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domingo, 20 de agosto de 2017

Bauru 2014-15: o Dono do Continente

A história do basquete bauruense se iniciou com a montagem, nos Anos 1990, da equipe Tilibra/Bauru. A empresa de materiais escolares Tilibra, cuja sede está em Bauru, financiou a montagem da primeira equipe profissional de basquete masculino da cidade. O time foi Campeão Paulista da Série A2 em 1996, superando ao Jacareí na final, e chegando à elite do basquete do Estado de São Paulo. Fez sua estréia na Primeira Divisão do Campeonato Paulista em 1997, e dois anos depois já chegou ao topo, sagrando-se Campeão Paulista em 1999.

No mesmo ano de seu primeiro título paulista, o time fez sua estréia na Primeira Divisão da Liga Nacional. Foram 5 temporadas na elite nacional: em 1999 terminando em 6º lugar, em 2000 acabando em 9º lugar e em 2001 voltando a terminar em 6º lugar.

Veio então a temporada 2002 e o projeto atingiu seu ápice. O time do Tilibra/Bauru tinha Leandrinho Barbosa, Jeffty Connelly, Vanderlei Mazzuchini, Brasília e Josuel. O técnico era Jorge Guerra, o "Guerrinha", e no banco despontavam outros dois jovens: Marquinhos Souza e Murilo Becker. O Bauru terminou a 1ª fase em 1º lugar. Depois fez 3 x 1 sobre o Universo/Minas nas quartas, bateu o COC/Ribeirão Preto por 3 x 2 na semi-final, e foi à final contra o Uniara/Araraquara, que bateu o Vasco da Gama na outra semi-final. Na final, vitórias por 87 x 72, 84 x 66 e 77 x 69. Bauru era Campeão Brasileiro.

Depois do título o projeto sobreviveu por apenas uma temporada, terminando a Liga Nacional 2003 em 10º lugar. A Tilibra decidiu então cortar o patrocínio, e o projeto sucumbiu.

Levou cinco anos para ser reativado. E com patrocinador novo. Foi formado o Itabom/Bauru. O técnico chamado para comandar o projeto foi o mesmo que dirigiu o primeiro projeto da cidade, que era financiado pela Tilibra: o ex-jogador Guerrinha. A Itabom era uma indústria alimentícia produtora de frangos congelados. O time voltou à elite do basquete nacional no NBB 1, em 2009, e terminou em 7º lugar. Nas edições seguintes: 8º lugar em 2010 (NBB 2), 5º lugar em 2011 (NBB 3) e 6º lugar em 2012 (NBB 4). Veio então uma grave crise financeira, o fim do patrocínio do Itabom, e a equipe esteve muito perto de ser encerrada.

O projeto foi salvo por Rodrigo Paschoalotto, presidente da Paschoalotto Serviços Financeiros. O empresário assumiu como patrocinador principal da equipe em 2012 e foi responsável pela profissionalização do basquete em Bauru e por um novo aporte e expressivo em investimentos financeiros. O Paschoalotto/Bauru foi 3º lugar em 2013 (NBB 5) e 7º lugar em 2014 (NBB 6). Desde que o basquete da cidade começou, o time de Bauru só havia chegado à semi-final quando foi campeão, em 2012. NO primeiro ano com o patrocínio do Paschoalotto, chegou. O único título era o Paulista de 99. Pois o Bauru foi Bi-Campeão Paulista 2013-14.

Para a temporada 2014-15 investiu-se pesado. O principal objetivo era acabar com a dominância Flamengo-Brasília, cada um com quatro títulos nas oito edições anteriores disputadas até ali. Queria-se voltar a levar o título nacional de basquete para o Estado de São Paulo. E se investiu pesado para isto.

Ao final da temporada 2013-14, o time bauruense era formado por Ricardo Fischer, Larry Taylor, Fabián Ramirez Barrios, Murilo Becker e Lucas Tischer, com o experiente Fernando Fischer como sexto jogador. Fez-se uma reformulação, não havendo a renovação dos contratos de Fernando Fischer e Lucas Tischer. E foram feitas três contratações de grande impacto: Alex Garcia, o experiente ala-armador, estrela do UniCeub/Brasília, o norte-americano Robert Day, um exímio arremessador de três pontos, que era o principal nome do Unitri/Uberlândia, e para fechar com chave de ouro, a principal promessa brasileira atuando na Europa, o pivô Rafael Hettsheimeir. Por si só, já era um baita time. Então o ala Ramirez Barrios, com problemas de saúde na família, na Argentina, pediu para ter seu vínculo rescindido. Desenhou-se mais uma oportunidade, já que o projeto de São José dos Campos passava por grave crise financeira, o Bauru aproveitou para fazer mais uma contratação de impacto: o ala-pivô Jéfferson William, que fez parte do Quinteto Ideal do NBB anterior. Estava formado um timaço!


