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sábado, 14 de maio de 2022

Rolando Frazer e Mario Butler: as "Torres Gêmeas" do Panamá


Dois ícones históricos do basquete do Panamá. Mario Alberto Butler Graham nasceu no dia 15 de janeiro de 1957. Rolando Frazer Thorne nasceu em 3 de julho de 1958.

A história das "Torres Panamenhas" - Frazer, um ala-pivô de 1,99m, e Butler, um pivô de 2,03m - começou mais ou menos ao mesmo tempo nas seleções nacionais de categorias de base do Panamá. Os dois jogadores de garrafão, ambos nascidos na capital do país (Cidade do Panamá) já se conheciam em quadra quando receberam em 1977 uma beca para estudar e jogar basquete na Universidade Briar Cliff, em Iowa, nos Estados Unidos.

Mario Butler jogou pela equipe de Briar Cliff até 1979, quando se inscreveu para o Draft da NBA, tendo sido escolhido pelo Golden State Warriors na 155ª escolha. Rolando Frazer continuou jogando dois anos mais pela Briar Cliff, quando também participou do Draft, tendo sido a 83ª escolha, feita pelo Indiana Pacers.

Naqueles tempos, o Draft da NBA tinha 10 rodadas de escolha de jogadores, o que fazia com que a grande maioria dos escolhidos nunca viessem a efetivamente jogar na liga profissional. E os dois centro-americanos panamenhos não foram a exceção a esta regra.

Embora Frazer só viesse a se formar na universidade norte-americana em 1981, os dois - Butler e Frazer - chegaram juntos para disputar a Liga de Basquete de Porto Rico no ano de 1980, onde ambos atuariam pela maior parte de suas respectivas carreiras. O pivô Rolando Frazer chegou como reforço do Polluelos de Aibonito, e chegou impactando, tendo terminado sua primeira temporada com a média de 34 pontos por jogo. Em suas primeiras temporadas, conseguiu uma impressionante marca ao ultrapassar 1.000 pontos convertidos em pouco mais de 30 jogos. Porém, só conseguiria o título nacional portorriquenho com o time de Aibonito uma única vez, em 1986. E Mario Butler chegou para defender ao Titanes de Morovis, por quem se sagraria campeão portorriquenho em 1987. Butler foi escolhido 7 vezes na Liga de Porto Rico como "Melhor Jogador Defensivo do Ano", em 1984, 1985, 1987, 1988, 1991, 1993 e 1994.

Mario Butler

A Seleção do Panamá, com os dois, começou a chamar a atenção do mundo do basquete. Os dois se destacaram com o selecionado nacional nos Jogos Pan-Americanos de 1979, especialmente Frazer, que marcou 19 pontos na derrota por 88 x 93 perante a Seleção dos EUA treinada por Bobby Knight. Depois, eles foram Campeões do Centrobasket de 1981, batendo Porto Rico por 82 x 76 na final, e conquistando o terceiro título de sua seleção na história da competição que não conquistava desde 1969 (e que só voltaria a conquistar em 2006), o time foi para a disputa do Mundial de Basquete de 1982, no qual terminaram como 9º colocados. Perderam apertado para a Espanha (85 x 88), depois caíram frente aos Estados Unidos (79 x 100), e no último jogo da 1ª Fase, venceram à China por 121 x 92. Não tivessem pego um grupo tão difícil na largada, talvez tivessem tido um melhor resultado no final. Na decisão de 8º a 13º lugares, venceram à Costa do Marfim (117 x 83), ao Uruguai (92 x 75) e ao Brasil (86 x 85), mas perderam para a Tchecoslováquia (87 x 89). Três países terminaram empatados: Panamá, Brasil e Tchecoslováquia. Pelos critérios de desempate (saldo de cestas nos confrontos diretos entre os três) foi o Brasil quem ficou com o 8º lugar, seguido pelos panamenhos em 9º. Frazer foi o líder de pontuação entre todos os jogadores do Mundial, com uma média de 24,4 pontos por jogo.

Viria então o momento mais marcante das "Torres Gêmeas Panamenhas", que aconteceria quando os dois foram contratados para jogarem juntos pelo Obras Sanitarias, da Argentina. Com a camisa do time auri-negro do distrito de Núñez, em Buenos Aires, os dois fizeram história e tiveram atuações colossais, formando um quinteto titular marcante na história do basquete argentino ao lado de Eduardo Cadillac, Carlos Raffaeli e Esteban Camisassa, comandados pelo portorriquenho Flor Meléndez.

O Obras estava de volta à Copa Intercontinental de 1983, após participações frustrantes em 1976 e 1978. Jogava em casa, no seu ginásio. Já no primeiro jogo, uma vitória antológica sobre a Universidade Oregon State, dos EUA, liderada em quadra pelo então universitário A.C. Green, futuro grande nome do Los Angeles Lakers. O norte-americano teve uma noite fatídica em Núñez, graças à dupla panamenha, que ocupou bem os espaços no garrafão, impedindo-lhe de arremessar cerca do aro. A química entre Frazer e Butler no ataque era excelente, mas era na defesa que eles eram impecáveis. Geralmente era Frazer quem arriscava e saía um pouco mais para longe do aro, enquanto Butler ficava na espera pelos rebotes, uma de suas melhores qualidades na quadra de basquete.

