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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Brasil, Campeão Sul-Americano Sub-21 em 2018


O Cenário do Basquete de Base na América do Sul até 2018:

Na categoria Sub-15, o Campeonato Sul-Americano começou a ser disputado em 1995. Nas primeiras edições, um certo equilíbrio: 3 títulos do Brasil (1996, 1997 e 2002) e 3 da Argentina (1995, 1999 e 2000), e 2 da Venezuela (1998 e 2003). Da edição de 2004 até a de 2012, domínio total da Argentina, com 8 títulos (2004, 2005, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012), com o Brasil campeão em 2006 e 2014, e Argentina voltando a ser campeã em 2016. De 2000 em diante: 10 titulos da Argentina, e 3 títulos do Brasil.

Na categoria Sub-17, disputada desde 1972, até 1999 acumularam-se 8 títulos da Argentina, 7 títulos do Brasil (1975, 1977, 1979, 1984, 1986, 1992 e 1998), e 1 título do Uruguai. De 2000 em diante: 6 títulos da Argentina (2000, 2005, 2007, 2009, 2013 e 2015), 1 título do Brasil (2011) e 1 título do Chile (2017). E na categoria Sub-21 houve três edições antes da organizada em 2018, com o Brasil campeão em 1996, e a Argentina campeã em 2000 e em 2004.

Juntando as três categorias, de 2000 em diante ocorreram 18 títulos da Argentina e apenas 5 títulos do Brasil. A hegemonia nas categorias de base na América do Sul era totalmente argentina. Uma mudança radical de cenário frente ao desempenho acumulado ao se juntar as três categorias até 1999, quando foram conquistados 10 títulos pelo Brasil e outros 10 títulos pela Argentina.


A Geração 1998-1999:

O time brasileiro que chegava para disputar o Sul-Americano Sub-21 de 2018 contava com nomes que já haviam participado de alguns bons resultados em categorias inferiores. O Brasil foi Campeão Sul-Americano Sub-15 em 2014, em Barquisimeto, na Venezuela. Na 1ª fase, após vitórias protocolares sobre Equador e Peru, venceu a Venezuela por 70 x 66 e avançou à semi-final, na qual superou ao Chile por 90 x 45. Final contra a Argentina, vencendo por 66 x 55. Faziam parte do time brasileiro o armador Yago Mateus, os alas Didi, Danilo Sena e Guilherme Abreu. Na categoria sub-17, esta geração acabou derrotada pelos argentinos no Sul-Americano de 2015, em Resistencia, na Argentina, ficando com o vice-campeonato.

O bom desempenho desta geração também apareceu na Copa América Sub-18 de 2016, em Valdivia, no Chile. Na história da Copa América Sub-18, o Brasil ganhou a Medalha de Prata em 2010 e 2012, e havia ficado com a Medalha de Bronze em 1990, 1998 e 2006, ficando em 2016 com seu quarto bronze. Na 1ª fase, o time brasileiro venceu à República Dominicana (74 x 58) e à Argentina (54 x 51), e perdeu para o Canadá (58 x 74). Avançou às semi-finais, onde acabou atropelado pelo time dos Estados Unidos (48 x 88). Na decisão de 3º lugar enfrentou Porto Rico, e depois de ser derrotado nas três primeiras parciais, e entrar com uma desvantagem de quatro pontos no último quarto, conseguiu virar o jogo e vencer por 59 x 58. Destacaram-se neste time brasileiro: Yago Mateus, Caio Pacheco, Felipe Sandoval Ruivo, Danilo Sena Santos e Michael Uchendu, presentes no Sul-Americano Sub-21 de 2018, tendo nesta competição se destacado também o pivô Lucas Pereira. Atrás apenas de EUA e Canadá, a Geração Brasileira 1998-99 ficou com o terceiro melhor desempenho sub-18 das Américas.