BAURU 2014-2015

O responsável pelo Basquete de Bauru: Guerrinha, o Jorge Guerra
Carreira como técnico: 1996-97 Ribeirão Preto (SP), 1998-03 Bauru (SP); 2003-04 Automóvel Clube de Campos (RJ); 2006-07 Rio Claro (SP) e 2007-15 Bauru (SP)

Alex - Jéfferson - Guerrinha - Hettsheimeir - Robert Day


A Temporada 2014-15


Alex Garcia conseguiu uma grande proeza individual na temporada, foi escolhido o MVP da Liga Sul-Americana 2014, o MVP da Liga das Américas 2015 o MVP da Liga Nacional 2014-15. Todos os prêmios individuais foram dele.


Campeonato Paulista 2014

O Bauru sofreu com desfalques no Paulista 2014. Na 1ª fase teve o desfalque dos jogadores que estavam no Mundial com a Seleção Brasileira: Larry Taylor, Alex Garcia e Rafael Hettsheimeir. Na Fase Final, perdeu Murilo Becker, que precisou passar por uma cirurgia no joelho esquerdo.

Na 1ª fase, o Grupo A teve 1º lugar: Limeira (7-3); 2º lugar: Bauru (6-4); 3º lugar: Mogi (6-4); 4º lugar: Franca (6-4); 5º lugar: Palmeiras (3-7); e 6º lugar: Lins (2-8). O Grupo B ficou com: 1º - Pinheiros; 2º - Paulistano; 3º - Rio Claro; 4º - São José; 5º - Liga Sorocabana; e 6º - Internacional de Santos.

A Campanha do Bauru no Turno: 69 x 74 Palmeiras / 93 x 89 Mogi / 98 x 90 Limeira / 80 x 76 Lins / 85 x 77 Franca. E no Returno: 75 x 76 Palmeiras / 76 x 72 Mogi / 99 x 108 Limeira / 79 x 84 Lins / 88 x 67 Franca. Nas Quartas de final: Bauru 3 x 0 Rio Claro (95 x 86 / 108 x 90 / 95 x 80). Na Semi-final: Bauru 3 x 2 Franca (95 x 72 / 80 x 82 / 77 x 80 / 102 x 73 / 75 x 69). E na Final: Bauru 3 x 1 Winner/Limeira (78 x 84 / 78 x 74 / 92 x 56 / 80 x 62).

Bauru e Limeira fizeram a Final do Paulista 2014

Ficha do Jogo Decisivo, no Ginásio Panela de Pressão, em Bauru.
BAURU 80 x 72 LIMEIRA
Bauru: Ricardo Fischer (12), Larry Taylor (12), Alex Garcia (17), Jéfferson William (18) e Rafael Hettsheimeir (12). Téc: Guerrinha. Banco: Gui Deogato (5), Robert Day (2) e Thiago Matias (2).
Limeira: Nezinho (10), Ronald Ramon (4), David Jackson (12), Chris Hayes (11) e Rafael Mineiro (10). Téc: Dedé Barbosa. Banco: Derik Ramos (8), Matheus Dalla (3), Guilherme Teichmann (0) e Bruno Fiorotto (4).

Alex Garcia contra Limeira na Final do Paulista


Liga Sul-Americana 2014

Na 1ª fase, jogando em Bauru, pelo Grupo D, o time venceu por 88 x 63 ao Guerreros de Bogotá, da Colômbia, por 94 x 80 ao Defensor Sporting, do Uruguai, e por 88 x 78 ao UniCeub/Brasília. Na 2ª fase, no Grupo F, jogado em Mogi das Cruzes, venceu por 95 x 87 ao UniCeub/Brasília, por 110 x 83 ao CKT de Ambato, do Equador, e por 91 x 78 ao Mogi. Jogou o Final Four em Bauru, não tendo feito, portanto, nenhum jogo fora do Estado de São Paulo, em toda a campanha da LSB 2014. Venceu por 103 x 57 ao Malvin, Uruguai, na semi-final, e por 79 x 53 Mogi na final. Pela primeira vez em sua história, o Bauru era Campeão Sul-Americano.

