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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

A história do basquete de Rio Claro


O time de Rio Claro foi uma das maiores forças do cenário basquetebolístico brasileiro nos Anos 1990. O projeto de basquete da cidade foi iniciado no ano de 1981 com a organização da equipe do Clube de Campo de Rio Claro. Logo no ano de sua fundação, em seu primeiro torneio oficialmente disputado, o time se consagrou, de forma invicta, como Campeão Paulista da 2ª Divisão (oficialmente se chamava 1ª Divisão, com o campeonato da elite estadual se chamando "Divisão Especial", mas confusões de nomenclatura a parte, era um "Série B" de fato). Com o título, o Rio Claro obteve o acesso para disputar o torneio de elite do basquete paulista.

O projeto não tardou nada em mostrar sua força e sua pretensão de crescimento: em sua primeira participação na divisão principal do Campeonato Paulista, em 1982, o Clube de Campo conseguiu um honroso 6º lugar, demonstrando o quão forte, já em sua largada, era o projeto de basquetebol da cidade, localizada a 175km a noroeste da cidade de São Paulo, capital do estado. Daí em diante, o trabalho não parou de crescer e obter resultados cada vez melhores nos quinze anos seguintes.


Em sua segunda temporada na elite, em 1983, o time já chegou à semi-final do Campeonato Paulista, provando o quanto entrava forte no cenário do basquete brasileiro. Esta força estava comprovada pela forte presença de público em seu ginásio, tendo o time do Clube de Campo obtido os maiores públicos e rendas em todas as edições do Campeonato Paulista disputadas entre 1982 e 1987, com média de mais de 2 mil pagantes por partida.

Veio então o momento de glória, o ponto de partida para os dias fantásticos do basquete de Rio Claro nos Anos 1990. O Clube de Campo foi a grande surpresa do Campeonato Paulista de 1987, quando se postulou para fazer a final contra o poderoso Monte Líbano, então detentor dos títulos de campeão paulista e de tri-campeão brasileiro. Não passava pela cabeça de ninguém de fora da cidade do interior que o C.C. Rio Claro fosse capaz de superar à equipe de Maury, Cadum, Paulinho Villas-Boas, André Stoffel e Pipoka, treinados por Edvar Simões. O time do interior venceu o primeiro jogo por 83 x 76, e depois foi derrotado no Ginásio do Ibirapuera por 85 x 101, mesmo local, na capital paulista, no qual o time do interior surpreendeu e venceu o terceiro jogo por 86 x 84, abrindo 2-1 na série.


Foi nestas condições que a Folha de São Paulo anunciou o Jogo 4 da final do Paulista de 87: "os astros do Monte Líbano precisam vencer à desconhecida equipe de Rio Claro para adiar a decisão estadual". Palavras que definem claramente o quão surpreendente era a presença daquela equipe naquela final. E a surpresa mostrou a todos que não estava ali para figurar. O título foi conquistado no Ginásio Municipal Felipe Karam, lotado por 4 mil rioclarenses, quando o Clube de Campo venceu por 80 x 77 do Monte Líbano (vendo ainda o time da capital tentar dois arremessos de três nos últimos segundos para forçar uma prorrogação, mas errando ambos, primeiro com Maury e depois com Cadum). Assim, o time fechou a série em 3-1 e foi o Campeão Paulista de 1986, com uma equipe treinada por José Roberto Lux, o Zé Boquinha. O grande destaque e cestinha da equipe era o norte-americano Morgan Taylor, com uma média de mais de 21 pontos por partida. Taylor nasceu em Atlanta e se formou na Universidade de Arizona, por quem disputou a NCAA. Ele dividia o protagonismo na pontuação com o ala Almir Gerônimo, um jogador formado no basquete do Rio de Janeiro e bi-campeão carioca com o Flamengo em 1984 e 1985. Outros dois grandes nomes que brilharam e se projetaram no cenário nacional com esta conquista foram o jovem armador Luiz Augusto Zanon e o pivô Paulão - Paulo César da Silva - que era o mais alto jogador em atividade no Brasil naquele momento, com 2,21m. Também faziam parte do elenco: Pelézinho (outro nome oriundo do basquete carioca, que passou por Botafogo e Flamengo), Marco Antônio Zardo, mineiro de Uberlândia, e os jovens Gibi, Osnir Góes, Pantera e Bambinho.

