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sexta-feira, 25 de julho de 2025

A classificação olímpica mais impactante da história da Seleção Brasileira


Contexto Olímpico Histórico do Brasil

O Basquete Masculino do Brasil conquistou três Medalhas de Bronze da história dos Jogos Olímpicos, em Londres em 1948, em Roma em 1960, e em Tóquio em 1964. Até o início dos Anos 1970, era presença constante no Top 6 Internacional, tendo ficado com a 6ª colocação nas edições de Helsingue em 1952 e em Melbourne em 1956, e com um 4º lugar no México em 1968. Foram, portanto, 6 edições consecutivas entre as 6 maiores forças do basquete mundial.

Em 1972, em Munique, a Sseleção Brasileira ficou pela primeira vez fora do Top 6, ao terminar a competição com um 7º lugar, após sofrer derrotas para Austrália, Cuba e Porto Rico. A situação ficou ainda pior na edição seguinte, quando foi disputado pela primeira vez na história um Torneio Pré-Olímpico, o que por si só já era sinal dee como o basquete estava crescendo, ampliando-se e se desenvolvendo em outras praças menos tradicionais.

A Olimpíada de 76 era em Montreal, e o Pré-Olímpico foi disputado em Ontário, também no Canadá, o Brasil acabou atrás de Iugoslávia, Tchecoslováquia e México no torneio seletivo, e ficou pela primeiravez na história de fora dos Jogos Olímpicos no basquete masculino.

A partir da edição de 1980, o Torneio Pré-Olímpico passou a ser por federação conrinental. Na edição de 80, a Seleção Brasileira quase ficou de fora novamente, sofreu derrotas para Canadá e Argentina, terminou em 4º lugar pelos critérios de desempate, atrás também de Porto Rico, e só obteve a classificação por causa do boicote dos Estados Unidos, por razões políticas, aos Jogos Olímpicos disputados na União Soviética, senão teria ficado de fora. Em Moscou, ainda voltou a ser Top 6, terminando em 5º lugar. Assim, em 9 edições do basquete masculino nos Jogos Olímpicos entre 1948 e 1980, o Brasil havia sido 7 vezes Top 6, e só 2 vezes ficado fora do grupo de seis seleções mais fortes do mundo.

Depois disto, até 1996, a Seleção Brasileira comandada por Oscar Schmidt conseguiu uma sequência de bons resultados nos Pré-Olímpicos das Américas e não voltou a ter dificuldade em obter a sua classificação. Nas quatro edições disputadas em Los Angeles em 1984, em Seul em 1988, em Barcelona em 1996, e em Atlanta em 1996, foi duas vezes 5º lugar, uma vez 6º e uma vez 9º. Assim, mantinha uma elevada frequência entre as 6 melhores do mundo, tendo em 13 edições entre 1948 e 1996 sido 10 vezes Top 6 e só 3 vezes ficado de fora do grupo de seis seleções mais fortes do mundo.

Mas a conjuntura estava mudando muito rápido. A União Soviética e a Iugoslávia, duas das maiores potências da história do basquete, tinham se diluído politicamente em vários países, quase todos vindo a ter tradição no esporte da bola laranja. Ao mrsmo tempo, o basquete se desenvolvia aceleradamente em Itália, Espanha, Grécia e Argentina, aumentando ainda mais a concorrência. A partir de então, ser Top 6 virou sonho distante. Nas 7 edições seguintes, entre 2000 e 2024, o Brasil só seria Top 6 em 1 única vez, na edição de Londres em 2012, quando comandado pelotécnico argentino Ruben Magnano.


Contra a Letônia, em 2024, tão só a 2ª classificação no Século XXI

A Seleção Brasileira de Basquete Masculino não participou das edições de Sydney em 2000, de Atenas em 2004 e de Pequim em 2008. Em 2000 eram apenas 2 vagas para as Américas, que foram obtidas por Estados Unidos e Canadá. Em 2004, eram 3 vagas, e se classificaram Estados Unidos, Argentina e Porto Rico. Em 2008, sendo novamente só 2 vagas, classificaram-se Estados Unidos e Argentina.