Seleção Brasileira, Campeã Sul-Americana Sub-15 de 2014


Sul-Americano Sub-21 de 2018:

A Seleção Brasileira Sub-21 Masculina venceu o primeiro jogo contra o Chile por 63 x 59 no Ginásio Polidesportivo Delmi, em Salta. Um jogo difícil, contra uma geração da seleção chilena que detinha o título de Campeã Sul-Americana Sub-17. O time chileno começou melhor e esteve em vantagem, mas o Brasil foi assumindo o controle do jogo gradativamente e no segundo quarto, melhor ofensivamente e defensivamente, passou a frente, chegando a ter 10 pontos de vantagem. Mas os chilenos reagiram e ao fim do 1º tempo a vantagem brasileira era de 3 pontos. O terceiro quarto foi muito apertado, de muita marcação, e com as duas equipes pontuando pouco. No último quarto o Chile esteve perto de passar a frente no marcador, mas o Brasil não deixou. Mas com um fim de jogo emocionante. Foi uma vitória suada. Pelos chilenos, Felipe Haase, com 19 pontos, e Sebastian Herrera, com 18 pontos, foram os maiores pontuadores. Os destaques pelo Brasil, ambos com um duplo-duplo foram Yago (14 pontos e 11 assistências) e Dikembe (13 pontos e 11 rebotes). Quem também entrou muito bem, saindo do banco, e estando perto de também obter um duplo-duplo foi o ala-pivô Zé Carlos, quer terminou com 10 pontos e 8 rebotes. Também destacaram-se: Marcos Louzada, o "Didi", com 15 pontos, e o pivô Michael Somutochukwu Uchendu, filho de pai nigeriano e nascido em São Paulo, que pegou 8 rebotes.

O segundo desafio foi contra o Uruguai. O clássico sul-americano foi marcado por muito equilíbrio, com os dois selecionados lutando bastante pelo resultado positivo. O Brasil foi ligeiramente superior no quarto inicial, conseguindo a virada a partir da metade do período, depois de um começo favorável ao adversário. No segundo quarto, os rendimentos seguiram parecidos, mas os uruguaios conseguiram saltar a frente no marcador. No 3º quarto, o Brasil retomou a dianteira graças às eficientes variações ofensivas e às bolas recuperadas na defesa. Nos 10 minutos derradeiros, o jogo foi marcado pela emoção e pelo equilíbrio. O Uruguai buscou a recuperação e chegou a igualar as ações na reta final. Jogo empatado em 87 a segundos do fim, quando o time brasileiro teve a última posse de bola. Um arremesso certeiro de Caio Pacheco, depois de um belo trabalho de bola, foi certeiro e deu a vitória ao Brasil, com a sirene soando com a bola no ar! Pelo Uruguai, Emiliano Serres foi o grande nome com 30 pontos, e Nahuel Lemos fez 18 pontos. O grande nome brasileiro foi Didi, com 23 pontos. O ala-pivô Victão ficou perto de um duplo-duplo (11 pontos e 9 rebotes). Contribuição decisiva tmbém emergindo do banco, com Gemadinha e Danilo marcando 16 pontos cada um. Fundamental também a atuação defensiva de Michael Uchendu com 9 rebotes.

Na terceira rodada, uma excepcional atuação diante dos anfitriões. No 1º quarto inicial os dois times fizeram um trabalho defensivo forte e provocaram erros nas definições das jogadas dos dois lados. No 2º quarto, o Brasil manteve seu bom desempenho defensivo e cresceu consideravelmente no ataque, sobretudo pela excelente performance do armador Yago. Assim, a Seleção Brasileira conseguiu se distanciar no marcador, com uma boa variação ofensiva, intercalando bolas no garrafão e arremessos de média e longa distância. A Argentina tentou a recuperação no 3º quarto, mas o Brasil não deixou, conseguindo manter o equilíbrio nas ações. No último quarto os argentinos partiram com tudo ao ataque e foram mais efetivos ofensivamente, mas sobretudo pela excepecional atuação de Yago na armação do time, o Brasil sempre conseguiu responder na mesma moeda, assegurando a vitória. Como falou Yago ao fim da partida: “Foi um jogo incrível, jogar contra a Argentina é sempre uma motivação única. Estávamos muito concentrados e querendo muito ganhar, pois o nosso grupo é muito qualificado e todos podem mudar o jogo. Acho que aproveitei o meu momento e tudo isso foi parte do coletivo, meus companheiros me ajudaram muito”. Pela Argentina, Máximo Fjellerup fez 18 pontos e Facundo Corvalán fez 12 pontos, sendo os principais destaques. Yago Mateus foi explendido: 31 pontos, 6 rebotes e 5 assistências. Michael Uchendu, com 14 pontos e 7 rebotes, também foi decisivo. O garrafão brasileiro foi fisicamente decisivo, Dikembe fez 10 pontos, e Zé Carlos dos Santos, com 9 pontos e 9 rebotes, chegou perto de ter um duplo-duplo.