Da esquerda para a direita, no grupo da Seleção Brasileira, o primeiro
é Paulão Silva, a seu lado Almir, e o último e Luiz Augusto Zanon

Com o título paulista, a equipe disputou a Taça Brasil na temporada 1987/88, sua primeira participação num campeonato nacional. E logo em sua estreia, ficou na 3ª posição. Na 1ª fase, jogando em casa, venceu seu grupo, formado também por Corinthians (SP), Botafogo (RJ) e Grêmio Náutico União (RS). Avançou para a fase na qual, de um grupo de quatro, todos paulistas, dois avançavam ao quadrangular final. O fortíssimo grupo ainda tinha a Sírio, Corinthians e Franca. Com brilhantismo, o Clube de Campo avançou à Fase Final, disputada no Ginásio do Ibirapuera. Na luta pelo título, venceu ao Vasco da Gama na estreia (77 x 74), mas caiu perante o Sírio na segunda rodada, vendo o título ficar distante. No jogo final, perdeu por 72 x 83 para o Monte Líbano, que se sagrou tetra-campeão nacional consecutivamente. No ano seguinte, voltou à fase final da Taça Brasil, temporada 1988/89, desta vez jogada num hexagonal, disputado no Ginásio Pedrocão, em Franca. No primeiro jogo venceu ao Monte Líbano por 92 x 91, e depois ainda superou ao Sírio por 114 x 102, porém sofreu derrotas para Pirelli (89 x 116), Flamengo (78 x 92) e Franca (93 x 113), terminando em 4º lugar.

Crescendo, o projeto atraiu patrocinadores e passou a usar o nome CESP/Blue Life/Rio Claro. Ainda mais fortalecido, chegou novamente à final do Campeonato Paulista em 1990, enfrentando à Ravelli/Franca. Sem uma equipe ainda forte o suficiente para voltar a ser campeã, perdeu a série final por 3-0 e viu a rival Franca levantar o troféu. O time de Rio Claro, liderado em quadra por Zanon e pelo norte-americano Derek Hill, não foi páreo para o adversário, que tinha a Raul Togni, Guerrinha, Fernando Minucci, o norte-americano Patrick Reynolds, Evandro, Paulão Berger e Janjão, treinados por Hélio Rubens. Os francanos venceram por 99 x 94, 103 x 94, e 79 x 67. Mas estava ali inaugurada a maior rivalidade do basquete brasileiro na primeira metade dos Anos 1990.

A vingança do Rio Claro viria no ano seguinte, quando reencontrou ao adversário na final do Campeonato Paulista de 1991, tendo desta vez obtido a vitória, ao fechar a série decisiva em 3-1 sobre a Sabesp/Franca. O time da cidade, comandado pelo jovem treinador João Bosco Della Colleta, então com apenas 41 anos, brilhou nas mãos de seu novo cestinha Luís Felipe Azevedo, autor de 27 pontos no jogo que definiu o título, no Ginásio Felipe Karam, partida que foi para a prorrogação após um empate por 92 x 92 no tempo normal, e terminou 104 x 99 para o CESP/Rio Claro. Ao lado do principal pontuador, Zanon com 17 pontos e Paulinho Villas-Boas com 15 também se destacaram. Os três maiores pontuadores da equipe na partida que deu o título ao time marcaram juntos 56% dos pontos da equipe naquela noite histórica, sobretudo pelas certeiras cestas de três convertidas pelo trio. A partida final foi acirradíssima, cheia de desclassificações por excesso de faltas, e com invasão de quadra pelos dirigentes de Franca a 54 segundos do fim, obrigando a partida a ficar cinco minutos paralisada até sua conclusão.

