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sábado, 27 de julho de 2024

Após 60 anos, Brasil chega de novo à Final na Universíade: Medalha de Prata


Desde a Universíade de 1963, disputada em Porto Alegre, que a Seleção Brasileira de Basquete Masculino não chegava à final nos Jogos Universitários. Daquela vez, quando foi a III Universíade, a única na qual o evento foi realizado no Brasil, o esporte brasileiro conquistou 2 medalhas de ouro e 9 de bronze, e o basquete deu sua contribuição.

Aquela medalha representou a única vez nas 10 primeiras edições na qual o título não foi ou de Estados Unidos ou de União Soviética. Entre 1959 e 1981, os norte-americanos foram 6 vezes campeões, os soviéticos foram 3 vezes, e os brasileiros 1 vez.

O Brasil ainda conquistou 3 medalhas de bronze: 1967 em Tóquio, no Japão, 1973 em Moscou, na União Soviética, e em 1997 na Sicília, na Itália. Levou 60 anos para que o basquete brasileiro voltasse à final do basquete masculino.


O OURO EM 1963

A disputa do basquete na Universíade 1963 foi realizada no Ginásio Universíade, hoje chamado Ginásio da Brigada Militar. O torneio foi disputado por: Argentina, Brasil, Cuba, França, Peru e Uruguai, sem as presenças de Estados Unidos e União Soviética, e com apenas um participante de fora das Américas, os franceses.


O basquete brasileiro tinha sido Bi-campeão Mundial, em Santiago no Chile em 1959 e no Rio de Janeiro em 1963. Entre os adversários presentes, as maiores ameaças eram vistas como sendo Uruguai e Cuba. O torneio foi um sucesso de público em Porto Alegre. O Brasil venceu todas as suas partidas e Cuba também. E eram justamente as duas únicas seleções invictas que tinham seu confronto direto marcado para a última rodada. Valendo o título, o Brasil teve uma grande atuação, com destaque para Jatyr Schall e Victor Mirshawka, ambos com 37 pontos cada um, e no final venceu: Brasil 106 x 80 Cuba.




A PRATA EM 2023

A edição da Universíade de 2023 foi disputada na China. O torneio de basquete masculino reuniu 16 seleções: o Grupo A tinha Brasil, Lituânia, Taipei e China, o Grupo B a Argentina, Croácia, Romênia e Mongólia, o Grupo C a Estados Unidos, República Tcheca, Japão e Polônia, e o Grupo D a Finlândia, México, Coréia do Sul e Azerbaijão. As duas primeiras colocadas de cada grupo avançavam à semi-final. O time brasileiro era formado por uma seleção Sub-26.

Na estreia, o Brasil já largou com uma vitória muito importante para suas pretensões de classificação, superando à anfitriã China por 89 x 79 no Ginásio de Sichuan, que estava lotado. Na segunda rodada, uma vitória quase protocolar: Brasil 118 x 60 Taipei (Taiwan), selou o avanço.


Na 3ª rodada, mais um confronto grande no cenário mundial, com a Seleção Brasileira tendo pela frente à Lituânia. O técnico Fernando Pereira, então assistente-técnico de Gustavo De Conti tanto no Flamengo quanto na Seleção Brasileira principal, levou à quadra um quinteto formado por Jonas Buffat, Adyel Borges, Caio Pacheco, João Marcello Mãozinha e Victão Silva. A vitória brasileira, no entanto, foi comandada por um protagonista emergido do banco de reservas: Paulo Zú, jogador do Franca.

A importante vitória da Seleção Brasileira em Chengdu garantiu uma importante 1ª colocação do grupo: Brasil 84 x 78 Lituânia. O 1º tempo foi acirrado, com muitas alternâncias na liderança do placar, e terminando com o time lituano a frente: 39-41. No 3º período, o time brasileiro teve uma atuação perfeita, vencendo a parcial por 21-9, terminando a parcial com uma importante vantagem de 10 pontos.

No último período, a Lituânia chegou a cortar a diferença para três pontos duas vezes, mas o Brasil sustentou bem a vantagem para fechar em 84 a 78. Com a vitória, a equipe se classificou para as quartas de final para enfrentar à Romênia, e evitou cruzar com a Argentina.

Paulo Zú se tornou um dos protagonistas na partida, sendo o jogador que mais esteve em quadra pela Seleção Brasileira nesta partida, estando 26 minutos, anotando 19 pontos e pegando 6 rebotes. Caio Pacheco foi o maior pontuador, com 21 pontos. Participações importantes também de Mãozinha com 18 pontos e Adyel com 12.

