os Jogos Olímpicos de Berlim.

Seleção Uruguaia, Bi-campeã Sul-Americana de 1930-1932

Nas Olimpíadas de 1936, o Uruguai terminou em 6º lugar. O time celeste era formado por Tabaré Quintans, Alejo González Roig, Carlos Gabin, Leandro Gómez Harley, Umberto Bernasconi e Rodolfo Braselli. O técnico era Juan Antonio Collazo. Na 1ª fase, derrota na estréia por 20 x 17 para a Letônia e vitórias por 17 x 10 na Bélgica e por 36 x 23 no Egito. Nas oitavas de final, vitória por 28 x 9 na Suíça. A equipe acabou eliminada nas quartas de final, perdendo por 41 x 21 para o Canadá. No quadrangular para decisão do 5º lugar, vitória por WO sobre o Peru, e derrota por 32 x 23 para as Filipinas. Após as Olimpíadas de 1936, a Seleção do Uruguai obteve ainda um resultado histórico, em pleno Estádio Centenário, em Montevidéu, vencendo aos Estados Unidos, campeão olímpico em 1936, mas que naquela partida contava com apenas dois medalhistas em quadra.

Seleção Uruguaia de 1936

A equipe nacional ficou as cinco edições seguintes do Campeonato Sul-Americano sem saber o que era ser campeã. Voltou a sentir este sabor em 1940, quando o torneio voltou a ser disputado em Montevidéu. E com o Uruguai novamente sendo campeão invicto, como havia sido na primeira vez que conquistou o título em seu território, em 1930. Cinco jogos e cinco vitórias, com Zacarías Arnabal como principal pontuador do time celeste, com 53 pontos (10,6 por jogo).

Seleção Uruguaia de 1938

O auge do basquete uruguaio, no entanto, iniciou-se com a conquista do 8º Campeonato Sul-Americano no Rio de Janeiro. O período de 1947 a 1956 foi o apogeu da história do basquete masculino uruguaio. Tudo começou no Rio em 1947 com uma fantástica campanha invicta de cinco vitórias em cinco jogos. O time celeste era dirigido por Raúl Canale, e no seu quadro brilhava o trio Roberto Lovera, Adesio Lombardo e Nelson Demarco. Junto a eles, a equipe contava com Pedro Diz, Carlos Rosello, Pedro Messa, Gustavo Magariños, Enrique Vitureira, Néstor Antón e Victorio Cieslinkas. O destaque no torneio de 1947 foi Adesio Lombardo, com 93 pontos (18,6 por jogo). Lombardo fez sua estréia na seleção aos 19 anos, em 1944, num jogo amistoso frente a Argentina, seleção para a qual nunca perdeu, sequer uma vez, em jogos oficiais. Ele jogou duas Olimpíadas (em 1948 e 1952, quando foi Medalha de Bronze). Lovera também participou dos Jogos Olímpicos de 1948 (5º lugar) e 1952 (Medalha de Bronze), e também jogou o Mundial de 1954. Já Demarco, jogou três Olimpíadas (Londres 1948, Helsinque 1952 e Melbourne 1956, tendo conquistado a Medalha de Bronze em 52 e 56) e disputou o Mundial de 1954.

Seleção Uruguaia em 1947

Em 1949, jogando em Assunção, no Paraguai, o time voltou a ser campeão invicto, novamente numa campanha em cinco jogos. O técnico nesta competição foi Alberico Passadore, e além de Lombardo, Demarco e Lovera, o time contou com Carlos Miraldi, Eduardo Gordon, Julio Guasco, Carlos Roselló, Miguel Diab, Héctor Ruíz, Enrique Baliño, Ángel Fava e Tabaré Larre Borges. O máximo anotador foi mais uma vez Adesio Lombardo, com 75 pontos (15 por jogo). Bi-campeão Sul-Americano em 1947 e 1949, a supremacia não foi maior porque não houve campeonato em 1951. Se tivesse ocorrido, como previsto, certamente o time uruguaio teria sido o campeão.

Mas a força da equipe ia além da América do Sul. E os uruguaios provaram isto com a conquista da Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Helsinque, na Finlândia, em 1952. O time do treinador Olguíz Rodríguez tinha a mesma base que conquistou a supremacia da América do Sul, acrescido de uma outra jovem promessa que marcou época no basquete do país: Martín Acosta y Lara. Na 1ª fase, vitórias por 53 x 51 na Tchecoslováquia e por 70 x 56 na Hungria, e derrota por 57 x 44 para os Estados Unidos, terminando o grupo em 2º lugar. Na 2ª fase, derrota por 68 x 66 para a França, e vitórias por 62 x 54 na Bulgária e 66 x 65 na Argentina. Depois de vencer ao time uruguaio, os franceses perderam para argentinos e búlgaros, permitindo ao Uruguai terminar com o 1º lugar do grupo. Na semi-final, o Uruguai perdeu por 61 x 57 para a União Soviética, num jogo duríssimo. Na disputa do bronze, vitória por 68 x 59 sobre a Argentina e a conquista de uma histórica medalha olímpica. Lombardo anotou 138 pontos, Acosta y Lara anotou 98 e Enrique Baliño fez 69 pontos, os três maiores pontuadores da equipe.