Rio Claro, Campeão Paulista de 1991

A temporada 1991/92 foi o primeiro grande momento de glória do time de basquete de Rio Claro! Depois de ser campeã paulista pela segunda vez em sua história, a equipe seria a Campeã Nacional de 1992, o primeiro título brasileiro do projeto. Na final, disputada no Ginásio da Cava do Bosque, em Ribeirão Preto, o time derrotou ao Banespa/Clube Ipê, da cidade de Jales, por 81 x 79, definindo a partida de forma emocionante, com uma cesta de Paulinho Villas-Boas no último segundo. Em decisão muito polêmica, confirmada dentro do vestiário dos árbitros meia hora após o cronômetro haver zerado e a quadra ser tomada, e com muita confusão, enquanto as equipes aguardavam a revisão da arbitragem e da mesa, que estavam fechados no vestiário e protegidos pela polícia. Cesta confirmada e título conquistado, sem a necessidade de prorrogação. Assim, o time comandado por Della Colleta e com um quinteto titular formado por Zanon, Paulinho Villas-Boas, Luiz Felipe Azevedo, Fábio Pira e Caio Silveira, subiu um degrau a mais no cenário nacional, no qual seria um grande protagonista até a temporada de 1995.

Com o título nacional, a equipe disputou pela primeira vez ao Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões, naquele ano jogado em Montevidéu, no Uruguai. O time rioclarense acabou derrotado na semi-final por 90 x 106 pelo Bigua, do Uruguai, que veio a ser o campeão sobre Franca, vencendo a final por 85 x 68. Rio Claro terminou com um 3º lugar no torneio continental, ao vencer ao argentino Gimnasia y Esgrima Pedernera (GEPU) por 92 x 85 na última partida.

O interior de São Paulo vivia um momento de pleno domínio no cenário nacional, e após ser campeão em 1992, o Rio Claro caiu na semi-final do campeonato de 1993, e viu o seu grande rival, Franca, ser campeão pela terceira vez em quatro anos entre 1990 e 1993, numa final na qual superou ao Clube Ipê, de Jales.

Para a temporada 1993/94, buscando subir um degrau a mais em termos de qualidade, o técnico da equipe passou a ser o norte-americano Mike Frink. O time mantinha sua forte dupla de perímetro formada por Luiz Felipe e Paulinho Villas-Boas, e fortaleceu ainda mais seu trabalho fora do garrafão com a contratação do baixinho (1,68m) armador norte-americano Billy Law. Assim, a diretoria do basquete de Rio Claro mostrava o quanto estava disposta a se fortalecer e ser protagonista no Brasil e na América do Sul.

No Campeonato Paulista de 1993, acirrando a rivalidade marcante daquele período, a final foi mais uma vez entre Rio Claro e Franca, as duas que, para efeito de publicidade, estavam sob as nomenclaturas Satierf/Sabesp/Franca e CESP/Blue Life/Rio Claro. Os rioclarenses chegavam à final com uma campanha de 24 vitórias e 9 derrotas. Nos dois confrontos diretos na 1ª Fase, cada um havia vencido uma vez. A final foi em jogo único, disputado na capital São Paulo, no Ginásio do Ibirapuera. E quem levou a melhor foi o Rio Claro, que venceu por 104 x 93, com 32 pontos de Luiz Felipe Azevedo, conquistando seu terceiro título estadual.