Nas quartas, a seleção entrou como ranca favorita diante da Romênia, e não decepcionou, venceu a Romênia por 84 x 66. Após um início difícil, o desempenho individual de Mãozinha foi crucial para que o Brasil revertesse o placar e assumisse a dianteira, construindo uma vitória com folga. Nas demais partidas da fase, a Argentina superou à Lituânia por apertados 78 x 75, a República Tcheca venceu a Finlândia por apertadíssimos 68 x 66, e os Estados Unidos bateram com facilidade à Coréia do Sul por 86 x 68.

Na semifinal, o confronto brasileiro era no Ginásio Fenghuanshan Sports Park contra os Estados Unidos, que estavam sendo representados pela equipe da Universidade de Tulane. A Seleção Brasileira dominou três dos quatro quartos. Num momento tenso, durante o terceiro quarto, os norte-americanos diminuíram a vantagem brasileira de 14 pontos para apenas 2 pontos. Mas a equipe brasileira voltou a conseguiu abrir uma boa vantagem, com a sua defesa melhorando e com uma sequência de bolas de três pontos convertidas. O maior pontuador nesta vitória brasileira foi Adyel, armador do Pinheiros, que converteu 20 pontos. No fim: Brasil 95 x 82 EUA. Vaga na final assegurada, após 60 anos, e medalha garantida. O adversário na final foi a República Tcheca, que na outra semi-final venceu à Argentina por 85 x 68.


Na final, a Seleção Brasileira de basquete masculino acabou perdendo para a República Tcheca por 69 x 67, ficando com uma histórica Medalha de Prata na competição. O Brasil chegou a abrir uma ligeira vantagem no último período, mas sucumbiu nos minutos finais e levou a virada, perdendo a sonhada medalha de ouro por uma diferença de apenas 2 pontos.

Os destaques brasileiros na Final foram Paulo Zú, com 17 pontos, 7 rebotes e 5 assistências, o armador Caio Pacheco, com 14 pontos, 7 rebotes e 4 assistências, e o pivô Victão, com um duplo-duplo de 12 pontos e 10 rebotes. Mas o dono do jogo foi o tcheco Jan Zidek, cestinha da partida com 24 pontos, além de 9 rebotes.

A partida começou equilibrada e a República Tcheca foi ligeiramente melhor no 1º quarto, vencendo por 16-13. O Brasil melhorou no segundo quarto, com excelente parcial de Caio Pacheco tanto na pontuação quanto na distribuição de jogo, e venceu o Q2 por 21-18, levando o duelo empatado para os vestiários em 34 x 34.


No segundo tempo, o terceiro quarto foi bem equilibrado, tendo vitória tcheca por 17-16. O Brasil começou bem o último quarto e chegou a virar e liderar em 61 x 57 quando faltavam cinco minutos para o final. No fim da partida, com 67-69 de desvantagem, o Brasil ainda teve a última bola do jogo, num arremesso de três que poderia ser do título e da medalha de ouro que acabou ficando no aro. Vitória da República Tcheca por 69 x 67.


EXCELENTE MOMENTO DOS JOVENS BRASILEIROS

Considerando que a Medalha de Ouro de 1963 foi conquistada dentro do Brasil e numa competição que não contou com as equipes mais fortes naquele momento no basquete internacional, o resultado brasileiro na Universíade de 2023 pode ser considerado o melhor do Brasil na história da competição.

Um resultado que se soma a outros nos anos anteriores. O Brasil foi Campeão Sul-Americano Sub-21 em 2018 sobre a Argentina, com Caio Pacheco e Victão da Silva, também medalhista de prata nesta Universíade 2023, e que no sub-21 de 2018 tinham a companhia na equipe de Yago Mateus, Didi Louzada e Dikembe da Silva. Depois, foi Bi-Campeão Sul-Americano Sub-21 em 2019 em cima da Argentina, numa esquipe com Caio Pacheco e João Marcello "Mãozinha". Em 2022, foi Medalha de Prata na Copa América Sub-18, contando com jogadores como Reynan dos Santos e Samis Calderón. E no mesmo ano foi Campeão do Globl Jam Sub-23, jogando no Canadá, e superando, além do anfitrião, também a Estados Unidos e Itália, com destaque para as atuações de Yago Mateus e de vários jogadores do time que fez a campanha histórica na Universíade, como Caio Pacheco, Jonas Buffat e João Marcello Mãozinha, ao lado de Reynan dos Santos, Márcio Santos e Dikembe da Silva. Uma fantástica geração de jovens talentos.

Uma geração que é fruto dos resultados semeados nos anos anteriores pela Liga dos Clubes batizada como Novo Basquete Brasil - NBB, e em especial pelo trabalho feito por esta através da Liga de Desenvolvimento do Basquete Brasileiro - LDB.







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