Contra o Paraguai, um atropelo brasileiro, com dominância total, como já era esperado pelos resultados das rodadas anteriores. Com o resultado, o Brasil garantiu a liderança isolada, garantindo vaga na final. No quarto inicial, entretanto, o jogo foi extremamente disputado, com o Paraguai conseguindo um bom aproveitamento nos arremessos de três pontos e o Brasil variando bolas no garrafão e tiros de média e longa distância. A vantagem brasileira ao fim dos dez minutos iniciais era de apenas um ponto. O 2º período foi totalmente dominado pela Seleção Brasileira! Marcando com volúpia (sofreu só 8 pontos no quarto) e atacando com grande variação de jogo e maior eficiência (fez 28 pontos na parcial), a vantagem cresceu e o jogo praticamente se decidiu ali. A vantagem no 2º tempo só cresceu. No último quarto, a defesa forte se repetiu e o time verde-amarelo voltou a sofrer apenas 8 pontos. Um atropelo, e um placas final com vantagem elástica. Na última rodada, um duelo contra o Peru apenas para cumprir tabela, e uma vitória ainda mais elástica. Ao fim do Hexagonal: 1º Brasil com 5 vitórias, seguido por Argentina com 4, Uruguai com 3, Chile com 2, Paraguai com 1 e Peru sem vitórias.

Na final, uma atuação de gala e a Seleção Brasileira sagrou-se campeã invicta do Campeonato Sul-Americano Sub-21, derrotando pela segunda vez consecutiva à anfitriã Argentina. O clássico sul-americano começou favorável aos argentinos, que logo passaram a comandar o marcador. Mas o jogo era duro e disputado. No 2º período, o jogo seguiu com o equilíbrio prevalecendo, porém num ritmo mais lento. Assim como aconteceu no primeiro, a Argentina cresceu nos momentos mais decisivos e teve novamente uma vantagem sobre o time brasileiro. Mas o time auri-verde não se intimidou com a vantagem albi-celeste. Na volta do intervalo, o Brasil se apresentou melhor, marcando mais forte e atacando com mais variações ofensivas, voltando a equilibrar o jogo e baixando a diferença que chegou a estar em dois dígiros no 1º tempo. Nos dez minutos finais, mais equilíbrio, mas o Brasil assumiu o comando do marcador, com excelente trabalho de garrafão e alguns bons tiros de média e longa distância. Destaque para Yago, chamado pelo locutor argentino de "El Demonio", pois realmente esteve mais uma vez endiabrado, dando muito trabalho à defesa argentina, como já havia dado no primeiro confronto entre as duas seleções. Este foi o desenho da partida até o final, com o Brasil crescendo no momento certo para vencer bem e garantir a conquista. Nas palavras do técnico Cesar Guidetti: “Todos estão orgulhosos por esse importante título, que foi muito importante para o resgate da tradição do basquete brasileiro”. Vencer a Argentina duas vezes em sua casa num Sul-Americano de basquete não é qualquer feito. Os grandes nomes da Seleção Brasileira no jogo final: 1. Yago Mateus com 20 pontos, Dikembe com 9 pontos e 6 rebotes, Didi e Zé Carlos com 13 pontos cada um, e Michael Uchendu com um belo duplo-duplo (12 pontos e 12 rebotes). O armador Yago Mateus foi eleito o Jogador Mais Valioso (MVP) da competição. Título invicto: 62 x 59 no Chile, 90 x 87 no Uruguai, 88 x 76 na Argentina, 88 x 45 no Paraguai, 112 x 57 no Peru e 84 x 76 na Argentina. Belíssima campanha!

