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quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

A volta do Brasil às Olimpíadas após 16 anos


#BrasilÉHistória – 2012

Após 16 anos sem se classificar para as Olimpíadas, a Seleção Brasileira de Basquete foi renovada com Magnano e figurou entre os melhores do mundo em Londres 2012.

Após 1996, sem Oscar Schmidt na Seleção e sem esperanças com novos prospectos que tivessem marcado seus nomes nos Mundiais sub-19, o basquete brasileiro entrava em declínio na primeira década do Século XXI. Revertido este quadro, com o fortalecimento do basquete nacional, promovido através de uma organização melhor dos campeonatos nacionais, e com um olhar estrangeiro no comando da Seleção Brasileira, o país se classificou para as Olimpíadas de Londres após três edições ausente do torneio, voltando a figurar novamente entre as maiores equipes do planeta, terminando na quinta colocação.

Com alguns resultados ruins nos anos que se seguiram depois das Olimpíadas de Atlanta 1996, foi necessária uma reformulação da seleção. Alguns resultados não estavam sendo muito favoráveis, mas em 1999, no Pan-Americano em Winnipeg, no Canadá, a Seleção conseguiu o ouro. Ainda assim, tentando se classificar para as Olimpíadas de Sidney, em 2000, o Brasil não conseguiu vencer a Venezuela, Canadá e Panamá. Somand-se às derrotas contra a Argentina e os Estados Unidos, a equipe ficou fora do torneio, coisa que não acontecia desde 1976.

Em plena crise, não havia mudanças e peças que se encaixassem e dessem prosseguimento aos resultados anteriores, especialmente aqueles obtidos nos Anos 1950, 1960 e 1980. Até que Hélio Rubens - um sobrevivente em meio ao caos do início do milênio - convocou os jovens Anderson Varejão, Nenê, Alex Garcia e Guilherme Giovannoni para a Seleção Brasileira, e com eles, o Brasil iniciou uma renovação, sendo vice-campeão do Sul-americano no Chile. O otimismo se seguiu após um bom resultado em Indianápolis, em 2002, quando Hélio Rubens incorporou ao conjunto brasileiro os novatos Tiago Splitter e Leandro Barbosa. A Seleção Brasileira terminou em 8º lugar no Mundial. Mas ainda insatisfeita, a Confederação Brasileira de Basquete trocou Hélio por Lula Ferreira, então treinador do COC/Ribeirão Preto (penta-campeão paulista). Os resultados chegaram rápidos: Campeão Sul-americano em 2003 e medalha de ouro em Santo Domingo no Pan-Americano. O rumo parecia correto...

Porém, no Pré-Olímpico disputado em San Juan, em Porto Rico, um marco histórico: pela primeira vez o basquete brasileiro ficava fora de duas Olimpíadas seguidas. O time composto por Splitter, Renato Lamas, Valtinho, Giovannoni, Leandrinho, Alex Garcia, Marcelinho Machado, Varejão e Nenê não conseguiu conter a ascensão porto-riquenha, que acumulou vitórias contra EUA, México e a forte Argentina. O fim da protelação dessa crise apareceu no Mundial de 2006, quando a Seleção Brasileira ficou na 17ª colocação do torneio. Parecia haver sido atingido o fundo do poço!

Neste ponto crucial, o basquete brasileiro sofria com o pior cenário possível: não classificação para duas Olimpíadas seguidas e pior colocação em um Mundial na história do basquete nacional. Então, procurando se adaptar ao novo basquetebol e trazer inovações do esporte no exterior para o Brasil, a confederação anunciou a contratação do espanhol Moncho Monsalve para treinar a Seleção.

Logo em 2008, Moncho partiu para o Pré-Olímpico com cinco diferentes baixas e o Brasil, totalmente desfalcado de suas mais importantes peças, não fez uma boa campanha, não se classificando para Pequim. Passaram assim a ser três Olimpíadas seguidas fora da elite do basquete mundial. Apesar de ser Bi-campeã da Copa América, a Seleção Brasileira colocou seus olhos sobre o argentino Rubén Mangnano, técnico na vitoriosa conquista do basquete argentino, medalha de ouro nas Olimpíadas de 2004, e que estava saindo de sua equipe. Depositava-se nele as fichas para a recolocação da Seleção Brasileira entre as maiores do basquete mundial.