Na sequência, outra vitória maiúscula sobre o Monte Líbano, do Brasil, com a força física dos panamenhos no garrafão tendo sido fator-chave para somar o segundo triunfo. Seguiram-se duas vitórias imponentes sobre o Peñarol, do Uruguai, e o Olimpia Milano, da Itália, que deixaram a equipe auri-negra a um passo da consagração. A vitória consagradora aconteceu no duelo contra o poderoso time italiano do Cantu, onde brilhava Antonello Riva. Flor Meléndez montou um sistema defensivo que diminuiu bastante a força ofensiva rival, mantendo Riva apagado nos momentos mais importantes. O desempenho das "Torres Gêmeas Panamenhas" foi excepcional, com o time argentino vencendo por 89-76 e escrevendo uma página na história do basquetebol de Buenos Aires como primeiro elenco argentino a ser campeão intercontinental, mantendo-se por muitas décadas como o único a ter conseguido tal feito.

Frazer (10) e Butler (14)

Os dois seguiriam construindo suas histórias na Liga de Baloncesto Superior Nacional (BSN) de Porto Rico. Rolando Frazer ainda voltou a disputar a Copa Intercontinental de 1984 novamente com o Obras, da Argentina. E Mario Butler, viria a ser contratado como reforço exclusivamente para a Copa Intercontinental de 1986 pelo Corinthians, do Brasil.

Em 1986, os dois voltariam a disputar o Mundial de Basquete com a Seleção do Panamá. Desta vez não conseguiram repetir a boa campanha de 4 anos antes: na 1ª Fase perderam para Grécia (81 x 110), Brasil (85 x 88), Espanha (70 x 125) e França (88 x 91), só vencendo à Coréia do Sul (111 x 103). Terminaram com o 19º lugar, juntos a Nova Zelândia e Angola.

Posteriormente, os dois migrariam quase ao mesmo tempo para jogar na Liga Espanhola. Rolando Frazer foi primeiro, na temporada 1985-86, para defender ao TDK Manresa, por quem jogou três temporadas, disputando 95 partidas, com médias expressivas de 25,3 pontos e 8,7 rebotes por jogo. Mario Butler chegou à Liga Espanhola na temporada 1987-88 para defender ao Espanyol. Também obteve números significativos na única temporada em que esteve jogando na Espanha, disputando 26 partidas, com uma média de 16,7 pontos e 10,0 rebotes por jogo. Ainda que não estivessem jogando juntos na mesma equipe, estes números refletem um belo resumo de como os dois centro-americanos se complementavam em quadra: ambos pontuando e pegando rebotes, mas sempre com Frazer pontuando mais e Butler pegando mais rebotes.

Após a passagem dos dois pelo basquete espanhol, ambos regressaram ao basquete de Porto Rico e permaneceram na liga do país até se aposentarem. Mas até para isso fariam história, pela longevidade com a qual conseguiram se manter jogando competitivamente dentro da quadra de basquete. Rolando Frazer, que nasceu em julho de 1958, aposentou-se ao fim da temporada 2000-01, jogando, portanto, até os 43 anos. Mario Butler, que nasceu em janeiro de 1957, aposentou-se ao fim da temporada 2007-08, incrivelmente com 51 anos!


As Torres Gêmeas Panamenhas

Mario Butler
Carreira: 1977-1981 Briar Cliff University (EUA); 1980-1982 Titanes de Morovis (Porto Rico); 1982-1983 Obras Sanitarias (Argentina); 1983-1986 Titanes de Morovis (Porto Rico); 1986 Corinthians (Brasil); 1987 Titanes de Morovis (Porto Rico); 1987-1988 Espanyol (Espanha); 1988-1998 Titanes de Morovis (Porto Rico); 1999-2001 Cangrejeros de Santurce (Porto Rico); 2002-2003 Titanes de Morovis (Porto Rico); 2004 Gigantes de Carolina (Porto Rico); 2005 Capitanes de Arecibo (Porto Rico); 2006 Titanes de Morovis (Porto Rico); 2007-2008 Capitanes de Arecibo (Porto Rico)



Rolando Frazer
Carreira: 1977-1981 Briar Cliff University (EUA); 1980-1981 Polluelos de Aibonito (Porto Rico); 1981 Defensor Sporting (Uruguai); 1982 Polluelos de Aibonito (Porto Rico); 1982 Obras Sanitarias (Argentina); 1983 Polluelos de Aibonito (Porto Rico); 1983 Obras Sanitarias (Argentina); 1984 Polluelos de Aibonito (Porto Rico); 1984 Obras Sanitarias (Argentina); 1985 Polluelos de Aibonito (Porto Rico); 1985 Guaiqueries de Margarita (Venezuela); 1985-1986 Manresa (Espanha); 1986 Polluelos de Aibonito (Porto Rico); 1986-1987 Manresa (Espanha); 1987 Polluelos de Aibonito (Porto Rico); 1987-1988 Manresa (Espanha); 1988 Polluelos de Aibonito (Porto Rico); 1988-1989 Manresa (Espanha); 1989-1995 Polluelos de Aibonito (Porto Rico); 1997 Capitanes de Arecibo (Porto Rico); e 1998-2001 Maratonistas de Coamo (Porto Rico)

Frazer pelo TDK Manresa, da Espanha


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