Depois de voltar a faturar o título estadual, o time de Rio Claro caiu novamente na semi-final do Campeonato Nacional, depois do qual houve a saída do treinador estrangeiro. Na temporada seguinte, o técnico da equipe passou a ser Cláudio Mortari, e o Rio Claro se reforçou com a contratação do pivô Josuel, da Seleção Brasileira. O projeto seguia mostrando sua força no Estadual e faturou o bi-campeonato consecutivo. A equipe terminou em 1º lugar na 1ª Fase, com 15 vitórias e 5 derrotas, e depois eliminou ao Guaru, de Guarulhos, com uma varrida por 3-0 na série melhor de cinco jogos que colocou a equipe na Fase Final, toda ela a ser disputada em Araraquara. O time começou perdendo para o LA Gear/Ipê/Jales por 100 x 109, mas se reabilitou com vitórias por 98 x 83 sobre a Sabesp/Franca e por 114 x 93 sobre o Nossa Clube/Nossa Caixa, de Limeira, equipe onde estava atuando o ídolo rioclarense Zanon. Com estes resultados, habilitou-se a decidir o título num novo confronto frente à equipe de Limeira, à qual voltou a vencer, com o título sendo levantado com uma vitória por 96 x 90 no jogo final no Ginásio Gigantão, em Araraquara, com 27 pontos de Paulinho, 21 pontos e 10 rebotes de Josuel, 14 pontos de Luiz Felipe, 13 de Tonico e 11 de Law. Uma equipe inesquecível! O quinteto Campeão Paulista de 94 era formado por Billy Law, Paulinho Villas-Boas, Luiz Felipe Azevedo, Tonico e Josuel, e no banco contava, entre outros, com o jovem armador Valtinho, que viria a ser um dos principais nomes do basquete brasileiro nas décadas seguintes.

Após aquele título estadual, iniciou-se o inesquecível ano de 1995, o mais fantástico da história do basquete de Rio Claro, e um dos mais sensacionais, em termos de resultados, já conseguidos por qualquer equipe de basquete na história do basquete brasileiro. No primeiro semestre, as glórias se iniciaram com a conquista da Liga Nacional, com a equipe sendo a campeã brasileira pela segunda vez em sua história.

A competição nacional daquele ano tinha uma primeira fase com dois grupos, um com 11 e outro com 10 clubes, e os oito primeiros de cada avançavam para fazer o mata-mata a partir das oitavas de final. O CESP/Rio Claro terminou seu grupo em 1º lugar, com 17 vitórias e apenas 3 derrotas, a frente de Palmeiras, Sabesp/Franca, Nosso Clube, Flamengo, Akros/Joinville, Sírio e Tijuca Tênis Clube, que avançaram de fase junto a ele. Com Billy Law arisco nas infiltrações e nas assistências, Luiz Felipe Azevedo preciso na linha de três, e um forte jogo de garrafão com a dupla Tonico e Josuel, o time de Cláudio Mortari chegou forte para fazer a final contra o Dharma/Yara, de Franca, equipe que contava com Guerrinha, Cadum, Fernando Minucci, o norte-americano Leon Jones, Janjão e Gema. Por uma divisão política, naquele ano os francanos tiveram duas equipes disputando o Campeonato Nacional, a Sabesp/Franca e a Dharma Yara (tendo ambas chegado à semi-final). O Rio Claro começou a série final perdendo por 108 x 112, mas na segunda partida, também em Franca, venceu por 104 x 97, de forma que bastava vencer em casa para ser campeão. E conseguiu, sem muita dificuldade, vencendo no Ginásio Felipe Karam por 114 x 102 e por 105 x 88, fechando a série em 3-1 e se sagrando bi-campeão brasileiro.

Para a temporada 1995/96, a equipe perdeu seu técnico, tendo Cláudio Mortari aceitado uma vantajosa oferta financeira para assumir ao Corinthians. Para o seu lugar a equipe de Rio Claro foi atrás de um velho conhecido, passando o novo treinador para a nova temporada a ter sido Zé Boquinha, aquele que deu ao projeto seu primeiro título de elite, com a conquista do Campeonato Paulista de 1987.

Depois de haver reconquistado ao Brasil, a meta seguinte era conquistar à América do Sul. Para a disputa do Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões, disputado em Bucaramanga, na Colômbia, a equipe foi reforçada com o empréstimo de quatro jogadores do Clube Ipê, de Jales: Edu Mineiro, o norte-americano Robyn Davis, Marcelão e Gérson Victalino. Com a parceria, o time foi chamado especificamente neste torneio de Blue Life/Bozzano.