A sonhada classificação para regressar a disputar o basquete masculino nos Jogos Olímpicos aconteceu na edição de Londrss em 2012, e assegurava duas participações sseguidas ao Brasil, já que a edição de 2016 seria no Rio de Janeiro, estando a Seleção Brasileira com a sua vaga já assegurada.

Em 2012, a missão foi um pouco facilitada pelo fato dos Estados Unidos terem sido os campeões mundiais de 2010, o que lhes assegurava a classificação, tirando-os da seletiva, e assim abrindo uma vaga a mais. O Torneio Pré-Olímpico foi jogado em Mar Del Plata, na Argentina. O Brasil superou a Canadá e Porto Rico, e assegurou a sua classificação (eram novamente apenas 2 vagas) ao vencer à República Dominicana na semi-final. Vitória por 83 x 76, que lhe garantiu a classificação junto à Argentina.


Ralando, chegando perto, mas não se classsificando

O contexto de classificação voltou a mudar a partir das edições de Tóquio em 2000 (disputada apenas em 2021 por conta da pandemia de covid). A classificação passou a ser num Torneio Pré-Olímpico em escala mundial, e não mais continental, dificultando mais a classificação. Eram sempre 4 torneios reunindo por sorteio a 6 países em cada um, e do qual somente o vencedor avançava às Olimpíadas.

Na primeira disputa neste formato, o Brasil jogou em Split, na Croácia, num grupo que ainda reunia à anfitriã Croácia, Rússia, Alemanha, México e Tunísia. Só um destes iria ia aos Jogos Olímpicos. A Seleção Brasileira venceu a Tunísia e à Croácia, avançou à semi-final, na qual passo pelo México, e disputou a vaga contra a Alemanha, cuja forte equipe viria a ser campeã mundial dali a alguns anos, na edição de 2023. Passou perto a vaga...

Para a edição de 2024, formato repetido, tendo desta vez o Brasil jogado em Riga, na Letônia, novamente contra cinco seleções, tendo só uma o direito de classificação. Os adversários no torneio foram a anfitriã Letônia, Geórgia, Montenegro, Camarões e Filipinas. A Seleção Brasileira venceu primeiro a Montenegro (antiga parte, a menor dentre as separadas, do que havia sido décadas antes a Iugoslávia). Depois acabou derrotado por Camarões, na primeira vez em sua história que foi derrotado no basquete por uma seleção da África.

Mas se recuperou. Houve um tríplice empate, e pelos critérios o Brasil ainda avançou em 1º lugar para enfrentar na semi-final às Filipinas. Passou e na final enfrentou à anfitriã Letônia com ginásio lotado. Ajudava o fato dos letões estarem sem contar com seu principal jogador, o pivô Kristaps Porzingis, campeão com o Boston Celtics da temporada 2023/24 da NBA.


A gloriosa vitória sobre a Letônia

A Seleção Brasileira havia perdido o armador Raulzinho por lesão logo no primeiro jogo do Torneio Pré-Olímpico, contra Montenegro, a ainda tinha outro armador, Yago, em condições físicas não ideais, por estar recém regressando de lesão muscular, que o fez ficar de fora dos amistosos preparatórios na véspera da competição, sendo confirmado na lista final só dias antes do início do torneio.

A equipe da Letônia era muito forte, e havia sido a responsável pela eliminação do Brasil um ano antes, na disputa do Campeonato Mundial de 2023. Além de que atuava em casa, diante de um ginásio lotado. Mas a Seleção Brasileira não se intimidou. No primeiro quarto teve uma atuação quase perfeita, cercando os adversários com uma eficiente marcação, e dominando o garrafão nos rebotes. No sistema ofensivo, teve um aproveitamento de 100% nas bolas de longa distância: 8 de 8 nos arremessos para três pontos, principalmente com a precisão de Georginho de Paula e de Leo Meindl. Para fechar, no estouro do cronômetro, um surreal arremesso de Bruno Caboclo atravessou a quadra quase inteira, acertando arremate de antes do meio da quadra para fechar a parcial com uma excelente vantagem verde e amarela de 34 x 11 no placar. O Brasil terminou o 1º quarto com uma corrida de 19-0 nos 4 minutos e 10 segundos finais, fazendo o placar saltar de 15-11 para 34-11. Perfeito! 23 pontos de vantagem! O caminho rumo a Paris estava bem sedimentado.