Aquela geração não cansava de obter glórias. Em 1953 conquistou o Tri-campeonato Sul-Americano, jogando em Montevidéu. Foi novamente campeão invicto, tri invicto, vencendo suas cinco partidas. Mais um brilhante jovem talento se somava à vitoriosa geração. Agora quem despontava era Oscar Moglia, que iniciava sua brilhante carreira. Moglia foi o primeiro latino-americano a ser máximo pontuador de um Mundial (em 1954) e de uma Olimpíada (em 1956), foi o primeiro a ser máximo pontuador de três Campeonatos Sul-Americanos consecutivos (1955-1958-1960), além de ter feito parte do Quinteto Ideal do Mundial de 1954. Terminou sua carreira com uma média de mais de 20 pontos por jogo.

No Sul-Americano de 1955, em Cúcuta, na Colômbia, o Uruguai conseguiu um feito inédito até então no cenário continental, faturando seu quarto título consecutivo. Venceu sete de suas oito partidas. O elenco nesta campanha tinha Héctor Costa, Sérgio Matto, Nélson Chelle, Ramiro Cortés, Héctor García Otero, Carlos Blixen, Milton Scaron, Nélson Demarco, Oscar Moglia, Ramón Mera, Manuel Usher, Raúl Ebers Mera e Miguel Falchi. O máximo pontuador na campanha de 1955 foi Oscar Moglia, com 164 pontos (20,5 por jogo).

Seleção Uruguaia de 1955

Das 16 primeiras edições do Campeonato Sul-Americano de Basquete Masculino, o Uruguai venceu 7 títulos, os outros nove foram conquistados 5 vezes pela Argentina (1934, 1935, 1941, 1942 e 1943), 2 pelo Brasil (1939 e 1945), uma pelo Chile (1937) e uma pelo Peru (1938). O Uruguai era a principal potência do basquete da América do Sul.   

Depois de estabelecer a plena hegemonia na América do Sul, o Uruguai repetiu a conquista da Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Melbourne, na Austrália, em 1956. Oscar Moglia foi o pontuador máximo da Seleção do Uruguai e do torneio olímpico, com 182 pontos em 7 jogos (26,0 por jogo). No time uruguaio, Héctor Costa fez 91 pontos e Raul Ebers Mera fez 72. Na 1ª fase, três vitórias: 70 x 65 na Bulgária, 85 x 62 em Taiwan e 83 x 60 na Coréia do Sul. Na 2ª fase, venceu às Filipinas por 79 x 70 e ao Chile por 80 x 73, mas acabou derrotado pela França, por 66 x 62. Na semi-final perdeu por implacáveis 101 x 38 para os Estados Unidos, e na disputa do bronze, vingou-se da França, vencendo por 71 x 62.

A hegemonia uruguaia terminou com a ascensão do Brasil, do técnico Kanela, e da dupla Wlamir Marques e Amaury Pasos. Com eles, o Brasil venceu o Sul-Americano de 1958 em Santiago, no Chile, e depois em 1960, 1961 e 1963, repetindo a façanha uruguaia e conquistando quatro títulos consecutivos. 

Nos anos 1960, após o auge de Oscar Moglia, o basquete uruguaio já não demonstrava a mesma força, com Moglia já em fim de carreira. Tanto que o país foi sede do Campeonato Mundial de 1967, mas fez uma péssima campanha, com só uma vitória em sete jogos. Nesta competição, pela primeira vez na história a Seleção de Basquete Masculino do Uruguai perdeu jogos oficiais em Montevidéu para Brasil e Argentina.

Oscar Moglia

Ainda assim, ainda que sem a mesma força de outrora, afinal haviam se passado 14 anos sem que o Uruguai fosse campeão, o seu time nacional voltou a ser campeão sul-americano de forma invicta jogando em Montevidéu, no torneio de 1969, com seis vitórias em seis partidas. Aquela equipe era treinada por Héctor Bassaiztegui, com o quadro de jogadores sendo formado por Omar Arrestia (cestinha daquele time), Manuel Gadea, Ramiro de León, Ricardo Moreira, Ángel Rossi, José Barizo, Wálter Lage, Jorge Campaña, Roberto Bomio e Luís Garcia.