Na estreia, a equipe perdeu para o Athenas de Córdoba, da Argentina, por 109 x 113, talvez sentindo a falta de entrosamento, pois acabou derrotada por um adversário que viria a perder vários jogos, terminando tão só em quarto lugar. Já o Rio Claro, liderado na pontuação pela dupla de norte-americanos Billy Law e Robyn Davis, engrenou uma sequência de vitórias que lhe levou até o título. Ainda pela 1ª fase, venceu por 106 x 76 à Universidade de Chile e por 88 x 84 ao Regatas Lima, do Peru, garantindo a classificação no saldo de cestas para o Quadrangular Final, no qual venceu por 106 x 103 ao Hebraica y Macabi, do Uruguai, novamente ao Regatas de Lima, desta vez por 66 x 64, e por 99 x 80 ao Peñarol de Mar Del Plata, da Argentina. O quinteto titular campeão sul-americano, treinado por Zé Boquinha, era formado por Billy Law, Robyn Davis, Luiz Felipe Azevedo, Gérson Victalino e Josuel.

A meta seguinte era a conquista da Copa América de Clubes (Campeonato Pan-Americano de Clubes Campeões), que naquele ano foi jogado em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Foi o primeiro torneio sob o novo nome: Polti Vaporetto/Blue Life/Rio Claro. A equipe superou ao Corinthians Gaúcho e à Sabesp/Franca, e com uma vitória na partida final do quadrangular decisivo sobre o Peñarol de Mar Del Plata (78 x 75), faturou mais um troféu para a sua coleção.

Na quarta competição daquele fantástico ano de 1995, a quarta conquista, com o time de Rio Claro sagrando-se tri-campeão paulista de forma consecutiva (1993-1994-1995), e faturando seu quinto título do Estadual. Mas a situação financeira havia se apertado, com a perda do patrocínio da Blue Life, meses após já haver perdido o aporte estatal da Companhia Energética de São Paulo (CESP), começando a surgir problemas de fluxo de caixa, e de endividamento. Ainda assim, a equipe de Zé Boquinha conseguiu chegar à Final, a ser disputada contra a Associação Atlética Guaru, do técnico Marcel de Souza, e com nomes como Maury, Wálter Roese, Danilo, Paulinho Villas-Boas, Brent Merritt e Rolando Ferreira. O título foi conquistado apenas no 5º jogo, no Ginásio Felipe Karam, em Rio Claro, lotado por 4.361 torcedores, com uma vitória por 90 x 80 que fechou a série em 3-2. O quinteto campeão: Billy Law, Askia Jones, Luiz Felipe Azevedo, Wagnão e Tonico, com um banco que tinha a Valtinho, Douglas e Efigênio.

O inesquecível Rio Claro campeão de tudo em 1995

O ano de 1995 havia sido fantástico, com o Rio Claro tendo sido campeão de tudo: Paulista, Brasileiro, Sul-Americano e Pan-Americano, mas o projeto parecia ter dado passos maiores do que suas pernas permitiam naquele momento, e dali em diante o time de basquete da cidade entraria em derrocada.

Num último capítulo para fechar o ano de 1995 com louvor, a equipe foi convidada para ir à Espanha em dezembro de 95 para disputar ao Troféu Internacional de Navidad, em Madrid, onde conseguiu a façanha de vencer ao Real Madrid por 76 x 75, mas depois acabou sofrendo uma derrota para a Seleção da Austrália, que por sua vez foi derrotada pelo time merengue. Assim, houve um tríplice empate e, no saldo de cestas, o Rio Claro terminou em 3º lugar.