Final contra Mogi das Cruzes

Final, no Ginásio Panela de Pressão, em Bauru.
BAURU 79 x 53 MOGI
Bauru: Ricardo Fischer (7), Alex Garcia (12), Robert Day (13), Jéfferson William (11) e Rafael Hettsheimeir (18). Téc: Guerrinha. Banco: Larry Taylor (8), Gui Deogato (4), Thiago Matias (0) e Murilo Becker (6).
Mogi: Elinho Corazza (2), Shamell Stallworth (7), Guilherme Filipin (0), Tyrone Curnell (11) e Gérson Santo (8). Téc: Paco Garcia. Banco: Gustavinho (3), Gabriel Alves (3), Jimmy Dreher (3), Daniel Castellar (3), Thomas Gehrke (11) e Paulão Prestes (2).

Larry Taylor na final da Liga Sul-Americana

Campeão Sul-Americano


Liga das Américas 2015

Tendo sido Campeão da Liga Sul-Americana, o Bauru conquistou a última vaga para a Liga das Américas 2015. Na 1ª fase, no Grupo D, jogado em Tunja, na Colômbia, venceu por 82 x 71 ao Capitanes de Arecibo, de Porto Rico, depois bateu por 92 x 68 ao Trotamundos de Carabobo, da Venezuela, e por 110 x 61 ao Patriotas de Boyacá, da Colômbia. Avançou sem sustos à 2ª fase, para jogar o Grupo E em Cancún, no México. Vitória importante logo no primeiro jogo: 90 x 70 sobre o Regatas de Corrientes, da Argentina. Depois venceu por 95 x 67 ao São José, e por 92 x 79 ao Pioneros de Quintana Roo, do México. Avançou junto aos mexicanos para jogar o Final Four, disputado no Ginásio do Maracanãzinho. Seria o esperado primeiro encontro frente ao Flamengo, time que ganhou tudo que disputou na temporada anterior (Liga Nacional, Liga das Américas e Copa Intercontinental), e adversário para o qual aquele time foi montado para superar.

Na conquista da Liga das Américas, o Bauru mais uma vez precisou mostrar a força de seu elenco, pois para o Quadrangular Final, no Rio de Janeiro, não pode contar com Jéfferson William, o ala-pivô que vinha sendo uma das principais peças do time na temporada.

O Bauru venceu a semi-final contra o Peñarol de Mar Del Plata, da Argentina, por 80 x 61. Mas o esperado duelo não aconteceu, pois na outra semi-final o Flamengo foi derrubado pelos mexicanos. Na final, o Bauru venceu por 86 x 72 ao Pioneros de Quintana Roo, do México.

Murilo sobe para pontuar no Maracanãzinho

Pela primeira vez na história uma equipe era Campeã da Liga Sul-Americana e da Liga das Américas na mesma temporada. Bauru fazia história! Bauru era o Dono do Continente.

Final, no Ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.
BAURU 86 x 72 PIONEROS DE QUINTANA ROO
Bauru: Ricardo Fischer (8), Alex Garcia (16), Robert Day (3), Murilo Becker (17) e Rafael Hettsheimeir (30). Téc: Guerrinha. Banco: Larry Taylor (5), Gui Deogato (3) e Thiago Matias (4).
Pioneros: Denis Clemente (13), Shane Southwell (0), Stephen Soriano (3), Héctor Hernández (12) e Justin Keenan (23). Téc: Manuel Cintrón. Banco: Wilfredo Pagan (2), Brody Manjarres (4), Romel Beck (9) e Jesus Lopez (6).