Em 2011, Magnano chegou e trouxe Fernando Duró como seu assistente técnico para começar a virada da Seleção Brasileira. Ele teve a ideia de naturalizar ao norte-americano Larry Taylor, armador que jogava pelo Bauru, para compor a equipe. Logo em 2011, no Pré-Olímpico disputado na Argentina, após um 9º lugar no Mundial, a equipe verde e amarela voltou a se classificar  para as Olimpíadas após bater a República Dominicana nas quartas de final por 83 a 76. Um dia que entrou para a história do elenco composto por Marcelinho Huertas, Alex Garcia, Marquinhos, Guilherme Giovannoni, Tiago Splitter, Marcelinho Machado e Rafael Hettsheimeir.

A Seleção Brasileira, após 16 anos de pura resistência, combate, pressão e raça, chegava às Olimpíadas de Londres em 2012. Neste meio tempo, a exportação de atletas rumo à NBA cresceu exponencialmente: Nenê, que sofreu muitas vezes com a questão do seguro de atleta entre NBA e CBB, havia rumado à terra do Tio Sam em 2002 para jogar no maior campeonato do mundo, Varejão passou por uma década inteira no Cleveland Cavaliers, Leandrinho fez história nos Suns, Tiago Splitter chegou aos Spurs, Alex Garcia jogou pela franquia de San Antonio em 2003, Marquinhos passou pelos Hornets em 2008 e a migração ia assim gradativamente se intensificando.

Junto a isto, o basquete nacional foi fomentado pelas competições criadas e organizadas pela Liga Nacional de Basquete. O NBB foi crucial para que os jogadores tivessem um campeonato nacional organizado, forte, que envolvesse as principais equipes do país, para que o basquete nacional ficasse mais forte. Além disso, a Liga de Desenvolvimento do Basquete deu margem para os jovens atletas que tentavam ingressar no esporte e ultrapassavam a dicotomia entre estudar e jogar basquete. Os campeonatos nacionais deram vitrine, experiência e aprendizado.

Neste contexto, os convocados para as Olimpíadas de Londres foram: Tiago Splitter, Nenê (voltando de lesão), Leandro Barbosa, Varejão, Marcelinho Huertas, Raulzinho Neto, Marquinhos, Caio Torres (Hettsheimeir se contundiu momentos antes do campeonato), Giovannoni, Alex Garcia e Larry Taylor.

Na primeira fase a equipe brasileira jogou tudo que pôde, obteve quatro vitórias e só perdeu para a Rússia, líder do grupo e ainda sim por vantagem mínima no placar, classificando-se na segunda posição. Neste Grupo A surgiu a polêmica sobre a vitória contra a Espanha (que supostamente teria perdido de propósito para a Seleção Brasileira para evitar o confronto com os Estados Unidos), mas isso foi o de menos, o otimismo tomou conta do basquete brasileiro.

Eis os resultados da Seleção na primeira fase:

Brasil 75 x 71 Austrália
Brasil 67 x 62 Grã-Bretanha
Brasil 74 x 75 Rússia
Brasil 98 x 59 China
Brasil 88 x 82 Espanha

Do outro lado se classificaram Estados Unidos, na primeira colocação, e em seguida, França, Argentina e Lituânia. Portanto, a equipe verde e amarela se encontrou com o rival alvi-celeste sul-americano nas quartas de final. O retrospecto contra a Argentina na década anterior não era nada bom, mas nada tirava o otimismo da Seleção, que havia tido a melhor defesa da competição na primeira fase.

Porém, após uma mudança de ritmo no segundo quarto, a Argentina entrou muito bem e bateu a equipe do Brasil por 82 x 77. Isso não minimizou os esforços daquele grupo. A derrota não foi de cabeça baixa e a raça não faltou em quadra no último quarto. Após tantos anos, pela primeira vez o Brasil figurava entre as cinco potências do basquete mundial. Novamente o quinto lugar foi do time brasileiro e essa geração teve seu primeiro torneio após anos de tentativa e erro.

Depois deste feito, o cenário brasileiro se intensificou rumo à NBA: Raulzinho conquistou espaço no Utah Jazz, Bruno Caboclo chegou ao Toronto Raptors, Cristiano Felício foi campeão da Summer League e se tornou pivô do Chicago Bulls, e Marcelinho Huertas foi armador do Lakers. Cada vez mais os olhares mundiais estavam voltados para o basquete brasileiro novamente.

Do grupo desta Olimpíada, Larry Taylor - que teve uma importância enorme em jogos decisivos e principalmente no desenvolvimento dos jogadores e do estilo de jogo - e Caio Torres - que esteve no lugar de Hettsheimeir - não voltaram na edição seguinte dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, em 2016, assim como também não o veterano Marcelinho Machado, que em 2016 estava com 41 anos.



Fonte: Liga Nacional de Basquete

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