O time ainda disputou à 1ª edição da Liga Sul-Americana, em 196, na qual terminou em 4º lugar. Na 1ª Fase, venceu seu grupo sem dificuldades, com seis vitórias em seis jogos, sobre Aguada, do Uruguai (100 x 77 (c) e 80 x 79 (f)), Caimanes de Baranquilla, da Colômbia (94 x 79 (c) e 92 x 87 (f)), e Sol de America, do Paraguai (118 x 85 (c) e 85 x 72 (f)). Nas quartas de final, passou por 2-1 pelo Hebraica y Macabi, do Uruguai (102 x 99 (f), 90 x 95 (c), e 102 x 87 (c)), mas na semi-final foi derrotado por 0-2 pelo Corinthians, de Oscar Schmidt, caindo por 94 x 104 (c) e 73 x 106 (f). Depois, disputaria ao Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões em Concepción, no Chile. Foi derrotado duas vezes pelo Independiente de General Pico, da Argentina (94 x 98 e 78 x 84), mas ainda assim chegou à última rodada com chance de título, mas acabou derrotada por 85 x 88 pelo Cordón, do Uruguai. Terminou com o vice-campeonato.

Na temporada 1996/97, o time de Rio Claro não conseguiu obter patrocínios e se licenciou, ficando de fora por uma temporada inteira de todas as competições oficiais. Conseguiu se reorganizar, no entanto, para a temporada seguinte, 1997/1998, passando o ter o patrocínio da marca Brastemp. Entretanto, após o 4º lugar na Liga Nacional de 1998, o time novamente enfrentou dificuldades financeiras e foi forçado a encerrar as suas atividades, ausentando-se do cenário do basquete por um longo período a partir dali.

O time de Rio Claro foi uma potência do basquete brasileiro na década de 1990, tanto que entre 1991 e 1998 chegou ao menos à semi-final em todas as suas 7 participações no Campeonato Nacional, caindo nas semi-finais em 1991, 1993, 1994, 1996 e 1998, e tendo nas duas vezes que conseguiu passar e avançar à final sido o campeão nacional, em 1992 e em 1995. Além de haver sido o Campeão Paulista em 1991, 1993, 1994 e 1995, e de ter obtido títulos internacionais.



Depois de um longo período de ausência, o Rio Claro Basquete voltou às atividades na temporada 2005/06, sob a gerência da Associação Beneficente Cultural Desportiva Bandeirantes, que já havia sido parceira do Clube de Campo na gestão da equipe nos Anos 1980. A nova equipe montada participou do Campeonato Paulista de 2005 e também do Campeonato Nacional de 2006, torneio este que não chegou ao fim, dificultando ainda mais a retomada do projeto de basquete da cidade de Rio Claro. A equipe ainda conseguiu força econômica para disputar o Campeonato Nacional de 2007, no qual terminou na 6ª colocação, atrás de Universo/Brasília, Franca, Unitri/Uberlândia, Minas Tênis Clube e Paulistano. Apesar do resultado, o projeto sobrevivia a "duras penas", tanto que não conseguiu recursos para montar uma equipe e participar do Campeonato Paulista de 2007.

Para o Campeonato Nacional de 2008, conseguiu uma parceria com a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), e jogando sob a denominação Ulbra/Bandeirantes/Rio Claro terminou a competição em 5º lugar. Após o Campeonato Paulista de 2008, a parceria entre a Ulbra e o Rio Claro se encerrou, mas, ainda assim, o projeto persistiu ativo após um acordo de suporte financeiro com o Rio Claro Futebol Clube e com a Prefeitura de Rio Claro, de forma que a equipe de basquete pudesse disputar às competições estaduais de 2009 sob a nomenclatura Rio Claro/SEME. Mas esta parceria não foi além disto, tendo que o projeto estar novamente ausente de todas as primeiras edições no Novo Basquete Brasil (NBB).

A partir de 2010, o projeto mudou novamente de mãos, passando a ser gerido pela Associação Cultural Beneficente Desportiva Rio Claro, tendo disputado o Campeonato Paulista naquele ano, no qual acabou derrotado nas quartas de final pela equipe do Pinheiros.