No segundo quarto, o time letão ensaiou uma pequena reação, aumento a pressão ofensiva sobre a defesa brasileira, mas o time comandado pelo croata Alexandar Petrovic manteve um eficiente sistema defensivo que impediu que a vantagem caísse muito. As entradas de Vitor Benite, Gui Santos e Cristiano Felício renovaram o gás da equipe e mantiveram o ritmo, mostrando a força do banco de reservas da equipe. A vantagem acabou reduzida para 16 pontos ao fim do primeiro tempo: 49 a 33 para o Brasil!

No terceiro quarto, o Brasil voltou a fechar o cerco da defesa, com Leo Meindl chegando ao sexto rebote defensivo. Mas foi novamente a força ofensiva neste quarto, sobretudo com os arremessos de Meindl da linha dos três, que fizeram a vantagem voltar a crescer, ampliando-se para impressionantes 26 pontos, com o placar apontando 72 x 46. Faltavam 10 minutos para a classificação!

Diante do seu torcedor, a Letônia foi para o tudo ou nada no último quarto da partida. Os brasileiros cederam três turnovers (perda da posse de bola) logo no primeiro minuto de partida. Foi quando emergiu a fundamental experiência do veterano armador Marcelinho Huertas para parou a reação adversária, cadenciando o jogo e convertendo uma bola importante de três pontos para fazer o time brasileiro voltar a pontuar. Daí em diante, a Seleção Brasileira soube administrar a sua vantagem. A Letônia arriscou muitas bolas de três pontos, mas não teve um bom aproveitamento. Já em desespero, o time da Letônia começou a fazer faltas, para diminuir a velocidade de evolução do relógio e tentar forçar erros brasileiros, mas não funcionou, tendo dado lances livres de graça ao time brasileiro que só ajudaram à sustentação da vantagem.

No fim, vitória brasileira por 94 x 69, com 25 pontos de vantagem. Vitória impactante e convincente! Bruno Caboclo foi o cestinha do lado brasileiro com 21 pontos, tendo Léo Meindl feito 20 e Georginho anotado 14 pontos. O time terminou a partida com 54% de aproveitamento de três pontos, com 13 certas em 24 tentativas. O basquete do Brasil retornava aos Jogos Olímpicos depois de haver disputado pela última vez a uma edição na Rio 2016. Regressava com uma vitória ainda mais contundente e de peso histórico maior do que a sobre a República Dominicana em 2011, em Mar Del Plata, que colocou o Brasil de volta numa edição olímpica do basquete masculino após 16 anos de ausência. Vitória histórica!















Ficha do Jogo
07/07/2024 - 94 x 69 LETÔNIA – Riga, Letônia
Parciais: 34 x 11 / 15 x 22 (49 x 33) / 23 x 13 (72 x 46) / 22 x 23 (94 x 69)
Brasil: Marcelinho Huertas (12), Gui Santos (12), Léo Meindl (20), Lucas Dias (3) e Bruno Caboclo (21). Téc: Aleksandar Petrovic. Banco: Yago Mateus (3), Georginho De Paula (14), Vítor Benite (9), Didi Louzada (0), João Marcello “Mãozinha” (0) e Cristiano Felício (0).
Letônia: Rihards Lomazs (15), Kristers Zoriks (6), Mareks Mejeris (2), Davis Bertans (3) e Rolands Smits (14). Téc: Luca Banchi. Banco: Arturs Zagars (14), Dairis Bertans (0), Rodions Kurucs (0), Janis Timma (3), Arturs Strautins (8) e Klavs Cavars (4).