Levou 12 anos mais para a conquista de um novo troféu, que aconteceu em 1981, novamente em Montevidéu e de novo invicto (cinco vitórias). O técnico era Ramón Etchamendi e o time contava com Hebert Nuñez, Luís Pierri, Victor Frattini, Hermán Haller, Luis Larrosa, Horácio Perdomo, Carlos Peinado, Wilfredo Ruiz, Álvaro Belén, Walter Pagani e Luís Pierri. O grande nome da conquista foi Wilfredo Ruiz, máximo anotador, com 132 pontos (26,4 pontos por jogo). Esta equipe campeã em 1981 tinha um jovem que veio a se tornar um dos maiores nomes do basquete sul-americano: Horácio “Tato” López. Um jogador que construiu um curriculum excepcional, sendo máximo pontuador nos três Sul-Americanos seguintes, ainda que sem ter conseguido ser campeão em nenhuma destas oportunidades. Também foi o destaque da equipe que ficou com um excelente 6º lugar nos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles. Com Tato López, o Uruguai foi Campeão Sul-Americano em 1981, vice-campeão em 1977 e 1985, terceiro lugar em 1979 e 1983, e 4º lugar em 1991. Tato López defendeu as camisas do Defensor Sporting, do Welcome e do Aguada, jogou no basquete italiano, onde defendeu o Juve Caserta e o Varese, no basquete argentino, onde defendeu o Ferro Carril Oeste, e no basquete brasileiro, onde defendeu Monte Líbano e Franca.


Até um novo troféu levaram outros 14 anos, e ele foi mais uma vez conquistado em Montevidéu. O Uruguai foi Campeão Sul-Americano de 1995 com seis vitórias em sete jogos, com o maior pontuador da equipe sendo Luís Pierri, com 147 pontos (21,0 por jogo). Desta vez, porém, aquela geração conseguiria um Bi-campeonato, pois venceu novamente a competição em 1997 jogando em Maracaibo, na Venezuela, após obter cinco vitórias em sete jogos. Uma geração na qual se destacavam Luis Pierri e Nicolás Mazzarino, num elenco em que estavam Adolfo Medrick, Gustavo Szczygielski, Freddy Navarrete, Luís Silveira, Marcel Bouzout, Marcelo Capalbo, Camilo Acosta, Juan Manuel Moltedo e Diego Losada.

O Uruguai chegava à marca de 11 títulos do Campeonato Sul-Americano: 1930 / 1932 / 1940 / 1947 / 1949 / 1953 / 1955 / 1969 / 1981 / 1995 / 1997.

Nos anos 2000, uma nova geração forte marcaria uma época no basquete uruguaio, mas esta sem conseguir conquistar um título Sul-Americano sequer, mas obtendo uma Medalha de Bronze nos Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro, com uma vitória dramática sobre a Argentina por 99 x 93 na HSBC Arena. O time do técnico Alberto Espasandín tinha os armadores Martín Osimani e Leandro García Morales, os alas Nicolás Mazzarino e Emilio Taboada, e o pivô Esteban Batista. O grupo ainda tinha a Gustavo Barrera, Gastón Paez, Mauricio Aguiar, Claudio Charquero, Fernando Martínez e Juan Pablo Silveira. Esta equipe foi duas vezes vice-campeã sul-americana (2006 e 2008).


O destaque desta geração era Esteban Batista, o primeiro uruguaio a jogar na NBA, onde atuou em duas temporadas pelo Atlanta Hawks (2005-06 e 2006-07). Esteban começou no Welcome em 2001, passou por Salto, Nacional de Montevidéu e Trouville. Foi para a NBA. Depois atuou no Maccabi Tel Aviv, de Israel, equipe com a qual foi vice-campeão da Euroliga. Na sequencia da carreira, jogou uma Summer League pelo Boston Celtics, defendeu ao Zenit, da Rússia, ao Fuenlabrada e ao Caja Laboral Baskonia, da Espanha, ao Efes e ao Pinar, da Turquia, e ao Panathinaikos, da Grécia. Na NBA, fez 57 jogos na temporada 2005-06 (8,7 minutos, 1,8 pontos e 2,5 rebotes de médias por jogo) e 13 jogos na temporada 2006-07 (6,2 minutos, 1,5 pontos e 2,3 rebotes de médias por jogo).

Esteban Batista

2 comentários:

  1. Olá Marcel, eu gostei muito do seu Blog. Tenho algumas perguntas. Como posso entrar em contato?

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  2. Oi Izzy
    O e-mail do blog é livro.a.nacao@gmail.com
    Abs!

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