Procurando se reestruturar para voltar à elite do basquete nacional, em 2011 o time de Rio Claro disputou a SuperCopa Brasil, equivalente à divisão de acesso do NBB. O torneio organizado pela CBB era dividido regionalmente, com a equipe jogando a Copa Brasil Sudeste, torneio que reuniu Rio Claro, Liga Sorocabana, Tijuca Tênis Clube, Macaé Basquete, Cabo Frio Basquete (estes três últimos do estado do Rio de Janeiro), Paraíso e Olympico (estes dois de Minas Gerais). Foi um torneio muito bom, do qual o Rio Claro se sagrou o campeão. A 1ª Fase foi jogada de 27 de janeiro a 19 de março de 2011. O time rioclarense obteve a seguinte campanha: 51 x 54 Paraíso / 72 x 55 Olympico / 85 x 67 Tijuca / 88 x 42 Cabo Frio / 73 x 75 Liga Sorocabana / 79 x 67 Macaé / 83 x 57 Paraíso / 100 x 81 Olympico / 76 x 81 Liga Sorocabana / 79 x 81 Tijuca / 71 x 48 Cabo Frio / 96 x 70 Macaé. Terminou a 1ª fase em 3º lugar, com 8 vitórias e 4 derrotas, atrás de Liga Sorocabana e Tijuca Tênis Clube, e avançando para o mata-mata. Na semi-final, venceu ao Tijuca em casa por 93 x 80 e fora por 92 x 70. Na final, enfrentou à Liga Sorocabana, a quem venceu por 73 x 63 em Rio Claro e por 79 x 78 em Sorocaba, avançando como campeão à Supercopa Brasil, cujo campeão e vice pleiteariam a chance de disputar o NBB na temporada seguinte. A fase nacional da competição foi um octogonal, todo ele jogado no Ginásio do Tijuca Tênis Clube, no Rio de Janeiro. O Rio Claro venceu seus três confrontos de 1ª Fase, por 89 x 44 ao Sport Recife, de Pernambuco, por 68 x 58 ao S.E.R São José, do Amapá, e por 83 x 57 ao Campo Mourão, do Paraná, avançando para a semi-final para jogar contra a Liga Sorocabana, por quem acabou derrotado por 76 x 88. Terminou a competição em 3º lugar, perdendo a chance de voltar à elite nacional.

Voltou a ter uma oportunidade de acesso à elite em 2013, quando foi novamente o Campeão da Copa Brasil Sudeste. Terminou a 1ª Fase em 3º lugar, com 7 vitórias e 3 derrotas, atrás de Macaé e XV de Piracicaba, e a frente do carioca Fluminense, e dos mineiros do Ginástico e do Minas Tênis Clube. Na semi-final, bateu duas vezes ao XV de Piracicaba, por 91 x 83 em casa, e por 79 x 65 fora, avançando para fazer a final contra o Fluminense, a quem venceu por 92 x 80, conquistando o título. A fase nacional foi mais uma vez um heptagonal (já que houve uma desistência). Na 1ª Fase, ganhou de 103 x 82 do Sport Recife, e de 77 x 65 do Caxias do Sul, mas perdeu por 78 x 88 para o Universo/Goiânia. Ficou em segundo lugar, mas avançando à Fase Final, mais uma vez, assim como dois anos antes, disputada no Ginásio do Tijuca Tênis Clube, no Rio de Janeiro. Na semi-final, perdeu por 89 x 106 para o Macaé, e na decisão de terceiro lugar perdeu novamente para o Universo/Goiânia, desta vez por 92 x 100. Terminou assim em 4º lugar, mais uma vez não conseguindo regressar à elite nacional.
  