Yago Mateus, Campeão e MVP


A Campanha:

30/07/2018 - BRASIL 63 x 59 CHILE - Salta, Argentina
Parciais: 17 x 19 / 20 x 15 (37 x 34) / 12 x 9 (49 x 43) / 14 x 16 (63 x 59)
Brasil: Yago Mateus (14), Didi (15), Guilherme Bento (0), Victão da Silva (2) e Michel Uchendu (7). Téc: César Guidetti. Banco: Caio Pacheco (2), Felipe Ruivo (0), Gemadinha (0), Danilo Sena (0), Guilherme Abreu (0), Zé Carlos (10) e Dikembe da Silva (13).
Outros jogos: Uruguai 76 x 58 Paraguai, Argentina 87 x 54 Peru

31/07/2018 - BRASIL 90 x 87 URUGUAI - Salta, Argentina
Parciais: 25 x 24 / 23 x 28 (48 x 52) / 26 x 16 (74 x 68) / 16 x 19 (90 x 87)
Brasil: Yago Mateus (0), Didi (23), Guilherme Bento (8), Victão da Silva (11) e Michel Uchendu (6). Téc: César Guidetti. Banco: Caio Pacheco (7), Felipe Ruivo (0), Gemadinha (16), Danilo Sena (16), Guilherme Abreu (0), Zé Carlos (0) e Dikembe da Silva (3).
Outros jogos: Paraguai 66 x 62 Peru, Argentina 57 x 54 Chile

01/08/2018 - BRASIL 88 x 76 ARGENTINA - Salta, Argentina
Parciais: 16 x 12 / 25 x 16 (41 x 28) / 21 x 21 (62 x 49) / 26 x 27 (88 x 76)
Brasil: Yago Mateus (31), Gemadinha (2), Didi (9), Victão da Silva (0) e Michel Uchendu (14). Téc: César Guidetti. Banco: Caio Pacheco (3), Felipe Ruivo (0), Danilo Sena (7), Guilherme Bento (0), Guilherme Abreu (3), Zé Carlos (9) e Dikembe da Silva (10).
Outros jogos: Uruguai 87 x 62 Peru, Chile 73 x 58 Paraguai

03/08/2018 - BRASIL 88 x 45 PARAGUAI - Salta, Argentina
Parciais: 16 x 15 / 28 x 8 (44 x 23) / 23 x 14 (67 x 37) / 21 x 8 (88 x 45)
Brasil: Yago Mateus (12), Gemadinha (14), Didi (4), Victão da Silva (14) e Michel Uchendu (16). Téc: César Guidetti. Banco: Caio Pacheco (3), Felipe Ruivo (0), Danilo Sena (5), Guilherme Bento (0), Guilherme Abreu (6), Zé Carlos (10) e Dikembe da Silva (4).
Outros jogos: Chile 88 x 45 Peru, Argentina 72 x 63 Uruguai

04/08/2018 - BRASIL 112 x 57 PERU - Salta, Argentina
Parciais: 23 x 18 / 31 x 15 (54 x 33) / 25 x 15 (79 x 48) / 33 x 9 (112 x 57)
Brasil: não disponível
Outro jogos: Uruguai 79 x 69 Chile, Argentina 89 x 48 Paraguai

FINAL
05/08/2018 - BRASIL 84 x 76 ARGENTINA - Salta, Argentina
Parciais: 23 x 26 / 15 x 19 (38 x 45) / 21 x 16 (59 x 61) / 25 x 15 (84 x 76)
Brasil: Yago Mateus (20), Gemadinha (6), Didi (13), Victão da Silva (6) e Michel Uchendu (12). Téc: César Guidetti. Banco: Caio Pacheco (0), Felipe Ruivo (0), Danilo Sena (0), Guilherme Bento (0), Guilherme Abreu (5), Zé Carlos (13) e Dikembe da Silva (9).
Argentina: Facundo Corvalán (9), Santiago Vaulet (14), Maxi Fjellerup (25), Leonardo Lema (15) e Lautaro Berra (6). Téc: Silvio Santander. Banco: Lautaro Lapez (0), Matías Solanas (0), Ayan Carvalho (0), Maxi Andreatta (3), Enzo Rupcic (0), Tomás Chapero (0) e Juan Cruz Germano (4).
Decisão de 5º lugar: Peru 79 x 76 Paraguai
Decisão de 3º lugar: Uruguai 84 x 51 Chile

Seleção Brasileira, Campeã Sul-Americana Sub-21 de 2018


Uma das principais figuras desta geração, o pivô Michael Uchendu morreu prematuramente, aos 21 anos, no dia 29 de junho de 2019, ao sofrer um acidente com um jet ski na região da Serra da Cantareira, em São Paulo. Paulista, jogou no Bauru entre 2014 e 2018, e na temporada 2018-2019 defendeu ao Monbus Obradoiro, da 2ª Divisão da Espanha.

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