Larry Taylor frente ao Pioneros


Liga Nacional 2014-15 (NBB 7)

Campeão de tudo que havia disputado, faltava só sacramentar com o título nacional. Na 1ª fase o time de Bauru fez uma campanha avassaladora. Sua campanha no turno: 83 x 86 UniCeub/Brasília (c), 99 x 81 Basquete Cearense (c), 81 x 74 Paulistano (c), 97 x 80 Liga Sorocabana (c), 71 x 77 Winner/Limeira (f), 82 x 65 Rio Claro (f), 84 x 79 Minas (f), 88 x 76 Uberlândia (f), 116 x 55 Pinheiros (c), 85 x 77 Palmeiras (c), 79 x 73 Franca (f), 99 x 80 Mogi (f), 90 x 71 São José (f), 84 x 77 Flamengo (f) e 93 x 85 Macaé (f).

Gui Deodato - Ricardo Fischer - Murilo - Larry Taylor

No returno, passou por todo mundo: 85 x 74 UniCeub/Brasília (f), 109 x 67 Basquete Cearense (f), 90 x 89 Paulistano (f), 85 x 69 Macaé (c), 92 x 84 Flamengo (c), 90 x 89 Winner/Limeira (c), 106 x 74 Rio Claro (c), 87 x 64 Uberlândia (c), 89 x 71 Minas (c), 110 x 71 Liga Sorocabana (f), 77 x 65 Palmeiras (f), 82 x 70 Franca (c), 89 x 69 Pinheiros (f), 97 x 75 Mogi (c) e 104 x 96 São José (c). No turno, foram 15 jogos e 13 vitórias e no returno só vitórias nos 15 jogos que fez. Uma sequência de 25 vitórias consecutivas. Nas quartas de final, o adversário nos play-offs era Franca. O Bauru atropelou no 1º jogo em casa: 82 x 55. Mas perdeu o 2º, também em casa (71 x 74). No 3º jogo, em Franca, venceu por 75 x 67. Mas voltou a ser derrotado no 4º jogo: 67 x 78. O 5º e decisivo jogo, em Bauru, foi vencido por 78 x 72. Bauru fechou a série em 3 x 2, mas teve mais dificuldade do que o esperado.

Mas continuava fazendo história: fez uma sequência de 26-0 em partidas do NBB, algo até então nunca conseguido por ninguém. Além destas 26 partidas invicto na Liga Nacional, conseguiu uma sequência de 34 jogos invicto, somando as partidas da Liga das Américas neste período.

Na semi final enfrentou o Mogi, a quem havia batido sem dificuldades na final da Liga das Américas. O time bauruense voltou a ter mais dificuldade do que o esperado. Além do desfalque de Jéfferson William, que seguramente fazia muita falta, diminuindo o poderio ofensivo da equipe, o time mostrava cansaço pela extasiante temporada. A série foi vencida por 3 x 2: 73 x 81 (c), 84 x 81 (c), 78 x 85 (f), 98 x 91 (f) e 77 x 65 (c).

Alex Garcia - Rafael Hettsheimeir - Larry Taylor

Veio então o esperado duelo contra o Flamengo. O Bauru havia vencido os dois jogos na 1ª fase. A final era em melhor de três jogos. No 1º jogo, no Rio de Janeiro, na Arena Olímpica da Barra da Tijuca (HSBC Arena), o Flamengo foi dominante, vencendo sem dificuldades por 91 x 69. O Bauru tinha duas chances de reverter. Mas dada a baixa capacidade de público no Ginásio Panela de Pressão, os jogos foram na cidade vizinha a Bauru, Marília. E houve nova vitória do Flamengo: 77 x 67. O título nacional escapou.

O time foi montado para conquistar a Liga Nacional, mas não a venceu. Porém, conseguiu alçar vôos muito maiores e conseguir algo jamais conseguido por nenhuma outra equipe, o título da LSA e da LDA numa mesma temporada. Foi o Dono do Continente na Temporada 2014-2015. 

Final
BAURU 0 x 2 FLAMENGO (69 x 91 no Rio / 67 x 77 em Marília)
Bauru: Ricardo Fischer (34), Alex Garcia (23), Robert Day (24), Rafael Hettsheimeir (24) e Murilo Becker (11). Téc: Guerrinha: Banco: Larry Taylor (13), Gui Deodato (6) e Thiago Mathias (1)
Flamengo: Nicolás Laprovittola (34), Vítor Benite (31), Marquinhos (21), Alexandre Olivinha (32) e Jerome Meyinsse (16). Téc: José Neto. Banco: Gegê (2), Marcelinho Machado (19), Wálter Herrmann (8) e Cristiano Felício (5).

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