No Campeonato Paulista, voltou a chegar às quartas de final, como havia chegado em 2010, na edição de 2014, quando foram eliminados pelo Bauru. Naquele mesmo ano, voltou a ter a oportunidade de voltar à elite nacional, e desta vez conseguiu. O torneio de acesso mudou e naquele ano foi disputada a 1ª edição da Liga Ouro (competição que teve 6 edições realizadas entre 2014 e 2019). O torneio foi um quadrangular entre Rio Claro e Lins, ambos de São Paulo, Campo Mourão, do Paraná, e Sport Recife, de Pernambuco. Na 1ª Fase, o Rio Claro fez a segunda melhor campanha, com 6 vitórias e 6 derrotas, avançando para fazer a semi-final contra o Campo Mourão. O time rioclarense não teve dificuldade, fechou a série com uma varrida de 3-0: 99 x 80 (c), 93 x 70 (c) e 77 x 71 (f). O adversário na final foi o Lins Basquete, e o duelo valia a volta à 1ª Divisão do Basquete Brasileiro. Os dois primeiros jogos foram no Ginásio João Santos Meira, na cidade de Lins. O Rio Claro venceu ao primeiro, por 68 x 62, e perdeu o segundo, por 70 x 71. Com a vantagem, tinha a oportunidade de fechar a série com dois jogos seguidos em casa, no Ginásio Felipe Karam. E não desperdiçou, venceu por 78 x 73 e por 87 x 76, sagrando-se Campeão da Liga Ouro, e garantindo seu regresso à Liga Nacional. O time campeão: Eric Tatu, Caio Raches, Luisinho, Vinícius e Estevam. 


A primeira participação no NBB, no entanto, na temporada 2014-15, não foi boa. O time do Rio Claro, treinado por Chuí, era formado por Eric Tatu, Brandon Brown, Duda Machado, Caio Ranches e Anderson Mosso, e no banco ainda tinha ao ala espanhol Alvaro Calvo, e aos pivôs Estevam e Lucas Tischer. Com um péssimo desempenho (somente 8 vitórias em 30 jogos disputados) terminou na 15ª colocação entre 16 participantes. Na temporada seguinte ainda participou mais uma vez da elite nacional. A equipe começou treinada por Marcelo Tamião, que durante o turno foi substituído pelo técnico Dedé Barbosa. Tinha um quinteto titular formado por Eric Tatu, Gui Deodato, Dedé Stefanelli, Guilherme Teichmann e Daniel Alemão, e com importantes peças na rotação, como Fernando Penna e Bruno Fiorotto. Terminou a 1ª Fase em 8º lugar, com 13 vitórias e 15 derrotas. Nas oitavas de final eliminou ao eterno rival, Franca, por 3-2 (85 x 87, 89 x 79, 81 x 62, 60 x 88, e 74 x 64), mas nas quartas de final não teve qualquer chance diante do Flamengo, sendo varrido por 3-0 (79 x 88, 73 x 93, e 82 x 93). Ao fim da competição, novamente envolto em problemas financeiros, pediu licença e se afastou do NBB, ficando de fora das temporadas seguintes.

Tentou regressar à elite nacional ao se inscrever par disputar a Liga Ouro de 2019, naquele ano disputada por um octogonal, em que além do Rio Claro, disputaram o São Paulo Futebol Clube, os paranaenses de Londrina, Campo Mourão e Pato Basquete, a paraibana UniFacisa, o catarinense APAB/Blumenau, e o Cerrado Basquete, de Brasília. Muito longo de seus dias áureos no esporte, o Rio Claro terminou tão só com um 6º lugar, com 6 vitórias e 8 derrotas. Ainda assim, como houve muitas desistências, conseguiu disputar pela terceira vez ao NBB, na temporada 2019/20, campeonato que acabou interrompido pela pandemia do coronavírus quando o Rio Claro ocupava a 9ª colocação entre os 16 participantes, com uma equipe treinada por Fernando Penna, e que contava com quatro estrangeiros - um trio de argentinos formado por Juan Pablo Figueroa, Fabián Sahdi e Enzo Ruiz, além do norte-americano Walter Baxley - e jovens talentos como o armador Jéfferson Campos, o ala Pedro Teruel e o pivô Gérson Santo. Apesar do esforço, ao fim da temporada as atividades do basquete de Rio Claro foram mais uma vez interrompidas.

O fato é que houve muito esforço, várias tentativas muito louváveis, mas nunca mais o Rio Claro chegou perto dos dias de glória vividos nos Anos 1990. Uma pena para o basquete brasileiro. Todos os amantes do esporte torcem para que um dia ele possa voltar forte!


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